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A população do México de 1950 a 2100

 

A população do México de 1950 a 2100, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

O México conseguiu reduzir a percentagem da população vivendo em situação de pobreza nas duas últimas décadas, mas, ao mesmo tempo, tem aumentado os problemas ambientais

O território do México foi palco do avanço de diversas civilizações, como os olmecas, os teotihuacanos, os maias, os zapotecas, os mixtecas, os toltecas e os astecas, que construíram grandes obras de arte, como as pirâmides de Teotihuacan e inúmeros avanços científicos. Mas com a chegada do conquistador espanhol Hernán Cortés, em 1519, a civilização asteca foi invadida e saqueada, tornando-se uma colônia espanhola, enquanto as armas europeias e a varíola matavam milhões de astecas, incluindo o imperador Montezuma. A independência do país começou em 1810, mas só se concretizou em 1821. Em 1910, houve a Revolução Mexicana que culminou na Constituição de 1917 e na criação do Partido Revolucionário Institucional (PRI) que esteve no comando do país por décadas.

O México tem uma área de 1,96 milhão de km2, uma densidade demográfica de 65 habitantes por km2, sendo o 10º país mais populoso do mundo em 2022. A população do México era de 28 milhões de habitantes em 1950, passou para 127 milhões de habitantes em 2022, deve atingir o pico populacional em 2052 com 143,9 milhões e apresentar decrescimento até 116 milhões de habitantes em 2100, na projeção média da ONU. No final do século XXI a população mexicana pode chegar a 180 milhões na hipótese alta ou 70 milhões na hipótese baixa (conforme mostra o gráfico abaixo, no painel da esquerda).

A população mexicana em idade ativa, de 15-59 anos, deu um salto de cerca de 10 milhões de pessoas em meados do século passado para cerca de 80 milhões em 2022, deve atingir o pico em 2036 com 87 milhões de pessoas e decrescer para 53 milhões no final do atual século (gráfico do painel da direita).

população total e população em idade ativa no méxico

Os gráficos abaixo mostram a evolução das taxas de fecundidade total (TFT) e a expectativa de vida. O México, assim como a maioria dos países da América Latina tinha uma fecundidade muito elevada em meados do século passado, iniciou uma rápida queda a partir da década de 1970, atingiu o nível de reposição nos anos 2000 e deve manter uma TFT abaixo de 2 filhos por mulher durante o restante do século, conforme mostra o gráfico abaixo (painel da esquerda).

O último ano com TFT de 6 filhos por mulher no México foi em 1974 e caiu para 2,09 em 2016, gastando 42 anos para fazer a transição da fecundidade de elevado patamar para o nível abaixo da reposição populacional. O Brasil também gastou 42 anos, mas fez a transição com um pouco de antecedência em relação ao México, passando de 6 filhos em 1962 para 2,02 em 2004. Já o Irã, passou de 6 filhos por mulher em 1986 para 2,02 filhos em 2000, fazendo uma transição em apenas 14 anos.

A expectativa de vida ao nascer, que estava em torno de 45 anos em 1950, cresceu nos anos seguintes e chegou a 75 anos na década passada. Houve queda expressiva em função da pandemia da covid-19, para ambos os sexos, mas já começou a se recuperar e deve ficar pouco acima de 85 anos em 2100 (gráfico abaixo, painel da direita).

taxa de fecundidade e expectativa de vida no méxico

O resultado da transição demográfica se manifesta na estrutura etária com a diminuição do montante da população jovem de 0-14 anos que deve cair de 34 milhões na primeira década dos anos 2000 para menos de 15 milhões no final do século, como mostra o gráfico abaixo (painel da esquerda). Já o número de idosos (gráfico da direita) cresceu nos últimos 70 anos, passando de 1,3 milhão de pessoas de 60 anos e mais de idade em 1950 chegando a 15,5 milhões em 2022 e deve se acelerar nas próximas décadas, devendo atingir o pico de 50,2 milhões em 2081 e cair para 48 milhões de idosos em 2100.

população jovem e população idosa no méxico

A mudança da estrutura etária fica evidente nas pirâmides etárias do México, conforme mostrado nos gráficos abaixo. A pirâmide etária de 1950 tinha o modelo clássico de estrutura rejuvenescida e se modificou nas décadas seguintes com redução proporcional dos grupos etários mais jovens e uma elevação dos grupos em idade produtiva. Isto tem favorecido o 1º bônus demográfico que tem ajudado o México a reduzir a pobreza e a incrementar o desenvolvimento econômico. Esta fase favorável deve permanecer até meados do atual século, mas a pirâmide de 2100 terá uma estrutura mais envelhecida com uma base cada vez mais reduzida.

pirâmides populacionais do méxico

O México ainda está em meio do processo da transição demográfica. Isto significa que a razão de dependência ainda está caindo, como mostra o gráfico abaixo. Existiam pouco mais de 100 pessoas consideradas dependentes em meados da década de 1960 para cada 100 pessoas em idade produtiva. Esta razão tem caído e deve chegar no nível mais baixo, em torno de 58 dependentes para cada 100 pessoas em idade ativa na atual década e uma subida após 2030. Em 2100, a projeção média indica uma razão de dependência acima de 110, ou seja, uma proporção maior de pessoas dependentes em relação ao início da década de 1970.

221207e taxa de dependência do méxico

O México tem apresentado um crescimento econômico abaixo da média mundial. O país tinha cerca de 3% do PIB global em 1980 e caiu para menos de 2,%, conforme mostra o gráfico abaixo (lado esquerdo). A renda per capita do México (em preços correntes em poder de paridade de compra) passou de cerca de US$ 5 mil em 1980 para US$ 25 mil em 2026, sempre acima da renda média mundial (gráfico do lado direito).

participação do pib do méxico no pib global

O México tinha superávit ambiental até 1975, mas passou a apresentar déficit ecológico a partir do último quartel do século XX. Segundo o Instituto Global Footprint Network o México tinha, em 1961, uma Pegada Ecológica per capita de 1,86 hectares globais (gha) e uma Biocapacidade per capita de 3,51 gha. Portanto, o sinal era verde. Mas com o crescimento demográfico e econômico a Pegada Ecológica per capita passou para 2,38 gha e a Biocapacidade per capita caiu para 1,15 gha em 2018. Assim, o déficit ecológico per capita passou para 1,23 gha, o que representa um déficit relativo de 107%, conforme mostra a figura abaixo.

pegada ecológica e biocapacidade per capita do méxico

O México conseguiu reduzir a percentagem da população vivendo em situação de pobreza nas duas últimas décadas, mas, ao mesmo tempo, tem aumentado os problemas ambientais. Mesmo tendo uma dimensão demográfica e geográfica bem menor do que o Brasil, o México emite gases de efeito estufa quase do nível do Brasil. A situação é grave na área metropolitana da Cidade do México, com mais de 22 milhões de habitantes vivendo a mais de 2 mil metros de altitude em uma planície cercada por montanhas e que retém a poluição e agrava a qualidade do ar.

Assim, a população mexicana vai ter de fazer um esforço muito grande para resolver seus problemas ambientais e colocar sua pegada ecológica dentro dos limites da sua biocapacidade.

José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

Referência:

ALVES, JED. A população do México em 2100, Ecodebate, 10/05/2013

http://www.ecodebate.com.br/2013/05/10/a-populacao-do-mexico-em-2100-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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