‘Dívida de carbono’ dos países ricos é 250 bilhões de toneladas de CO2
‘Dívida de carbono’ dos países ricos é 250 bilhões de toneladas de CO2
Um novo estudo da Universidade de Leeds, no Reino Unido, calculou que os países do Norte Global (os mais ricos e industrializados), em termos de custo social do carbono, devem até 170 trilhões de dólares aos países do Sul Global (os mais pobres e em desenvolvimento) por terem emitido mais do que sua cota justa de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera desde 1990.
O estudo, publicado na revista Nature Climate Change, usou um modelo baseado no conceito de “orçamento de carbono“, que é a quantidade máxima de CO2 que pode ser emitida para limitar o aquecimento global a 1,5°C ou 2°C, conforme acordado no Acordo de Paris.
Os pesquisadores dividiram o orçamento de carbono entre os países com base em critérios como população, renda e responsabilidade histórica pelas emissões. Eles então compararam a cota de cada país com as emissões reais desde 1990 até 2015, e projetaram as emissões futuras até 2030.
Eles descobriram que os países do Norte Global usaram ou reservaram cerca de 16% a mais do orçamento de carbono do que sua cota justa, enquanto os países do Sul Global usaram ou reservaram cerca de 14% a menos. Essa diferença equivale a uma dívida de carbono de 250 bilhões de toneladas de CO2.
Os cinco maiores responsáveis por emissões excessivas – e quanto terão de pagar de compensação até 2050. A tabela também mostra os cinco principais países que produziram baixas emissões e receberão indenizações. Imagem: Universidade de Leeds.
Para quantificar o valor dessa dívida, os pesquisadores usaram o conceito de “custo social do carbono“, que é uma estimativa do dano econômico causado por cada tonelada de CO2 emitida. Eles consideraram três cenários diferentes: um otimista, um intermediário e um pessimista.
No cenário otimista, o custo social do carbono é de 68 dólares por tonelada de CO2, e a dívida de carbono é de 17 trilhões de dólares. No cenário intermediário, o custo é de 271 dólares por tonelada, e a dívida é de 68 trilhões. No cenário pessimista, o custo é de 684 dólares por tonelada, e a dívida é de 170 trilhões.
Os autores do estudo argumentam que esses números mostram a urgência e a importância de aumentar o financiamento climático dos países ricos para os países pobres, para ajudá-los a se adaptar aos impactos das mudanças climáticas e a reduzir suas emissões.
Eles também defendem que os países do Norte Global devem reduzir suas emissões mais rapidamente e mais profundamente do que estão fazendo atualmente, para evitar que a dívida de carbono aumente ainda mais.
O estudo conclui que “a justiça climática global requer não apenas uma transição rápida para uma economia global com zero emissões líquidas, mas também uma redistribuição significativa dos recursos financeiros e tecnológicos entre os países”.
Referência:
Fanning, A.L., Hickel, J. Compensation for atmospheric appropriation. Nat Sustain (2023). https://doi.org/10.1038/s41893-023-01130-8
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394, com informações da Universidade de Leeds
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