EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Projeto lança guia de identificação de aves marinhas gratuito

 

guia de identificação de aves marinhas

Projeto lança guia de identificação de aves marinhas gratuito

Guia permite reconhecer albatrozes, petréis e outras aves marinhas que interagem com a pesca de acordo com suas características mais marcantes

As aves marinhas são o grupo de aves mais ameaçadas de extinção no planeta: cerca de 110 (30%) das 359 espécies reconhecidas estão ameaçadas em algum nível e outras 69 (11%) estão classificadas como ‘quase ameaçadas’. Essas aves passam a maior parte da vida no oceano aberto voando e buscando alimento, e muitas retornam à terra firme somente para reprodução. Para apoiar os pescadores na identificação das aves marinhas, o Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras, lançou o ‘Guia de Albatrozes e Petréis para Pescadores’, que pode ser baixado gratuitamente neste link.

Dentro e fora do Brasil, este grupo de aves enfrenta diversas fontes de impactos negativos em suas populações, tanto em terra, em suas colônias, como destruição de habitat e introdução de espécies exóticas invasoras, quanto no mar, onde destacam-se a poluição por materiais plásticos e a captura incidental pela pesca.

Na pesca, muitas dessas aves acabam morrendo ao tentar fisgar as iscas lançadas ao mar junto com os anzóis: seus bicos são perfurados pelos petrechos de pesca e o peso das linhas arrastam as aves para o fundo do mar. As aves marinhas não são espécies-alvo das pescarias e não possuem qualquer valor comercial, o que torna essa situação desvantajosa tanto para os pescadores quanto para a biodiversidade marinha.

Albatrozes e petréis

Existem no mundo 22 espécies de albatrozes, sendo que metade delas sobrevoam águas brasileiras ou interagem com a pesca nacional. Os petréis, por sua vez, são classificados em 107 espécies, das quais pelo menos 35 ocorrem no Brasil – duas delas se reproduzem em ilhas em nosso território: a Grazina-de-Trindade (Pterodroma arminjoniana) e a Pardela-de-asa-larga (Puffinus lherminieri).

Com mais de dez anos de experiência na educação ambiental com pescadores e desenvolvimento de pesquisas científicas voltadas à conservação desse grupo de aves, o coordenador científico do Projeto Albatroz, Caio Azevedo Marques, destaca a importância de conhecer os albatrozes e os petréis para protegê-los. “Assim como outras aves marinhas, os albatrozes e petréis são companheiros dos pescadores em suas viagens, ajudando-os a encontrar áreas com grandes cardumes e os encantando com sua beleza extraordinária”, explica. “Nosso guia pode ser uma ferramenta útil na hora de identificar esses animais e reportar eventuais avistamentos e mortes por afogamento aos pesquisadores”.

Desde sua fundação em 1990, o Projeto Albatroz se dedica à educação ambiental dos trabalhadores da pesca e também ao desenvolvimento de medidas simples para a diminuição significativa das capturas incidentais: o toriline (linha espanta pássaros que atua como um espantalho, protegendo as iscas), a largada noturna dos anzóis (período em que os albatrozes raramente se alimentam) e o uso de um regime de peso que faz com que os anzóis afundem mais rapidamente para que as aves não os alcancem.

Como utilizar o guia

Desenvolvido como um folheto que pode ser carregado a bordo das embarcações ou baixado em formato PDF para leitura, o ‘Guia de Albatrozes e Petréis para Pescadores’ traz informações úteis sobre as aves marinhas, as ameaças a que estão submetidas e uma seção especial com fotos e características que ajudam pescadores e demais interessados a identificarem esses animais a partir da observação.

Além de imagens de corpo inteiro da ave em pleno voo ou na superfície da água, o guia também traz cortes específicos de áreas como fronte e bico, que possuem importância na hora de definir a espécie do animal.

No total, são apresentadas 15 espécies, entre albatrozes e petréis, com detalhes como tamanho, medidas de bico e corpo, que podem facilitar a identificação utilizando o material informativo. Ao lado dos nomes das espécies, há também os nomes científicos e os seus atuais status de conservação conforme a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN na sigla em inglês).

Além disso, o guia também reúne outras espécies que interagem no mesmo ambiente e podem ser confundidas com albatrozes e petréis, como: gaivotão (Larus dominicanus), fragata (Fregata magnificens), atobá-mascarado (Sula dactylatra), trinta-réis (Sterna sp.), entre outros.

Sobre o Projeto Albatroz

Reduzir a captura incidental de albatrozes e petréis é a principal missão do Projeto Albatroz, que tem o patrocínio da Petrobras. O Projeto é coordenado pelo Instituto Albatroz – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que trabalha em parceria com o Poder Público, empresas pesqueiras e pescadores.

A principal linha de ação do Projeto, nascido no ano de 1990, em Santos (SP), é o desenvolvimento de pesquisas para subsidiar Políticas Públicas e a promoção de ações de Educação Ambiental junto aos pescadores, jovens e às escolas. O resultado deste esforço tem se traduzido na formulação de medidas que protegem as aves, na sensibilização da sociedade quanto à importância da existência dos albatrozes e petréis para o equilíbrio do meio ambiente marinho e no apoio dos pescadores ao uso de medidas para reduzir a captura dessas aves no Brasil.

Atualmente, o Projeto Albatroz mantém bases de atuação em seis estados brasileiros.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

A manutenção da revista eletrônica EcoDebate é possível graças ao apoio técnico e hospedagem da Porto Fácil.

 

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate com link e, se for o caso, à fonte primária da informação ]