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Artigo

Conversar com as plantas pode nos fazer bem

 

Vaso de plantas
Foto de Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Podemos nos sentir mais aliviados das nossas dores, estresses e temores quando conversamos com as plantas

Ensaio de Rosângela Trajano

Vivemos em uma sociedade cada vez mais egoísta e individualista. As pessoas não se falam mais e muitas têm se sentido sozinhas em suas casas. Tem gente que conversa com o gato, com o cachorro ou com a televisão, mas tem gente que gosta de conversar com as plantas e isso pode fazer muito bem para ambas as partes.

Quando contamos um segredo para as plantas sabemos que elas não vão sair por aí contando para Deus e o mundo o que ouviram, então podemos ter a certeza de que o que foi contado ficará só entre nós e as plantas que são grande amigas e se soubermos ter um olhar mais cuidadoso para elas é possível até que nos façam carinhos e nos digam alguma coisa que não sabemos interpretar acostumados que estamos com a linguagem racional.

Para as plantas, quando elas nos escutam, sentem-se felizes e as vibrações sonoras que recebem da nossa voz as deixam mais bonitas. Alguns estudos sugerem que essas vibrações podem estimular o movimento de fluidos ou até a ativação de genes relacionados ao crescimento. Sem contar que quando falamos emitimos Dióxido de Carbono (CO2). As plantas precisam desta substância para fazerem a sua fotossíntese, principalmente em lugares fechados como apartamentos.

Também nos sentimos melhor e menos estressados ao desabafarmos com as plantas, pois segundo uma terapia natural chamada ecoterapia a conversa com as plantas pode causar vários benefícios ao ser humano, dentre eles a quebra da solidão e da ausência de quem já partiu. Esquecemos muitas vezes dos nossos problemas e da tecnologia contemporânea quando tiramos um tempinho para conversarmos as nossas dúvidas ou qualquer coisa insignificante com as plantas, o que elas querem mesmo é nos ouvir e o que mais desejamos é sermos ouvidos com atenção.

Ao conversarmos perto das folhas, soltamos um pouco de umidade (vapor da respiração) e calor corporal. Isso não é determinante, mas em ambientes secos ou frios pode suavemente afetar o microclima em volta da planta. E se estiver fazendo frio demais a plantinha pode se sentir aquecida com a nossa audição. Já pensaram que coisa linda é aquecer uma planta?

Conversar com seres vivos (até mesmo com plantas) pode liberar ocitocina, o “hormônio do afeto”, que gera sensações de bem-estar. Podemos nos sentir mais aliviados das nossas dores, estresses e temores quando conversamos com as plantas. E isso não é coisa de maluco, é comprovado pela ciência que o hormônio do afeto é produzido cada vez mais intensamente quando conversamos com quem gostamos e sentimos que estamos sendo ouvidos.

A prática de cuidar das plantas, junto da conversa, pode ativar neurotransmissores ligados ao prazer, à alegria e à sensação de recompensa, daí produzirmos mais endorfina que é a substância do prazer e da alegria. Sem contar que a fala tranquila, o contato visual com o verde e o cuidado abaixam os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Por isso tudo que mostrei acima, é comprovado que todos nós devemos conversar com as plantas sempre que pudermos independente de estarmos nos sentindo sozinhos ou não porque não somos egoístas, mas seres humanos que nos preocupamos com a natureza.

Você pode cantar para a sua plantinha ou até mesmo colocar uma música em um volume mais alto para que ela possa escutar, pois um experimento feito pelo The MythBusters (Discovery Channel) mostrou que plantas expostas a vibrações sonoras crescem mais fortes e bonitas.

Espiritualmente nos tornamos pessoas melhores quando passamos a conversar com as plantas porque aprendemos com elas a arte de ouvir com atenção e aprendemos que segredos devem ser levados para a eternidade. Nos tornamos pessoas melhores para o mundo e o mundo para nós ao darmos atenção às nossas plantinhas por mais pequeninas que elas sejam. Então, vamos conversar com as plantas?

Rosângela Trajano, Colunista do EcoDebate, é poetisa, escritora, ilustradora, revisora, diagramadora, programadora de computadores e fotógrafa. Licenciada e bacharel em filosofia pela UFRN e mestra em literatura comparada também pela UFRN. É pesquisadora do CIMEEP – Centro Internacional e Multidisciplinar de Estudos Épicos. Com mais de 50 (cinquenta) livros publicados para crianças, ministra aulas de Filosofia para crianças na varanda da sua casa, de forma voluntária. Além disso, mora pertinho de um mangue aonde vai todas as manhãs receber inspiração para poetizar.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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