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Estudo afirma que mais de 80% dos mais importantes conflitos armados de 1950-2000 ocorreram nas regiões identificadas como as mais biodiversas

Estudo vê predomínio de guerras em áreas com ecossistemas ricos

WASHINGTON (Reuters) – A maioria das guerras no último meio século aconteceu em lugares que abrigam alguns dos ambientes biologicamente mais diversos e ameaçados do mundo, segundo um estudo divulgado na sexta-feira.

Isso inclui a guerra do Vietnã, quando o uso do desfolhante químico Agente Laranja destruiu a cobertura florestal, e a venda de madeiras que financiou guerras na Libéria, no Camboja e na República Democrática do Congo, segundo um estudo [Warfare in Biodiversity Hotspots] na revista científica Conservation Biology. Matéria de Deborah Zabarenko, da Agência Reuters, com informações adicionais do EcoDebate.

Entre 1950 e 2000, 81 por cento dos grandes conflitos armados aconteceram em regiões consideradas “hotspots” (áreas mais relevantes e vulneráveis) da biodiversidade. Ali vivem populações inteiras de mais de metade de todas as espécies vegetais e de pelo menos 42 por cento de todos os vertebrados, segundo o estudo.

Nesse período, houve conflitos armados em 34 dos 23 “hotspots” do mundo. Mais de 90 por cento das grandes guerras (que resultam em mais de mil mortes) ocorreram em países que contém pelo menos um “hotspot”, segundo o estudo.

Esses centros de vida ameaçada costumam estar localizados em países pobres e densamente povoados, o que mesmo em tempos normais já gera pressões sobre o meio ambiente, disse Russell Mittermeier, um dos autores do estudo, por telefone.

“Vemos uma plataforma muito frágil da qual a vida humana e outras dependem”, disse Mittermeier. “E qualquer ligeira perturbação por razões políticas ou quaisquer outras resulta em um estresse dentro das populações humanas. E muito frequentemente isso explode em conflitos violentos.”

A presença de refugiados de guerra nos “hotspots” ambientais e nos seus arredores agrava o problema representado pela caça, retirada de lenha e ocupação por acampamentos.

Mittermeier, presidente da ONG Conservação Internacional, citou Madagascar como exemplo de lugar onde o conflito atualmente ameaça a biodiversidade.

“Temos de estar preparados para responder e persistir durante momentos de turbulência política, porque não ficará sempre estável”, disse o biólogo Michael Hoffmann, também da Conservação, que participou do estudo.

* Matéria da Agência Reuters, no UOL Notícias, 20/02/2009 – 21h13

Nota do EcoDebate: O artigo “Warfare in Biodiversity Hotspots“, publicado na revista científica Conservation Biology, apenas está disponível para assinantes. Para acessar o abstract clique aqui.

para acessarem à íntegra do release “Study Finds Most Wars Occur in Earth’s Richest Biological Regions“, da Conservação Internacional, clique aqui.

[EcoDebate, 21/02/2009]

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