Trump retoma o uso de carvão como fonte de energia
Gráfico da matriz energética dos EUA. Fonte: EIA/Environmental Working Group
Por Vivaldo José Breternitz
Donald Trump determina a órgãos do governo americano que passem a considerar o carvão como um mineral crítico, permitindo que algumas usinas que usam esse produto para gerar eletricidade e que estavam prestes a fechar, continuem operando.
A determinação de Trump é parte de um esforço para aumentar a produção de eletricidade, principalmente para atender à demanda dos grandes data centers.
Felizmente é improvável que a determinação reverta o declínio persistente do uso carvão para gerar energia. Esse uso tem diminuído constantemente: a nível global, caiu em 2024 para 34%, abaixo dos 36% de 2023. Nos Estados Unidos, em 2001 o carvão gerava 51% da eletricidade do país, contra os 15% de 2024.
As restrições de ordem ambiental causaram parte dessa redução, mas o principal fator tem sido o gás natural de baixo custo. Fontes renováveis baratas, como energia eólica e solar, também ajudaram.
O carvão é a forma mais suja de gerar eletricidade. Libera mais dióxido de carbono por quilowatt-hora do que qualquer outro combustível fóssil, e sua fumaça é carregada de dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio e partículas finas.
Juntos, eles causam uma variedade de problemas ambientais e de saúde, desde chuva ácida e danos à camada de ozônio até doenças cardíacas e possivelmente Parkinson. A queima de carvão também libera mercúrio no meio ambiente, material que se acumula em peixes e outros animais, chegando aos humanos que os consomem. O envenenamento por mercúrio diminui o QI e causa defeitos congênitos.
Fontes de energia renovável, além de mais baratas, também podem ser implantadas mais rapidamente do que novas usinas que queimem combustíveis fósseis, o que torna a perspectiva de construir novas usinas de carvão para atender às necessidades de data centers mais remota.
Espera-se que do arsenal de sandices de Trump não surjam exigências no sentido de usar o carvão.
Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – vjnitz@gmail.com.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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