Avanços na educação brasileira com redução das desigualdades de raça/cor
Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
O IBGE divulgou parte dos resultados preliminares de educação do Censo Demográfico de 2022 mostrando que, no longo prazo, a educação brasileira tem apresentado melhoras, apesar das desigualdades e a despeito de estar atrás de outros países com o mesmo nível de desenvolvimento
O gráfico abaixo mostra que a população brasileira com 25 anos ou mais de idade, no ano 2000, tinha 63,2% das pessoas com nível de instrução “Sem instrução e fundamental incompleto”, caindo para 49,3% em 2010 e ficando em 35,2% em 2022. Por outro lado, houve melhora nos outros níveis de instrução.
O percentual de pessoas no nível “Fundamental completo e médio incompleto” era de 12,8% no ano 2000, subiu para 14,7% em 2010 e diminuiu levemente para 14% em 2022. O percentual de pessoas no nível “Médio completo e superior incompleto” era de 16,3% no ano 2000, subiu para 24,6% em 2010 e chegou a 32,3% em 2022. O percentual de pessoas no nível “Superior completo” era de 6,8% no ano 2000, subiu para 11,3% em 2010 e alcançou 18,4% em 2022.
Como mostrei no artigo “A reversão do hiato de gênero na educação brasileira”, publicado aqui no Portal Ecodebate (Alves, 05/03/2025) os anos médios de estudo da população brasileira, em 1960, era de 1,9 anos para os homens e 1,7 anos para as mulheres, passando, respectivamente, para 9,3 anos e 9,8 anos em 2022. A escolaridade das mulheres brasileiras mais do que quadruplicou em anos médios de estudo, entre 1960 e 2022.
O gráfico abaixo mostra os anos médios de estudo por raça/cor para o Brasil em 2022. Nota-se que as maiores médias de anos de estudo são da população amarela (de origem do leste asiático), seguida da população branca. Pretos e pardos possuem os mesmo valores e a população indígena apresenta os menores números. Em todos os grupos as mulheres possuem maior número de anos de estudo, com exceção dos amarelos, com os homens possuindo 12,1 anos de estudo e as mulheres 11,9 anos de estudo. As mulheres amarelas possuem maior número de anos de estudo do que as mulheres e os homens dos outros grupos, mas perdem para os seus pares homens.
Comparando os resultados de 2022 com operações censitárias anteriores, nota-se que a proporção da população branca com 25 anos ou mais que possuía nível superior no ano 2000 era de 9,9%, subiu para 16,6% em 2010 e para 25,8% em 2022. Os números para a população preta eram de 2,4% no ano 2000, 5,7% em 2010 e 12,3% em 2022. Para a população parda os números são 2,1% no ano 2000, 5,2% em 2010 e 11,7% em 2022. A diferença da proporção de pessoas com nível superior entre brancos e pretos era de 4 vezes no ano 2000 e caiu para 2 vezes em 2022. A redução de aproximadamente a mesma magnitude ocorreu entre a população que se autodeclara parda.
Indubitavelmente, houve melhorias na educação brasileira nas últimas décadas e também houve redução das desigualdades de gênero e de raça/cor.
Porém, a educação brasileira tem amplo espaço para avanços quantitativos e qualitativos e para a redução das desigualdades sociais e educacionais ao longo do século XXI.
José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382
Referências:
ALVES, JED. A reversão do hiato de gênero na educação brasileira, Ecodebate, 05/03/2025 https://www.ecodebate.com.br/2025/03/05/a-reversao-do-hiato-de-genero-na-educacao-brasileira/
BELTRÃO, K.I. ALVES, JED. A Reversão do Hiato de Gênero na Educação Brasileira no Século XX. Cadernos de Pesquisa, v.39, n.136, p.125-156, jan./abr. 2009
https://www.scielo.br/j/cp/a/8mqpbrrwhLsFpxH8yMWW9KQ/?format=pdf&lang=pt
ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século XXI (com a colaboração de GALIZA, F), ENS, maio de 2022
https://prdapi.ens.edu.br/media/downloads/Livro_Demografia_e_Economia_digital_2.pdf
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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