‘Sem meio ambiente, não é possível recuperar a economia’, afirma ecologista norte-americano

Imagem: Stockxpert

“Obama está se movendo com determinação e velocidade: ele fez mais coletivas de imprensa cheias de anúncios concretos em poucos meses do que Bush em quatro anos. É a direção em que esperávamos que os Estados Unidos andassem, arrastando consigo os outros países. Agora, estamos no desafio decisivo: sem recuperar o meio ambiente, não se salva a economia; sem recuperar a economia, não se salva o meio ambiente“. Barry Commoner, o mais notável ecologista norte-americano, comenta, do seu escritório em Nova Iorque, a última proposta da Casa Branca e mostra em sua voz uma nota de entusiasmo que não se via há muito tempo.

A reportagem é de Antonio Cianciullo, publicada no jornal La Repubblica, 29-03-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O “green new deal” conseguirá reativar o motor da produção?

Obama fala diretamente às pessoas. Já respondeu a quase 100 mil e-mails, pediu que votassem na Internet nas várias soluções tecnológicas e mobilizou um milhão de pessoas. É uma atitude nova: não usa as pesquisas de modo instrumental, mas escuta, o que é diferente.

Quais os pontos chaves da mudança rumo ao ecodesenvolvimento?

É preciso corrigir as anomalias das finanças especulativas: são necessárias algumas nacionalizações e é preciso permitir que o dinheiro volte a fluir. Tudo isso funcionará sob uma condição: mudar o motor do desenvolvimento, fazendo-o funcionar em sintonia com o meio ambiente.

Na prática?

Eficiência energética, recuperação séria das fontes renováveis. Depois, uma mudança radical nos transportes: mais serviço público, mais carros a hidrogênio e elétricos. O modelo Califórnia do Zev, “zero emission vehicles”, deve se expandir: está para ser aprovado o financiamento de uma fábrica dedicada só aos carros elétricos. Por fim, os biocombustíveis, pensados e organizados de modo a não se criar repercussões negativas no mercado dos alimentos e a não custar mais petróleo do que o que produzem.

É um plano realista?

É o único possível. Certamente, as dificuldades são imensas, e também dentro do Partido Democrata há quem torça o nariz porque considera as propostas de Obama muito voltadas para o socialismo. Mas estou convencido de que esse é o caminho certo, e é importante dar um sinal claro de mudança.

(Ecodebate, 11/03/2009) publicado pelo IHU On-line, 10/03/2009 [IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

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