Canadá declara oficialmente que o bisfenol-A (BCP) é um risco sanitário
Imagem do TreeHugger.com
[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] Neste sábado, 18/04, o Canadá tornou-se o primeiro país a declarar formalmente o bisfenol-A (BPA) perigoso para a saúde humana, determinando que a indústria de produtos infantis não poderá produzir e comercializar produtos com a substância. Isto vale, imediatamente, para as mamadeiras.
Há pouco mais seis meses o ministro da Saúde do Canadá, Tony Clement, já havia ‘avisado’ a indústria química, anunciando o plano do governo de colocar o bisfenol-A na sua lista de substâncias tóxicas.
A decisão é uma proibição limitada desta substancia química, amplamente utilizada. De acordo com o ministro, os canadenses “não precisam estar preocupados” sobre os efeitos para a saúde do bisfenol-A. “Este não é o caso dos recém-nascidos e lactentes.”
Esperava-se pela proibição total, tendo em vista as declarações anteriores do ministro da Saúde do Canadá, Tony Clement, mas não foi o que aconteceu, tendo em vista que, por agora, a proibição apenas refere-se aos produtos infantis.
Rick Smith, diretor-executivo da ONG Environmental Defence e coautor do livro “How the Toxic Chemistry of Everyday Life Affects Our Health” disse que a decisão é um “bom começo”.
Mas ele disse que novas provas cientificas se acumulam, apontando o efeitos prejudiciais do bisfenol-A para a saúde, mesmo em adultos.
As últimas pesquisas, incluindo o primeiro grande estudo em seres humanos sobre os efeitos do BPA, publicado pelo Journal of the American Medical Association, encontraram uma “relação significativa” entre a exposição aos onipresentes xenoestrógenos químicos e as doenças cardíacas, diabetes e problemas hepáticos.
Nos EUA, por outro lados, a FDA, Food and Drug Administration, está sob sevaras críticas ao ter declarado, em março/2009, que o BPA era seguro para o armazenamento de alimentos.
Na quinta-feira, o Washington Post publicou um editorial afirmando que a recomendação final da FDA, prevista para o final de abril, deveria ser considerada suspeita em razão de conflito de interesses.
De acordo com o jornal, uma recente doação de US $ 5 milhões foi efetuada pela indústria para a University of Michigan, Risk Science Center. O doador, Charles Gelman, é um conhecido defensor e porta-voz pró BPA
O problema central está no fato do diretor do Risk Science Center, o toxicologista Martin Philbert, ser o chefe do painel consultivo da FDA que prepara a avaliação do risco do bisfenol-A (BPA).
É, como conclui o Washington Post, um sério caso de conflito de interesses, que pode comprometer a avaliação que, supostamente, deveria ser cientificamente isenta.
Nota do EcoDebate: para maiores informações transcrevemos, abaixo, as informações da Vigilância Sanitária, Ministério da Saúde, sobre os riscos sanitários.
O que são riscos sanitários?
Riscos sanitários são os perigos que podem ameaçar nossa saúde no dia-a-dia, quando consumimos um produto ou quando utilizamos um determinado serviço. Os riscos à saúde são classificados em cinco tipos – ambientais, ocupacionais, iatrogênicos, institucionais e sociais. Essa classificação, no entanto, não é rígida. Muitas um risco ambiental, como a falta de saneamento básico (água e esgoto) está relacionado à questões sociais.
Tipos de riscos à saúde
Riscos ambientais: relacionados à qualidade da água que consumimos, ao lixo (doméstico, industrial ou hospitalar), à poluição do ar, do solo e da água dos mananciais, à presença de insetos e outros animais transmissores de doenças, etc.
Riscos ocupacionais: relacionados ao ambiente de trabalho.
Riscos iatrogênicos: relacionados a tratamento médico ou uso de serviços de saúde.
Riscos institucionais: relacionados às condições físicas, higiênicas e sanitárias de estabelecimentos públicos (creches, clubes, hotéis, salão de beleza, saunas, etc.)
Riscos sociais: relacionados às condições familiares, financeiras e afetivas das pessoas e à inserção social dos indivíduos.
Exemplos de riscos sanitários:
* Instrumentos infectados num salão de beleza ou num consultório dentário.
* Produtos de limpeza ineficazes que não matam bactérias.
* Produtos de beleza que causam alergias.
* Aparelhos de Raio-x desregulados que emitam mais radiação do que podemos suportar.
* Alimentos fora do prazo de validade ou que não tenham os componentes indicados nos rótulos.
* Vazamentos de produtos tóxicos nos rios.
* Ambiente de trabalho com alto nível de fumaça.
[EcoDebate, 20/04/2009]
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