Idosos se preocupam com impactos dos extremos climáticos na saúde
Vivenciar eventos climáticos extremos influencia percepção de idosos sobre mudanças climáticas e saúde, revela pesquisa
Um estudo recente realizado pela Universidade de Michigan revelou que pessoas com mais de 50 anos que vivenciaram eventos climáticos extremos nos últimos dois anos estão significativamente mais preocupadas com os impactos das mudanças climáticas em sua saúde.
A pesquisa, conduzida pelo National Poll on Healthy Aging, mostrou que 74% dos idosos americanos já enfrentaram pelo menos um evento climático extremo no período, e essa experiência tem um impacto direto em sua percepção sobre o tema.
De acordo com os dados, 59% dos entrevistados com 50 anos ou mais expressaram preocupação com os efeitos das mudanças climáticas em sua saúde.
No entanto, esse número salta para 70% entre aqueles que vivenciaram eventos como incêndios florestais, ondas de calor extremo, tempestades severas ou quedas de energia prolongadas. Em contraste, apenas 26% dos que não passaram por tais situações demonstraram preocupação semelhante.
A pesquisa também identificou que certos grupos estão mais propensos a se preocupar com o tema, incluindo mulheres, pessoas que relatam saúde mental regular ou ruim e residentes de áreas urbanas.
Apesar disso, apenas 6% dos entrevistados afirmaram ter discutido com profissionais de saúde como se preparar para os efeitos de eventos climáticos extremos, como proteger os pulmões da fumaça de incêndios, garantir o acesso a medicamentos durante interrupções prolongadas de energia ou identificar locais de refúgio em suas comunidades.
Impacto na saúde e preocupações futuras
Além da preocupação com sua própria saúde, 74% dos idosos demonstraram preocupação com os impactos das mudanças climáticas na saúde das gerações futuras. Entre os que vivenciaram eventos climáticos extremos, esse número sobe para 83%, enquanto entre os que não tiveram essa experiência, cai para 45%.
O calor extremo foi o evento mais comum relatado, com 63% dos entrevistados afirmando ter enfrentado pelo menos uma onda de calor significativa nos últimos dois anos.
Em seguida, aparecem a má qualidade do ar devido à fumaça de incêndios florestais (35%) e tempestades severas (31%). Interrupções prolongadas de energia, que podem ou não estar relacionadas a eventos climáticos, foram mencionadas por 13% dos participantes.
Quando questionados sobre quais potenciais efeitos futuros das mudanças climáticas mais os preocupam, os idosos citaram ondas de calor mais intensas (70%), poluição do ar e má qualidade do ar (69%), perda de infraestrutura básica como energia e água (68%), tempestades mais frequentes e severas (68%) e mudanças nos padrões de doenças infecciosas (66%).
Preparação e ações práticas
A pesquisa também destacou que idosos com problemas de saúde ou deficiências que limitam suas atividades diárias são ligeiramente mais propensos a discutir preparação para emergências climáticas com profissionais de saúde (8% vs. 5%).
Entre os que tiveram essas conversas, 64% tomaram pelo menos uma medida para se preparar, como estocar medicamentos ou identificar locais de refúgio.
Os dados sugerem uma oportunidade significativa para que profissionais de saúde e autoridades públicas ampliem a conscientização e o apoio a essa população, especialmente considerando o aumento na frequência e intensidade de desastres climáticos.
Entre 2023 e 2024, por exemplo, o número de desastres climáticos com custos superiores a um bilhão de dólares quase empatou, refletindo uma tendência crescente que afeta diretamente a vida dos idosos.
A pesquisa reforça a importância de integrar a discussão sobre mudanças climáticas e saúde no atendimento médico a idosos, especialmente diante do aumento de eventos extremos. Para muitos, a experiência direta com esses fenômenos tem sido um alerta sobre os riscos reais que as mudanças climáticas representam para sua saúde e bem-estar.
A baixa porcentagem de idosos que discutem o tema com profissionais de saúde indica a necessidade de maior engajamento e educação sobre como se preparar para um futuro cada vez mais imprevisível.
A pesquisa foi realizada em agosto de 2024, antes de alguns dos eventos climáticos mais extremos do ano, como o furacão Helene em setembro e os incêndios florestais na área de Los Angeles em janeiro de 2025, que provavelmente reforçariam ainda mais as preocupações identificadas.
Com o envelhecimento da população e a intensificação das mudanças climáticas, o tema deve ganhar ainda mais relevância nos próximos anos.
Preocupações com outros efeitos potenciais das mudanças climáticas – A maioria dos adultos com 50 anos ou mais disse que está preocupada com os efeitos potenciais das mudanças climáticas
Referência:
National Poll on Healthy Aging Team. Beyond the Forecast: Experiences with Extreme Weather and Concerns About Climate and Health. University of Michigan National Poll on Healthy Aging. March/April 2025. DOI: https://dx.doi.org/10.7302/2528
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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