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Fragmentação florestal está mudando a forma das árvores amazônicas

 

Fragmentação florestal está mudando a forma das árvores amazônicas

Efeitos de borda mudam o padrão de crescimento das árvores amazônicas

Usando o escaneamento a laser, pesquisadores da Universidade de Helsinque mapearam como a fragmentação das florestas afeta a forma de árvores nas florestas tropicais do Brasil. Os resultados são surpreendentes, pois lançam luz sobre o impacto da atividade humana no meio ambiente tropical e, consequentemente, sobre as mudanças climáticas de uma nova maneira.

University of Helsinki*

Devido ao corte raso, a área de florestas tropicais intactas está diminuindo. Nas bordas das áreas desmatadas as temperaturas sobem e há mais luz. As árvores são capazes de se adaptar às mudanças nas suas condições de vida e no ambiente, mas como é que as mudanças ambientais afectam a forma das árvores na floresta tropical? Não houve uma compreensão geral disso até agora.

Nuvem de pontos de árvores crescendo nas profundezas da floresta (acima) e em florestas fragmentadas na Amazônia Central

Nuvem de pontos de árvores crescendo nas profundezas da floresta (acima) e em florestas fragmentadas na Amazônia Central, obtida usando varredura a laser terrestre (TLS) de alta resolução. A área verde representa a quantidade de biomassa. Imagem: Jani Närhi.

 

O Professor Associado Eduardo Maeda da Universidade de Helsinque coordenou um projeto internacional investigando formas de árvores nas bordas da floresta tropical. Matheus Nunes, que trabalhou anteriormente na Universidade de Helsinque e agora atua na Universidade de Maryland, liderou um estudo onde os dados foram coletados por meio de varredura a laser terrestre para modelar árvores amazônicas.

Os efeitos de borda alteram o padrão de crescimento das árvores

As descobertas foram publicadas recentemente na prestigiada revista Nature Communications . O estudo demonstrou claramente que as árvores que crescem nas bordas da floresta têm um formato diferente daquelas que crescem nas profundezas da floresta.

“Os efeitos de borda são evidenciados na espessura dos troncos das árvores e na simetria das copas. Ao ajustar essas características, as árvores podem se adaptar para receber o máximo de luz possível e aumentar suas chances de sobrevivência. Apesar do aumento da produção de madeira, a quantidade de biomassa que retém o dióxido de carbono nesta floresta com 40 anos é reduzida em até vinte por cento”, afirma Eduardo Maeda.

Já se sabia que há menos biomassa em florestas fragmentadas, pois as árvores altas têm maior probabilidade de cair nas bordas.

Executando novamente cálculos de sumidouros de carbono

As florestas tropicais continuam a cobrir grandes áreas e constituem um sumidouro de carbono significativo para a Terra como um todo. As mudanças agora observadas em árvores individuais referem-se a grandes áreas, tornando as descobertas globalmente relevantes.

“O efeito da actividade humana nas alterações climáticas terá de ser reavaliado. Este estudo fornece novas informações sobre a adaptação da floresta tropical às alterações ambientais, bem como ferramentas para investigadores e decisores que estão a considerar formas de mitigar as alterações climáticas”, observa Maeda.

Os pesquisadores usaram sensoriamento remoto para coletar dados na Amazônia Central, Brasil, criando uma representação de árvore 3D para modelagem. Várias propriedades das árvores, como a capacidade de usar água e luz, bem como o tamanho do tronco, foram utilizadas no cálculo.

Referência:

Nunes, M.H., Vaz, M.C., Camargo, J.L.C. et al. Edge effects on tree architecture exacerbate biomass loss of fragmented Amazonian forests. Nat Commun 14, 8129 (2023). https://doi.org/10.1038/s41467-023-44004-5

 

Henrique Cortez *, tradução e edição.

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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