Crescimento da extrema-direita ameaça o nosso futuro comum
A luta contra a extrema-direita não é apenas uma batalha política, mas também uma defesa da humanidade e do planeta
No cenário político atual, é inegável o crescimento rápido e perigoso da extrema-direita em diversas partes do mundo. Esse fenômeno não é apenas uma repetição de padrões históricos, mas também uma reafirmação de uma agenda intolerante e autoritária que remonta à década de 1930, período marcado pelo surgimento de regimes fascistas na Europa.
A extrema-direita, tanto no passado quanto no presente, é uma ideologia fundamentada no ódio, na intolerância e na ausência de empatia para com aqueles que pensam ou são diferentes. Sua agenda é explicitamente preconceituosa, racista, homofóbica, misógina e religiosa, além de promover um nacionalismo isolacionista e um desprezo pela educação, cultura e ciência.
Um dos aspectos mais alarmantes desse movimento é a valorização da ignorância como se fosse uma virtude. A extrema-direita ataca sistematicamente a educação e o pensamento crítico, vendo neles uma ameaça ao seu projeto de poder.
Ao desacreditar a ciência e a cultura, ela busca minar as bases do conhecimento e da razão, substituindo-as por dogmas e narrativas simplistas que alimentam o medo e o ódio. Esse desprezo pelo saber não é apenas uma estratégia política, mas uma característica intrínseca de uma ideologia que se alimenta da desinformação e do obscurantismo.
Outro ponto em comum entre a extrema-direita do passado e a atual é o ódio às instituições democráticas, em especial ao sistema de justiça e à imprensa livre. A violência política, muitas vezes justificada como “ação direta”, é uma tática recorrente para intimidar opositores e consolidar o poder, ecoando uma tática comum em todos os regimes autoritários.
Agora, a agenda de intolerância religiosa remete ao autoritarismo de Salazar, em Portugal, e Franco, na Espanha, que também buscaram subjugar as instituições democráticas e impor uma visão de mundo baseada em dogmas religiosos e ideológicos.
Hoje, vemos a extrema-direita atacando o estado laico e defendendo a imposição de políticas públicas alinhadas a uma visão religiosa dominante, o que representa um retrocesso civilizatório e uma ameaça à liberdade individual.
O capitalismo selvagem, por sua vez, sempre encontrou aliados nos governos autoritários da extrema-direita. No entanto, o que vemos hoje é um cenário ainda mais preocupante: um pequeno grupo de bilionários não apenas apoia os retrocessos propostos por esses movimentos, mas também impõe uma agenda de desregulação e eliminação de limites éticos e legais à ação corporativa.
A maximização dos lucros, sem qualquer consideração pelos direitos humanos ou pela proteção ambiental, tornou-se o objetivo central. Recursos naturais são explorados de forma predatória, sem respeito aos direitos territoriais ou aos princípios básicos de sustentabilidade. A ameaça de guerras de conquista para a apropriação de recursos é uma realidade cada vez mais presente, colocando em risco a paz global e a sobrevivência do planeta.
No entanto, apesar do crescimento alarmante da extrema-direita, é importante ressaltar que esse fenômeno não é um destino inevitável.
A história nos mostra que movimentos autoritários podem ser combatidos e derrotados quando há união em torno de valores democráticos e humanistas.
A defesa intransigente da democracia, dos direitos humanos, da justiça social e da diversidade (racial, étnica, cultural, religiosa, sexual e gênero, …) é essencial para enfrentar essa onda de intolerância. Além disso, é fundamental basear nossas ações em evidências científicas, promovendo a proteção ambiental e a saúde coletiva.
A luta contra a extrema-direita não é apenas uma batalha política, mas também uma defesa da humanidade e do planeta.
Enfrentar essa ameaça exige coragem, resistência e um compromisso inabalável com os princípios que garantem a dignidade e a liberdade de todos.
O futuro não está escrito, e cabe a nós decidir se seremos espectadores passivos do desastre que se aproxima ou atores determinados na construção de um mundo mais justo, igualitário e sustentável.
Henrique Cortez, jornalista e ambientalista. Editor do EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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