Estudo relaciona a obesidade infantil à contaminação química por ftalatos
Ilustração do artigo “Interferentes endócrinos no ambiente“, de Gislaine Ghiselli e Wilson F. Jardim
[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] Pesquisadores do Mount Sinai Center for Children’s Environmental Health and Disease Prevention Research avaliaram 520 crianças, com idade entre 6 e 9 anos, 334 delas residentes em East Harlem, visando determinar fatores que podem induzir à obesidade infantil, tais como a dieta, a atividade física, variáveis ambientais e outros fatores de risco.
A pesquisa em East Harlem justifica-se pelo fato de que 40% das crianças da região sofrem de obesidade e diversos pesquisadores tentam identificar os fatores de risco, tendo em vista que a média de ocorrência da obesidade é muito maior do que a média nos EUA.
O estudo foi desenvolvido dentro do estudo “Growing up Healthy in East Harlem” e, dentre os fatores de risco identificados pelos pesquisadores estão os ftalatos. Diversos estudos já haviam relacionados os ftalatos a diversos problemas de saúde, mas esse é o primeiro a relaciona-los com a obesidade.
Os ftalatos fazem parte de diversos produtos plásticos e, uma vez absorvidos pelo corpo, atuam como disruptores endócrinos. Outras pesquisas, em ratos, já haviam demonstrado que os disruptores endócrinos, como os ftalatos e o bisfenol-A, tinham o potencial de aumentar o risco de obesidade.
Em paralelo à pesquisa principal, os pesquisadores também avaliaram 400 meninas, de 9 a 11 anos, na mesma comunidade.
Esta nova pesquisa, que demonstra a relação entre os ftalatos e a obesidade em seres humanos, mediu a concentração da substância química na urina das crianças avaliadas.
Nos dois estudos, o principal e o com as meninas, identificou que a presença de ftalatos na urina era de 3 a 10 vezes maior do que a amostragem nacional, em avaliação dos Centers for Disease Control and Prevention.
O pesquisadores recomendam que as pessoas reduzam a sua exposição aos ftalatos, mas, isto, apenas é possível em tese, tendo em vista ser quase impossível identificar quais produtos o possuem em sua composição. O mesmo problema que ocorre com o bisfenol-A.
Como discutimos em nosso editorial “Um planeta cada vez mais tóxico” estamos, permanentemente, expostos a um ‘oceano’ de contaminantes químicos, sobre os quais nada sabemos. Incontáveis produtos químicos estão presentes em tudo que usamos, das embalagens de alimentos aos produtos de limpeza. Sem falar dos conservantes presentes nos próprios alimentos.
A única alternativa viável para a proteção da saúde humana é que sejam abolidos definitivamente. É necessário, ainda, que a indústria química, sob supervisão das autoridades sanitárias, faça testes de segurança a saúde em seus produtos
A contaminação química é um problema de saúde pública e como tal deve ser tratada.
A sociedade deve cobrar, com firmeza, que as autoridades e a indústria sejam responsáveis, civil e criminalmente, pela segurança de todos os compostos químicos que estão presentes na nossa vida.
Se isto não for rigorosamente observado, estaremos condenados a sobreviver em um planeta cada vez mais tóxico.
[EcoDebate, 27/04/2009, com informações do Mount Sinai Center for Children’s Environmental Health and Disease Prevention Research]
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