Importância dos insetos polinizadores para a segurança alimentar

Importância dos insetos polinizadores para a segurança alimentar

Por que os insetos polinizadores são tão importantes para a produção agrícola e o que podemos fazer para protegê-los?

Por Henrique Cortez

Resumo: Os insetos são fundamentais para a segurança alimentar da humanidade, pois desempenham um papel essencial na polinização de muitas plantas que servem de alimento para as pessoas e os animais. No entanto, esses pequenos seres estão ameaçados de extinção por causa das atividades humanas, como o uso excessivo de agrotóxicos, a expansão da agricultura intensiva e as mudanças climáticas.

Tópicos:
O que são insetos polinizadores?
Por que os insetos polinizadores são importantes para a segurança alimentar?
Quais são as ameaças aos insetos polinizadores?
Como proteger os insetos polinizadores?,
Referências e leituras recomendadas sobre a importância dos insetos polinizadores

O que são insetos polinizadores?

Os insetos polinizadores são aqueles que transportam o pólen entre as partes masculina e feminina das flores, permitindo a fecundação e a formação de frutos e sementes. Existem mais de 20 mil espécies de abelhas, além de moscas, borboletas, mariposas, vespas, besouros e outros insetos que realizam esse serviço ecológico. Alguns insetos polinizam apenas uma espécie de planta, enquanto outros são generalistas e visitam várias espécies diferentes.

Por que os insetos polinizadores são importantes para a segurança alimentar?

A segurança alimentar é definida como a situação em que todas as pessoas têm acesso físico, social e econômico a alimentos suficientes, seguros e nutritivos para atender às suas necessidades e preferências alimentares. Os insetos polinizadores contribuem para a segurança alimentar de duas formas principais: aumentando a quantidade e a qualidade dos alimentos produzidos e mantendo a diversidade genética das plantas cultivadas.

Segundo um estudo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), 75% das safras de alimentos e 90% das plantas dependem de alguma forma da polinização animal. O valor anual das colheitas agrícolas que dependem de polinização chega a US$ 577 bilhões. Sem os insetos polinizadores, culturas como café, cacau, maçã, melão, tomate, amêndoa e muitas outras seriam severamente afetadas em sua produtividade e qualidade. Além disso, os insetos polinizadores garantem a reprodução sexuada das plantas, o que permite a troca de genes entre indivíduos e a geração de novas variedades. Isso aumenta a resistência das plantas a pragas, doenças e mudanças ambientais.

Quais são as ameaças aos insetos polinizadores?

Os insetos polinizadores estão enfrentando uma crise global de extinção. Estima-se que 16% dos polinizadores vertebrados e mais de 40% dos invertebrados estão sob risco de desaparecer nas próximas décadas. As principais causas dessa situação são:

– O uso indiscriminado de agrotóxicos na agricultura, que podem matar ou afetar o comportamento dos insetos polinizadores, reduzindo sua capacidade de encontrar alimento e abrigo, se orientar no espaço e se reproduzir.

– A conversão de habitats naturais em áreas agrícolas ou urbanas, que diminui a disponibilidade e a diversidade de recursos florais para os insetos polinizadores, além de fragmentar suas populações e dificultar sua dispersão.

– As mudanças climáticas, que alteram os padrões de temperatura, precipitação e sazonalidade das plantas, afetando a sincronia entre os ciclos de floração e polinização. As mudanças climáticas também podem favorecer o aumento de pragas e doenças que atacam os insetos polinizadores ou as plantas que eles visitam.

Como proteger os insetos polinizadores?

Para reverter o declínio dos insetos polinizadores e garantir sua sobrevivência e seu papel na segurança alimentar, é preciso adotar medidas urgentes em diferentes níveis: individual, coletivo e governamental. Algumas dessas medidas são:

– Reduzir o uso de agrotóxicos na agricultura e optar por métodos alternativos de controle de pragas, como o manejo integrado ou o controle biológico.

– Promover práticas agrícolas sustentáveis que favoreçam a biodiversidade na paisagem rural, como a rotação de culturas, a diversificação de espécies vegetais, a conservação de áreas naturais e a criação de corredores ecológicos.

– Apoiar a agricultura familiar e orgânica, que utiliza menos insumos químicos e respeita os ciclos naturais dos ecossistemas.

– Incentivar o conhecimento tradicional e local sobre os insetos polinizadores e as plantas que eles visitam, valorizando as experiências dos povos indígenas e comunidades locais na gestão dos recursos naturais.

– Estimular a criação e o manejo responsável de abelhas nativas sem ferrão, que são importantes polinizadoras da flora brasileira e fornecem produtos como mel, própolis e cera.

– Implementar políticas públicas que reconheçam a importância dos insetos polinizadores para a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável, integrando-os nas agendas nacionais e internacionais sobre biodiversidade, clima e agricultura.

– Investir em pesquisa científica sobre os insetos polinizadores, seus serviços ecossistêmicos, suas ameaças e suas formas de conservação.

Conclusão

Os insetos polinizadores são aliados indispensáveis para a segurança alimentar da humanidade. Eles aumentam a quantidade e a qualidade dos alimentos produzidos pela agricultura e mantêm a diversidade genética das plantas cultivadas. No entanto, eles estão sob risco de extinção por causa das atividades humanas que afetam seus habitats, sua saúde e seu comportamento. É preciso agir com urgência para proteger esses pequenos seres que têm um grande impacto na vida do planeta.

Henrique Cortez, ambientalista, jornalista, editor do portal EcoDebate

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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