Brasil tem mais de uma morte por minuto da covid-19 na primeira quinzena de março
Brasil tem mais de uma morte por minuto da covid-19 na primeira quinzena de março, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
Sem dúvida, o Brasil corre enorme risco com a multiplicação do vírus no território nacional, ao mesmo tempo que se torna uma ameaça para a América Latina e o resto do mundo
[EcoDebate] O Brasil chegou no dia 15 de março de 2021 com mais de uma morte por minuto nos primeiros 15 dias do mês mais letal da pandemia até aqui. Uma quinzena tem 21.600 minutos (15 dias x 24 horas x 60 minutos) e o Brasil registrou até o dia 14/03 o montante de 23.287 óbitos em decorrência do novo coronavírus. Portanto, independentemente dos dados do dia 15/03, a quinzena já registrou a incrível marca de mais de uma vida perdida por minuto. A situação é terrível, pois o país já é o novo epicentro da pandemia global, sendo que na semana que passou o Brasil – com 2,7% da população mundial – teve mais de 20% dos óbitos da covid-19 no mundo.
O recrudescimento da pandemia no Brasil pode ser comprovado pelos gráficos abaixo com o número de casos e mortes por semanas epidemiológicas. Na semana de 19/07 a 25/07/20 somou 319,4 mil casos e, depois de uma queda, saltou para 379 mil casos na semana de 10/01 a 16/01/21. Contudo, lastimavelmente, na semana que passou (07/03 a 13/03) ultrapassou o pico de meio milhão de casos. O número de vidas perdidas bateu o recorde de 2020 na semana de 19/07 a 25/07, com 7.714 óbitos em 7 dias. Na semana de 21/02 a 27/02/21 chegou a 8.244 óbitos. E o recorde absoluto foi atingido na semana passada com 12.766 óbitos.
A média móvel diária de casos que ficou abaixo de 40 mil infectados na maior parte do ano de 2020, ultrapassou 50 mil casos em janeiro de 2021 e passou de 70 mil casos diários no dia 13/03. No dia 14/03 houve uma queda para 66,3 mil casos. A média móvel diária de vítimas fatais que atingiu o máximo de pouco mais de 1.000 obitos em 2020, ultrapassou 1.100 óbitos em fevereiro e atingiu 1.831 óbitos no dia 14 de março de 2021.
O gráfico abaixo, da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra, que ao contrário do Brasil, o número de casos semanais da covid-19 no mundo diminuíram muito desde o início de janeiro. Na semana de 4 a 10 de janeiro de 2021 foram registrados 5,1 milhões de casos da covid-19 no mundo, caiu para menos da metade com 2,4 milhões de casos na semana de 15 a 21 de fevereiro, mas voltou a subir um pouco e chegou a 3,1 milhões de casos na semana de 8 a 14 de março de 2021. A maior proporção de casos continua ocorrendo na Europa e nas Américas.
O gráfico abaixo, também da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra que o número de mortes estão diminuindo consistentemente. Até o final de janeiro o número diário de vidas perdidas estava em torno de 14 mil óbitos diários, mas caiu nas semanas seguintes e ficaram abaixo de 9 mil óbitos diários nas duas últimas semanas epidemiológicas. Na semana de 18 a 24 de janeiro houve 99,5 mil mortes no mundo e caiu para 58,9 mil mortes na semana de 08 a 14 de março de 2021. A maior proporção de óbitos também ocorre na Europa e nas Américas.
Todos estes dados mostram que o Brasil está na contramão da tendência global e não se vê uma solução no horizonte próximo. Neste fim de semana foram ensurdecedoras as falas pela mudança do Ministro da Saúde, uma vez que o general Pazuello tem feito tantos desmazelos e erros primários que existe um clamor nacional pela mudança de comando da pasta da saúde.
Enquanto Gibraltar e Israel já ultrapassaram 100% da população vacinada (considerando as duas doses), o Brasil está no pelotão de baixo com menos de 6% depois de 2 meses de vacinação. O ritmo do plano de imunização tem sido muito lento. Mesmo que o Brasil dobre o número de doses diários só conseguirá chegar perto de 100% em meados de 2022. Até lá podem surgir novas cepas e novas ondas pandêmicas podem ocorrer.
Sem dúvida, o Brasil corre enorme risco com a multiplicação do vírus no território nacional, ao mesmo tempo que se torna uma ameaça para a América Latina e o resto do mundo. Sem controlar a pandemia será muito difícil recuperar a economia. As medidas de emergência aprovadas pelo Congresso são claramente insuficientes para alavancar o emprego e para reduzir o sofrimento do povo brasileiro. Se nada for feito efetivamente, tudo indica que 2021 será ainda pior do que 2020.
José Eustáquio Diniz Alves
Colunista do EcoDebate.
Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382
Referências:
ALVES, JED. A pandemia de Coronavírus e o pandemônio na economia internacional, Ecodebate, 09/03/2020
https://www.ecodebate.com.br/2020/03/09/a-pandemia-de-coronavirus-covid-19-e-o-pandemonio-na-economia-internacional-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. Brasil com mais de 10 mil mortes da covid-19 por semana, Ecodebate, 08/03/2021
https://www.ecodebate.com.br/2021/03/08/brasil-com-mais-de-10-mil-mortes-da-covid-19-por-semana/
ALVES, JED. Passado, Presente e Futuro da Pandemia da Covid-19, Instituto Fernando Braudel, SP, 11/06/2020
https://pt.scribd.com/document/465506796/O-passado-o-presente-e-o-futuro-da-pandemia-do-novo-coronavirus
Vídeo: https://www.facebook.com/watch/live/?v=293538905150329&ref=watch_permalink
José Gomes Temporão, Carlos Gadelha, José Eustáquio Alves e Alberto Carlos Almeida. Vacinas, Política, Economia e Desenvolvimento Tecnológico, Live, 28/01/21
https://www.youtube.com/watch?v=8gFWznXkO8A
Alberto Almeida. Manhattan Disconnection – Pandemia, Lula e a situação do Brasil, 14/03/2021
https://www.youtube.com/watch?v=NcXp8Kxk2bM
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 15/03/2021
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