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Derretimento do gelo Ártico pode impactar corrente do Atlântico

 

 

Estudo revela que o derretimento do gelo marinho no Ártico pode ter efeitos significativos na Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), sistema crucial para o clima global.

O acelerado derretimento do gelo marinho no Ártico, impulsionado pelas mudanças climáticas, pode estar afetando um dos sistemas oceânicos mais importantes do planeta: a Circulação Meridional do Atlântico (AMOC, na sigla em inglês). Essa é a conclusão de um estudo recente da Universidade de Gothenburg, que analisou como as mudanças na espessura do gelo ártico influenciam as correntes oceânicas.

O que é a AMOC e por que ela é importante?

A AMOC funciona como uma “esteira rolante” oceânica, transportando água quente dos trópicos para o norte do Atlântico e devolvendo água fria para o sul. Esse mecanismo regula o clima em regiões como a Europa e a costa leste dos EUA, mantendo temperaturas mais amenas e influenciando padrões de chuva.

Nos últimos anos, porém, pesquisas indicam que a AMOC está enfraquecendo, com potenciais consequências dramáticas: invernos mais rigorosos na Europa, aumento do nível do mar e alterações nos ecossistemas marinhos.

O papel do gelo ártico

O estudo sueco, publicado em Nature Climate Change, destaca que o afinamento do gelo marinho no Ártico – e não apenas sua extensão – está contribuindo para esse fenômeno. Quando o gelo se torna mais fino, ele é mais facilmente transportado pelos ventos para o Atlântico Norte, onde derrete e libera água doce.

Esse influxo de água doce reduz a salinidade do oceano, enfraquecendo a formação de águas profundas (um motor crucial da AMOC). “Antes, o gelo mais espesso agia como uma barreira, mas agora vemos que o gelo fino está sendo levado para zonas chave, perturbando o equilíbrio”, explica um dos autores.

Riscos e alerta climático

Se a AMOC continuar a perder força, os impactos podem incluir:

  • Mudanças bruscas no clima da Europa, com possíveis resfriamentos locais.
  • Alterações nos ciclos de furacões no Atlântico.
  • Risco de colapso em longo prazo, como já ocorreu no passado geológico.

Os pesquisadores enfatizam a necessidade de monitoramento contínuo e políticas climáticas mais rigorosas. “O Ártico está enviando sinais claros de que o sistema está sob estresse”, alerta o estudo.

A pesquisa reforça que o derretimento do Ártico não é apenas um problema regional – é um fator crítico na crise climática global. Enquanto líderes debatem metas de emissões, o oceano já está respondendo às mudanças, e os efeitos podem ser irreversíveis se não houver ação imediata.

 

O Giro de Beaufort, no Oceano Ártico, abriga hoje grandes quantidades de água doce. Se o giro enfraquecer devido às mudanças climáticas, liberará água doce que possa inundar o Atlântico Norte e ter um impacto na AMOC. Imagem: Instituto Alfred Wegener/Marylou Athanase

O Giro de Beaufort, no Oceano Ártico, abriga hoje grandes quantidades de água doce. Se o giro enfraquecer devido às mudanças climáticas, liberará água doce que possa inundar o Atlântico Norte e ter um impacto na AMOC. Imagem: Instituto Alfred Wegener/Marylou Athanase

 

Referência:

Athanase, M., Köhler, R., Heuzé, C., Lévine, X., & Williams, R. (2025). The Arctic Beaufort Gyre in CMIP6 models: Present and future. Journal of Geophysical Research: Oceans, 130, e2024JC021873. https://doi.org/10.1029/2024JC021873

Fonte: University of Gothenburg

 
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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