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Como o aquecimento global afetará o clima local em todo o mundo

 

Como o aquecimento global afetará o clima local em todo o mundo

Projeções climáticas detalham os riscos futuros para muitas pessoas em todo o mundo

O clima do nosso planeta está mudando rapidamente devido às emissões de gases de efeito estufa causadas pelas atividades humanas.

Essas mudanças têm consequências graves para a saúde, a segurança e o bem-estar das pessoas em todo o mundo, especialmente aquelas que vivem em regiões vulneráveis a eventos climáticos extremos, como secas, inundações, ondas de calor e furacões.

Um novo estudo, publicado na revista Earth’s Future, mostra como esses eventos climáticos extremos vão se intensificar e se sobrepor em diferentes partes do mundo, à medida que a temperatura média global aumenta além de dois graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. Esse é o limite estabelecido pelo Acordo de Paris, um tratado internacional que visa limitar o aquecimento global e evitar seus piores impactos.

O estudo foi realizado por pesquisadores do Bay Area Environmental Research Institute (BAERI) e do NASA Ames Research Center, usando um conjunto de dados da NASA que fornece projeções climáticas diárias globais até o ano 2100.

O conjunto de dados, chamado NASA Earth eXchange—Global Daily Downscaled Projections (NEX-GDDP), usa técnicas estatísticas para “reduzir” as projeções dos modelos climáticos globais para uma escala local, permitindo que as comunidades planejem suas ações de adaptação e mitigação com base nas condições esperadas em sua região.

Os pesquisadores analisaram as mudanças projetadas para as principais variáveis climáticas, como temperatura do ar, precipitação, umidade relativa, radiação solar e velocidade do vento, em um cenário de alto aquecimento, no qual as emissões de gases de efeito estufa continuam a aumentar sem controle. Eles compararam as condições climáticas médias entre 1976 e 2005 com as condições projetadas entre 2070 e 2099, assumindo que o aquecimento global atingirá dois graus Celsius em algum momento na década de 2040.

Os resultados mostram que o aquecimento global terá efeitos variados nas diferentes regiões do mundo, mas que nenhuma delas escapará das mudanças climáticas. Algumas das principais descobertas são:

  • As regiões tropicais e subtropicais experimentarão os maiores aumentos na temperatura do ar, especialmente durante a noite. Isso pode ter implicações para a saúde humana, a agricultura e os ecossistemas.
  • As regiões de alta latitude e altitude terão os maiores aumentos na precipitação, especialmente no inverno. Isso pode aumentar o risco de inundações, deslizamentos de terra e erosão do solo.
  • As regiões áridas e semiáridas terão os maiores declínios na precipitação, especialmente no verão. Isso pode agravar a escassez de água, a desertificação e a fome.
  • As regiões costeiras terão os maiores aumentos na umidade relativa, especialmente durante o dia. Isso pode reduzir o conforto térmico humano e aumentar o potencial de doenças transmitidas por mosquitos.
  • As regiões polares terão os maiores declínios na radiação solar, especialmente no inverno. Isso pode afetar a produção de energia solar e o crescimento das plantas.
  • As regiões montanhosas terão os maiores aumentos na velocidade do vento, especialmente no outono. Isso pode afetar a geração de energia eólica e a segurança das estruturas.

O estudo também identificou as áreas onde essas variáveis climáticas vão se combinar de maneiras que podem criar condições extremas ou perigosas para as pessoas e o meio ambiente. Por exemplo:

  • As regiões da África subsaariana, do Oriente Médio e da Ásia Central enfrentarão uma combinação mortal de altas temperaturas, baixa precipitação e baixa umidade relativa, criando um risco elevado de secas severas, incêndios florestais e ondas de calor.
  • As regiões da América Central, do Sudeste Asiático e da Oceania enfrentarão uma combinação de altas temperaturas, alta precipitação e alta umidade relativa, criando um risco elevado de inundações, deslizamentos de terra e doenças tropicais.
  • As regiões da Europa Ocidental, da América do Norte e da Ásia Oriental enfrentarão uma combinação de altas temperaturas, baixa radiação solar e alta velocidade do vento, criando um risco elevado de tempestades, tornados e granizo.

Os impactos crescentes de todos os extremos climáticos estudados podem causar danos significativos às comunidades e economias devido a incêndios, inundações, deslizamentos de terra e quebras de safras.

O estudo destaca a necessidade urgente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa para evitar que o aquecimento global ultrapasse dois graus Celsius, e de aumentar a resiliência das comunidades aos impactos das mudanças climáticas que já são inevitáveis.

Os autores esperam que o conjunto de dados NEX-GDDP seja uma ferramenta útil para os tomadores de decisão, planejadores, educadores e pesquisadores que buscam entender e se preparar para o futuro climático em escala local.

Série temporal da temperatura do ar próximo da superfície em cenários históricos (1950–2014) e futuros (2015–2100)
Série temporal da temperatura do ar próximo da superfície em cenários históricos (1950–2014) e futuros (2015–2100), in What Does Global Land Climate Look Like at 2°C Warming?

 

Referência:

Taejin Park et al, What Does Global Land Climate Look Like at 2°C Warming?, Earth’s Future (2022). DOI: 10.1029/2022EF003330
https://doi.org/10.1029/2022EF003330

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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