Relato de experiências sobre meios participativos e ação ambiental
BAIRRO JOSÉ DO PRADO, DISTRITO DE DURVAL DE BARROS, ZONA NORTE DE IBIRITÉ – MG: Relato de experiências sobre meios participativos e ação ambiental
Vagner Luciano Coelho de Lima Andrade (1)
Ibirité é uma cidade dormitório associada desde 1974 à Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde há uma forte transição do rural para o urbano, devido à forte especulação imobiliária e ineficiência do poder público em seus três entes federados. Possui uma população de mais de 170.00o moradores, e bairros que mantem conexão mais acentuada com bairros dos municípios vizinhos, devido à distância do Centro.
A urbe é formada por dois distritos, Sede Municipal e Durval de Barros, mas deveria ser criado um terceiro distrito, Helena Antipoff, na Região do Canal de Ibirité. A cidade subdivide-se em oito regiões: Leste (Marilândia), Nordeste (Piratininga), Noroeste (Petrolina), Norte (Palmares), Oeste (Canal), Sudeste (Barreirinho), Sudoeste (Redenção) e Sul (Montanhês). Esta pesquisa foi um projeto de ação ambiental e educação participativa desenvolvido com a comunidade do José do Prado (Bacia do Córrego Pelado/Rio Paraopeba), localizada no Distrito de Durval de Barros, zona norte de Ibirité.
O público alvo foram os moradores das ruas Anna (Gomes) de Freitas (Barros), Antônia (Lybia) Meyer (e Barros), Áurea Lemos, Dalila (Lacerda de Moraes e Barros), Duval de (Morais e) Barros, Eliete (de Vasconcelos Barros), Geralda Viana, José Maria de Morais e Barros, Judith de Morais e Barros, Ladeira, Leme, (Maria) Risoleta (Lima Barros), Maria Terezinha, Moça Bonita, Ninita, Paquetá, Ruth Vasconcelos (de Moraes e Barros), Virgolândia e Weaver (Moraes e Barros), inseridas no José do Prado (região da zona norte do município de Ibirité).
É interessante destacar que embora o bairro seja oficialmente limitado e reconhecido legalmente pela prefeitura, seus moradores se recusam a utilizar a toponímia, designando o local como Parque Duval de Barros. José do Prado (também chamado de Industrial 4ª Seção e Regina), surgiu de um parcelamento nos anos 1970, numa gleba entre as fazendas de Duval de Morais e Barros e Washington Ferreira Pires.
O Duval de Barros, também grafado como Durval de Barros, surgiu oficialmente no dia 13 de agosto de 1965, como resultado dos inúmeros parcelamentos clandestinos que se espalharam no entorno da Cidade Industrial Coronel Juventino Dias. O local anteriormente denominava-se Alto da Lagoa Seca e tinha um quilombo numa região chamada de Chácara, na Rua Rafael Tobias.
A população cresceu rapidamente e duas escolas estaduais foram construídas: EE Parque Durval de Barros I (EE Governador Israel Pinheiro) e EE Parque Durval de Barros II (EE Juscelino Kubistchek de Oliveira) O registro do loteamento se deu pela Prefeitura Municipal de Ibirité. Após a criação do distrito, em 1976, depois da conferência dos limites, descobriu-se que o bairro estava situado entre três municípios distintos: Belo Horizonte, Contagem e Ibirité.
Em meados dos anos 1970, as prefeituras iniciaram os reconhecimentos e regularização de suas respectivas parcelas. O distrito tentou emancipação em meados dos anos 1990, sem sucesso e é formado pelos bairros Anthony Oliveira, Aparecida, Bela Vista, Cascata, Colorado, Durval de Barros, Eldorado de Baixo, Eldorado de Cima, Fazenda Lajinha, Guanabara, Ibituruna, Jardim das Rosas, José do Prado, Mirante, Palmares, Palmeiras, Petrolina, Pintados, Piratininga, Professor Washington Pires, Serra Dourada, Sol Nascente, Vila Curumim e Vila Ideal.
Os objetivos do projeto foram esboçar, conjuntamente com a população, a reorganização dos dois espaços comunitários (Escola Municipal Coronel Duval de Barros e Escola Municipal do Bairro Duval de Barros), compreendendo a ampliação da arborização da área, a construção de espaço recreativo (playground e quadras esportivas), a implantação da coleta seletiva de lixo, o implante da rede de esgoto e equipamentos públicos necessários, bem como recuperação das nascentes do Córrego Pelado da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Pantana, tributária do Rio Paraopeba.
Por meio deste trabalho conjugado que priorizou a transformação positiva do ambiente urbanizado em que habitavam essas pessoas, aconteceu uma ação local sólida, que almejou levá-las a coligar um procedimento que as permitisse constituir suas atuações em formato de plano comunitário. Deste modo, as questões socioambientais foram abordadas de acordo com as questões do lugar.
A prioridade foi a preservação do Bosque Urbano Duval de Barros, entre a Avenida Duval de (Morais e) Barros e as ruas Anna (Gomes) de Freitas (Barros), Antônia (Lybia) Meyer (e Barros) e Áurea Lemos, espaço verde bastante ameaçado e última área verde urbana da região.
Trata-se de uma área que vai sendo gradativamente ocupada, gerando impermeabilização do solo. A vegetação mescla gramíneas, árvores frutíferas como coqueiro-macaúba e mangueiras e poucas espécies nativas. A fauna é composta de pequenos mamíferos e aves. Metodologicamente através das “oficinas de meios participativos e ação ambiental” – reuniões efetivadas semanalmente com múltiplas esferas da comunidade: artistas, jovens, mulheres, professores, religiosos, trabalhou-se fases lógicas que passaram por: identificação dos recursos físicos e humanos existentes na região; identificação das problemáticas viventes pelos habitantes da região; hierarquização de prioridades na decisão de tais problemas; preparação de afazeres a serem exercidos e escolha de responsáveis por estas empreitadas.
Concluiu-se a emergência de um croqui das novas instalações comunitárias e proteção da área verde com sua transformação em parque urbano municipal; efetivação de episódios de educação sobre meios participativos e ação ambiental concebidos, organizados e determinados por comissão socioambiental da localidade, bem como participação de coligações artísticas locais; formação de organizações de diálogo e convívio, com outras organizações comunitárias da Bacia Hidrográfica; assimilação, por parte do grupo comunitário, do encargo sobre o destino ambiental do Bosque Urbano Duval de Barros, beneficiando a região e entorno.
O projeto não tem fim, reciclando-se assim numa perspectiva de continuidade. Consolidar os projetos organizados; concretizar e aumentar a rede regional de comunicação comunitária; certificar organizações comunitárias e indivíduos a dividir e ampliar o programa ambiental de Educação incluindo a preparação da Agenda 21 da comunidade do José do Prado. Essa é a missão que nunca se acabará!
1 Educador e Mobilizador da Rede Ação Ambiental. Bacharel-licenciado em Geografia e Análise Ambiental (UNI-BH), Licenciado em História (UNICESUMAR) e especialista na área de Educação, Patrimônio e Paisagem Cultural (Filosofia da Arte e Educação, Metodologia de Ensino de História, Museografia e Patrimônio Cultural, Políticas Públicas Municipais). Licenciado em Ciências Biológicas (FIAR), Tecnólogo em Gestão Ambiental (UNICESUMAR) e especialista na área de Educação, Patrimônio e Paisagem Natural (Administração escolar, Orientação e Supervisão, Ecologia e Monitoramento Ambiental, Gestão e Educação Ambiental, Metodologia de Ensino de Ciências Biológicas). CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/3803389467894439
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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