Projeto Parque Linear do Ribeirão Onça, BH/MG
Projeto Parque Linear do Ribeirão Onça, BH/MG
Favelas do Canal do Ribeirão Onça, Belo Horizonte – MG: o parque linear como prerrogativa da Agenda 21 local
Vagner Luciano Coelho de Lima Andrade (1)
A origem da palavra Favela nasceu após a Guerra de Canudos (1896-1897), onde estava o acampamento original de Antônio Conselheiro e seus seguidores, numa área repleta de uma planta popular chamada de faveleira, abundante na localidade. As faveleiras produzem favas, algumas comestíveis, após cozimento. Favelas na cidade são ocupações irregulares em locais inadequados. A Prefeitura de Belo Horizonte – PBH, promove a requalificação e urbanização das favelas da urbe.
Quando esta ações acontecem as favelas passam a se chamar vilas. As favelas do Ribeirão Onça são ocupações nas bordas do canal supracitado, localizadas entre as Regionais Nordeste e Norte, Este ribeirão tem quase 8 km e cruza os bairros Casas Populares, Conjunto Ribeiro de Abreu, Conjunto CBTU (Novo Tupi), Conjunto Maristela, Jardim Belmonte, Maria Tereza, Monte Azul, Novo Aarão Reis, Novo Belmonte, Ouro Minas, Parque Belmonte, Parque Cerrado, Providência, Ribeiro de Abreu, São Gabriel, Vila Fazendinha e Vila São Gabriel. Ao longo de seu trajeto recebe alta contribuição de esgotos domésticos e industriais, o que o torna absurdamente degradado.
As favelas do Ribeirão Onça, datadas de 1981, contam com uma área de 125.195 metros quadrados e tem quase 1143 pessoas e cerca de 256 domicílios. Suas características fundamentais são: ocupação caótica e intensa; infraestrutura problemática; população em sua maior parte subempregada; auxílio médico insuficiente; baixa escolaridade, escassez de projetos sociais e existência de pequenos empreendimentos industriais sem regulamentação socioambiental.
Estas dificuldades se ampliam após as enxurradas, sendo este espaço, uma dos mais atingidos. O Projeto Parque Linear do Ribeirão Onça (Parque Antônio Ribeiro de Abreu), começado em 2004, fundamentado nas conjecturas de Pesquisa-Participante possui como objetivos primordiais a assimilação dos problemas ambientais fundamentais da área e a procura de obras reais para sua solução.
O Ribeirão Onça apresenta em seu leito natural, corredeiras e um grande cachoeira. Antes de entrar em leito natural, encontra-se canalizado ao lado da Avenida Risoleta Neves (Rodovia MG 020) numa área com características de parque. O Parque Linear do Ribeirão Onça surgiu a pós as desapropriações empreendidas pelos Decretos municipais nº 17.979/2022, 17.967/2022 e 17.849/2022 que declararam de utilidade pública, para fins de desapropriação, imóveis situados no Bairro Antônio Ribeiro de Abreu.
O parque terá a extensão de 5,5 quilômetros margeando o curso d’água que será despoluído e se consolidará como um dos maiores parques da cidade. Com sua implantação, as favelas serão removidas e seus moradores reassentados em moradias dignas, provavelmente conjuntos habitacionais construídos pela municipalidade em áreas próximas ao parque.
O público-alvo da Rede Ação Ambiental será desmontado em ações ambientais através das várias escolas lindeiras ao ribeirão. Assim se estruturarão dois conjuntos, um intermediário, que são os funcionários e professores e o final, que são os alunos e pais. Assim, serão movimentados, em um ano, cerca de 200 alunos (turmas de 5º, 6º, 7º, 8º e 9º), que participarão de atividades de Educação Ambiental sobre o Parque Linear do Ribeirão Onça que abarcam investigações sobre a história da favelas, entrevistas com habitantes, classificação fotográfica, sistematização de informações ambientais e socioeconômicas.
Uma das maiores pretensões será o resgate de tradições culturais do tempo já extinto, quando existia o Povoado do Onça. Como frutos destas atividades, pretende-se a preparação de um livreto sobre a história das favelas e de papers identificando seus problemas essenciais e trilhas para sua resolução, espalhados aos residentes, bem como de painéis explicativos sobre as características socioculturais das favelas que serão expostos nas Escolas, nas Associações de Moradores e em Templos Religiosos da área. O objetivo é reafirmar a requalificação das favelas e a importância do parque linear como prerrogativas da Agenda 21 local.
1 Educador e Mobilizador da Rede Ação Ambiental. Bacharel-licenciado em Geografia e Análise Ambiental (UNI-BH), Licenciado em História (UNICESUMAR) e especialista na área de Educação, Patrimônio e Paisagem Cultural (Filosofia da Arte e Educação, Metodologia de Ensino de História, Museografia e Patrimônio Cultural, Políticas Públicas Municipais). Licenciado em Ciências Biológicas (FIAR), Tecnólogo em Gestão Ambiental (UNICESUMAR) e especialista na área de Educação, Patrimônio e Paisagem Natural (Administração escolar, Orientação e Supervisão, Ecologia e Monitoramento Ambiental, Gestão e Educação Ambiental, Metodologia de Ensino de Ciências Biológicas). CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/3803389467894439
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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