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Paraíba: Degradação de rios provoca escassez de água

ESGOTOS - O rio Sanhauá sofre agressões ambientais da população em Bayeux, no Porto do Capim, na capital, e em Santa Rita; O geógrafo Paulo Rosa (detalhe) afirma que rios paraibanos são poluidos. Imagem do Jornal da Paraíba.
ESGOTOS – O rio Sanhauá sofre agressões ambientais da população em Bayeux, no Porto do Capim, na capital, e em Santa Rita; O geógrafo Paulo Rosa (detalhe) afirma que rios paraibanos são poluidos. Imagem do Jornal da Paraíba.

A poluição com resíduos sólidos, esgoto e lançamento de efluentes e rejeitos de indústrias e até mesmo da agricultura, a exploração mineral no leito e nas margens dos rios, o processo de assoreamento (obstrução), além da ocupação desordenada das áreas ribeirinhas pela população são só alguns dos fatores que vêm contribuindo para a degradação dos rios paraibanos. O problema compromete cada vez mais as reservas hídricas da Paraíba e prejudica a qualidade da água, interferindo, sobretudo, na biopa fluvial (comunidade biológica do rio). Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) apontam que 92 dos 223 municípios paraibanos apresentaram, nos últimos três anos, poluição de águas, 106 municípios apresentaram problemas de assoreamento em reservas hídricas, e 171 municípios paraibanos já apontam para a escassez de água. Matéria de Aline Lins, no Jornal da Paraiba, 15/02/2009.

Os dados, divulgados em 2008, constam no estudo das ocorrências impactantes observadas no meio ambiente, nos últimos 24 meses, realizado pelo IBGE. O geógrafo Paulo Rosa, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), afirma que todos os rios paraibanos sofrem com a degradação, entre os quais estão o rio Paraíba, Piranhas, Taperoá, Mamanguape, Curimataú, Peixes, Sanhauá, Gramame, Mamuaba, Miriri, Camaratuba, Abiaí, Espinharas, Pincó e um sem-número de afluentes. A Paraíba é o segundo Estado com o maior déficit hídrico do país, com perda de mais de 1 milhão de metros cúbicos por ano, segundo revela um estudo da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), divulgado durante a I Conferência Municipal de Meio Ambiente de Campina Grande.

As principais causas dessa perda de recursos hídricos são a desertificação, que já atinge 76% da superfície territorial, e a devastação do meio ambiente, entre as quais se destaca a poluição dos mananciais hídricos. O alerta é do analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), o biólogo Ronilson José da Paz.

Só para se ter uma ideia da quantidade de esgoto que vai parar nas águas dos rios, apenas 52,3% dos domicílios no Estado dispõem de serviço de esgotamento sanitário e/ou pluvial. Portanto o restante, necessariamente, tem que tomar outros rumos, e não raras vezes, vão parar nas águas fluviais sem qualquer tratamento prévio. “O esgotamento sanitário é o maior fator de poluição dos rios, porque muitas das cidades ao longo do trajeto dos rios não possuem esgotamento”, disse o presidente da Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), José Ernesto Bezerra.

O resultado disso é fácil de se observar em inúmeros pontos do Estado, como em algumas regiões dos municípios de Bayeux, onde há esgoto sendo lançado diretamente no rio Sanhauá, que também sofre agressões na região do Porto do Capim, no centro antigo, e o mesmo lançamento de esgoto acontece no centro da cidade de Santa Rita; no bairro São José, na capital, a população ribeirinha despeja dejetos e lixo no rio Jaguaribe; o rio Gramame, que sofre com os efluentes (rejeitos) das indústrias, em Campina Grande, e vários outros casos no Estado.

Recentemente, duas empresas foram autuadas por supostamente estarem lançando efluentes no rio Gramame, em Campina Grande, sem outorga da Aesa. Mas de acordo com o chefe da fiscalização do Ibama, Rodrigo Escarião, hoje elas já têm o documento, concedido mediante análise técnica de caracterização do efluente, qualidade da água do rio e capacidade de auto-depuração do corpo de água. Quando o prejuízo ao meio ambiente é constatado, o responsável é notificado para apresentar documentação, e se não atender às exigências, é autuado e a atividade pode ser embargada.

[EcoDebate, 18/02/2009]

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