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Cineastas indígenas fortalecem cultura de povos originários

 

graci guarani - foto sophia pinheiro
Graci Guarani. Foto de Sophia Pinheiro

Cineastas indígenas fortalecem cultura de povos originários

O projeto “sentir, pensar e agir” busca fortalecer a tradição oral, os saberes e fazeres das manifestações identitárias na América Latina

Graciela Guarani, Patrícia Ferreira Pará Yxapy e Flor de María Alvarez Medrano são mulheres indígenas que utilizam o cinema como expressão de suas culturas, fortalecendo o movimento anticolonial na América Latina. A partir deste mês de março, o trabalho destas cineastas ganha amplificação com o lançamento de websérie e de canais na web, por meio do projeto “sentir, pensar e agir”, coordenado pela artista visual e pesquisadora goiana Sophia Pinheiro, e financiado pelo Fundo de Arte e Cultura de Goiás. Acesse aqui: https://www.instagram.com/sentir_pensar_agir/

O imaginário simbólico dos povos indígenas no Brasil ainda constrói imagens ora estereotipadas, exóticas e românticas, ora violentas, ignorando que os conhecimentos e tradições dos povos originários podem contribuir para o desenvolvimento cultural e econômico brasileiro. “Essas imagens fortalecem preconceitos, incentivam a violência física e o desterro da população indígena no país. É justamente para contrapor essa construção histórica que este projeto se faz importante”, argumenta Sophia Pinheiro.

Para colaborar nesta contraposição, por meio deste projeto, a pesquisadora busca evidenciar o discurso contido na produção audiovisual destas três mulheres indígenas, protagonistas do projeto “sentir, pensar e agir” e de sua tese de doutorado, pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Assim, o projeto “sentir, pensar e agir” busca fortalecer a tradição oral, os saberes e fazeres das manifestações identitárias na América Latina, ampliar a aproximação da sociedade não-indígena com uma narrativa mítica fora dos padrões convencionais da ciência, da história e dos livros e, entre outros aspectos relevantes, promove o intercâmbio entre etnias indígenas.

Da etnia Guarani Kaiowá, Graci vive na aldeia Pankararu, em Pernambuco, e Patrícia que é Mbyá-Guarani, na aldeia Ko’enju, no Rio Grande do Sul. Flor Medrado é Maya e residente na cidade da Guatemala, na Guatemala. Com trabalho de campo realizado em 2021 e 2022, a pesquisa foi realizada a partir da relação da artista com as suas parceiras de trabalho. Dessa forma, as imagens não cumprem apenas a função da documentação da presença da pesquisadora in loco, mas se constituem na matéria de estudo em si, incitando questões como: o que deseja filmar a mulher indígena, o processo criativo de cada uma, qual a importância disso para elas, o que esta produção audiovisual pode causar, combater, afirmar.

A espiritualidade orienta a trajetória fílmica de Flor Medrado, com especial interesse no diálogo entre ancestralidade e contemporaneidade. Para Patrícia Pará Yxapy, a imagem é “flecha, é nossa arma, que aprendemos usar assim como o papel”. As questões sociopolíticas também ancoram as escolhas feitas por Graciela Guarani na hora de filmar: “O cinema tem muito a contribuir com a educação das pessoas, possibilidade real de mexer as estruturas de um país de mentes ignorantes, levar luz a realidades, a imaginários que são difíceis de desconstruir. Mas não queremos ficar em lugares opressores, genocidas, que matam o diferente, [é preciso] abrir a consciência para além do branco e preto, começar a enxergar o colorido que se tem.”

Acessível para pessoas cegas e surdas, a websérie com três episódios é um convite a conhecer um pouco mais do perfil destas cineastas indígenas. A parceria com a Rádio Yandê e a distribuição estratégica de postais impressos, com fotos e desenhos, reforçam os caminhos de acesso a toda a produção resultante do projeto, incluindo artigos acadêmicos e a tese de doutorado que inspirou o trabalho apoiado pelo FAC-GO.

 

Instagram do projeto: https://www.instagram.com/sentir_pensar_agir/

Canal do Youtube: https://www.youtube.com/playlist?list=PL9ZJliupmHOZsy-mtbD7i3xqD6iPMSyvn

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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