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Crimes de ódio têm crescimento de até 650% no primeiro semestre de 2022

 

Crimes de ódio têm crescimento de até 650% no primeiro semestre de 2022

Indicadores mostram que houve mais denúncias de racismo, lgbtfobia, xenofobia, neonazismo, misoginia, apologia a crimes contra a vida e intolerância religiosa no primeiro semestre de 2022

O número de denúncias dos sete crimes que envolvem discurso de ódio denunciados à Central Nacional de Denúncias da Safernet tiveram aumento de 26% a 654% no primeiro semestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021

Os indicadores da Central Nacional de Denúncias da Safernet, que recebe denúncias de 10 crimes contra os direitos humanos praticados com o uso da internet, mostram que houve mais denúncias de racismo, lgbtfobia, xenofobia, neonazismo, misoginia, apologia a crimes contra a vida e intolerância religiosa no primeiro semestre de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado.

Mantida essa tendência até o final do ano, 2022 será o terceiro ano eleitoral consecutivo em que houve aumento de denúncias de crimes de ódio em relação aos anos anteriores, demonstrando que nos anos em que há eleições, ocorre um acirramento do discurso de ódio na internet.

Somadas as denúncias dos sete crimes, a Safernet recebeu 23947 denúncias no primeiro semestre de 2022, um aumento de 67,5% em relação ao mesmo período de 2021. Em números absolutos, o crime mais denunciado foi o de misoginia, com 7096 casos.

Levantamento realizado pela Safernet divulgado em abril deste ano mostrava que tanto em 2020, ano de eleições municipais, quanto em 2018, ano da última eleição presidencial, houve aumento de denúncias de crimes de ódio na internet em relação aos anos anteriores, em que não houve eleições.

Em 2018 e 2020, contudo, o crime de intolerância religiosa não seguiu a tendência dos demais crimes. No primeiro semestre de 2022, contudo, este crime teve 2813 denúncias, 654% mais do que no primeiro semestre de 2021, quando foram registradas 373 denúncias.

Diversidade contra a barbárie 

Para a Safernet, a repressão penal aos crimes de ódio deve ser acompanhada de ações que promovam a diversidade.

“As eleições tornaram-se um campo fértil para o discurso de ódio, que desde 2018 têm registrado aumento no período eleitoral. Por isso a Safernet lançou em abril deste ano a segunda edição do SaferLab, apoiando jovens criadores de conteúdo de diferentes regiões do Brasil para produzir narrativas que promovam um consumo mais crítico de conteúdo, gerem empatia com grupos que historicamente são alvos de discriminação e sensibilizem parte da audiência para serem aliadas na defesa de direitos humanos na Internet”, afirma Juliana Cunha, diretora de projetos especiais da Safernet, responsável pelo projeto.

Além de manter a Central Nacional de Denúncias, que mantém cooperação com as autoridades, a Safernet mantém também ações educacionais, visando a prevenção de crimes e a educação sobre o uso cidadão da internet.

O SaferLab é um laboratório de ideias que apoia o protagonismo jovem na criação de conteúdos sobre direitos humanos para tornar a internet um lugar melhor – com mais diálogo e respeito à diversidade. Oito jovens criadores das cinco regiões do país têm recebido mentorias, workshops e bolsas para criar contranarrativas ao discurso de ódio.

Contranarrativas são histórias que se opõem ou desmontam um senso predominante. São maneiras de se opor e desconstruir narrativas comuns de discriminação e intolerância, mas vão além e têm uma abordagem propositiva, propondo o diálogo, a igualdade, o respeito às diferenças e a liberdade. Isso pode ser feito com fatos, dados, humor, sensibilidade e outras atitudes que promovam experimentar diferentes pontos de vista. Provocar empatia pelos grupos discriminados é um dos objetivos.

Crescimento do discurso de ódio nas eleições

Para a Safernet, os indicadores da Central Nacional de Denúncias apontam que as eleições são como um gatilho para o avanço do discurso de ódio. Os picos de denúncias crescem em anos eleitorais, se transformando em uma poderosa plataforma política para atrair a atenção da audiência e dar visibilidade e notoriedade aos emissores.

Até 30 de junho deste ano, intolerância religiosa e xenofobia foram os crimes de ódio cujas denúncias mais cresceram em relação ao mesmo período de 2021: 654% e 520%, respectivamente. O terceiro crime que registrou o maior aumento foi o de neonazismo, que teve um crescimento de 120% no número de denúncias.

Em 2020, as denúncias de neonazismo tiveram um crescimento de 740,7% em relação ao ano anterior, enquanto que racismo e xenofobia registraram mais do que o dobro de denúncias em relação a 2019, registrando 148% e 111% de aumento, respectivamente.

Em 2018, misoginia (1639,5%), xenofobia (595,5%) e neonazismo (262%) tiveram os maiores percentuais de crescimento em relação à 2017.

Confira os dados completos aqui: https://docs.google.com/spreadsheets/d/1hmB3ZiyABDLe0u2lYVxaXL328GdNI0IQQQGB4d99To8/edit?usp=sharing

Cartilha

Um dos produtos desenvolvidos pelos criadores do SaferLab é a cartilha “Eleições Sem Ódio” sobre desinformação e discurso de ódio.

Escrita em linguagem simples e direta, a cartilha é voltada para o eleitor jovem e sua família e alerta sobre como esse tipo de conteúdo pode influenciar negativamente as eleições e o que pode ser feito para combater a desinformação e o discurso de ódio.

A cartilha estará disponível online e possui links para atividades interativas, como quiz e jogos, que contribuem para a assimilação do conteúdo.

Acesse a cartilha aqui: https://saferlab.org.br/eleicoessemodio.pdf

o que é discurso de ódio

Série de lives

Outra proposta trazida pelo Saferlab é uma série de lives no mês de setembro com especialistas para conversar sobre os impactos da desinformação e discurso de ódio em ano de eleições e compartilhar boas práticas sobre como lidar com este problema. A agenda será divulgada oportunamente pelas redes sociais e site da Safernet.

Sobre a Safernet

A Safernet é a primeira ONG do Brasil a estabelecer uma abordagem multissetorial para proteger os Direitos Humanos no ambiente digital. Fundada em 2005.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

 

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