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Países ricos recebem quase todo o financiamento climático existente, diz estudo

 

Países ricos recebem quase todo o financiamento climático existente, diz estudo

Uma nova pesquisa mostra como quase todo o investimento climático está concentrado nos países ricos ou grandes economias emergentes

A COP28 começa em alguns dias, e a divisão política entre o Sul e o Norte globais, agravada agora pela guerra israelense na Faixa de Gaza, será parte da história deste evento. A cisão tem paralisado as negociações climáticas e se deve primeiramente à distribuição desigual dos recursos financeiros internacionais para o clima entre países pobres e ricos.

ClimaInfo

Uma nova pesquisa divulgada pela University College of London (UCL) mostra como quase todo o investimento climático está concentrado nos países ricos ou grandes economias emergentes da Europa Ocidental, América do Norte, Ásia Oriental e Pacífico, com apenas 5% chegando às nações africanas.

Como o sistema econômico atual está baseado em energia suja, qualquer melhoria nos padrões de vida dos países pobres significa aumento nas emissões globais. Este fato deveria ser suficiente para priorizar recursos financeiros que permitam às economias em desenvolvimento evitar o modelo poluente de desenvolvimento dos países ricos, investindo em energia renovável.

Esta é a avaliação dos autores do estudo, que pode ser lida em detalhes neste artigo conjunto, no qual se colocam à disposição para entrevistas. Eles explicam no artigo as razões multifatoriais para a falta de financiamento climático nos países pobres: prêmios de risco-país elevados; baixa qualidade regulatória e a baixa confiança nos negócios; baixo nível de acesso à eletricidade entre a população e infraestrutura inadequada, e a própria vulnerabilidade climática, que ameaça os investimentos de baixo carbono.

Se essas barreiras não forem superadas e o dinheiro não for canalizado para os países em desenvolvimento, a diplomacia climática continuará empacada, inviabilizando as chances de manter o aquecimento global abaixo de pelo menos 2C. Os pesquisadores recomendam principalmente que os bancos multilaterais de desenvolvimento expandam suas capacidades de financiamento e facilitem empréstimos nos países em desenvolvimento, onde as condições macroeconômicas exacerbam o risco soberano e aumentam o custo do capital.

“As evidências atuais mostram como o acesso desigual ao capital e as desigualdades distributivas são inerentes aos fluxos internacionais de financiamento climático. Elas confirmam a disparidade que os países mais pobres destacaram na obtenção do financiamento necessário, com as economias menos desenvolvidas recebendo uma parcela muito pequena desses fluxos”, dizem os pesquisadores da UCL Nadia Ameli, Sumit Kothari, Jamie Rickman, no texto conjunto.

“O efeito dessas desigualdades no acesso ao capital se reflete nos custos mais altos dos investimentos em baixo carbono, impedindo o progresso do desenvolvimento sustentável nos países em desenvolvimento”, concluem os autores.

Uma estratégia eficaz nesse sentido envolve uma redistribuição substancial dos direitos especiais de saque (SDRs) do FMI. Esses SDRs funcionam como ativos de reserva internacional e apresentam uma solução potente para mitigar os riscos cambiais, conforme estabelecido na Agenda de Bridgetown. Ao suplementar as reservas oficiais dos países membros e empregar uma moeda internacional distinta, os SDRs podem efetivamente fornecer o suporte de liquidez necessário para investimentos de baixo carbono e, ao mesmo tempo, lidar com as volatilidades da moeda.

Outras formas de aumentar o financiamento nos países pobres, segundo os autores, incluem a troca de dívidas (ou de reestruturação das dívidas) por ações climáticas; e o direcionamento do investimento público para as energias renováveis de forma a sinalizar confiança aos mercados financeiros de que o investimento privado deve seguir a mesma trilha e ser mobilizado em escala.

global climate finance flows in 2021 2022 01

Fonte: ClimaInfo Finanças.

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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