Influenciadores geram riscos para o comportamento do consumidor
Imagem: Freepik
O lado obscuro dos influenciadores digitais: Como o marketing e o comportamento do consumidor são impactados
Pesquisa revela os efeitos negativos da influência digital e questiona a ética por trás das estratégias de marketing nas redes sociais.
Um estudo recente da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, trouxe à tona uma discussão crucial sobre o papel dos influenciadores digitais no marketing e no comportamento do consumidor.
A pesquisa, intitulada “The Dark Side of Social Media Influencers” [O Lado Obscuro dos influenciadores de Mídia Social], revela como a relação entre marcas, influenciadores e seguidores pode ter impactos negativos, tanto para os consumidores quanto para a própria indústria de marketing.
De acordo com o estudo, os influenciadores digitais, muitas vezes vistos como figuras autênticas e próximas do público, podem, na realidade, estar contribuindo para a disseminação de padrões irreais de consumo e comportamento.
A pesquisa aponta que a constante exposição a conteúdos patrocinados e a promoção de estilos de vida idealizados podem levar a sentimentos de inadequação, ansiedade e até mesmo endividamento entre os seguidores.
Influenciadores e o Marketing
Os influenciadores digitais surgiram como uma nova força no marketing, oferecendo uma abordagem mais pessoal e “relacionável” para promover produtos e serviços.
No entanto, a pesquisa da Universidade de Portsmouth alerta que essa aparente autenticidade pode ser uma fachada. Muitos influenciadores são contratados por marcas para promover produtos de forma sutil, muitas vezes sem deixar claro que se trata de conteúdo patrocinado.
Essa falta de transparência pode enganar os consumidores, que passam a confiar em recomendações que, na verdade, são estratégias de marketing bem elaboradas.
Além disso, o estudo destaca que a pressão por manter uma imagem perfeita nas redes sociais pode levar os próprios influenciadores a adotarem comportamentos prejudiciais, como o uso excessivo de filtros e edições, a promoção de dietas extremas ou até mesmo o endosso de produtos sem comprovação de qualidade.
Essas práticas não só afetam a saúde mental dos influenciadores, mas também reforçam padrões irreais entre seus seguidores.
Impactos no Comportamento do Consumidor
A pesquisa também analisou como o comportamento do consumidor é moldado pela influência digital. Os resultados indicam que a exposição constante a conteúdos patrocinados e a estilos de vida luxuosos pode levar a um aumento no consumo impulsivo. Muitos seguidores, especialmente jovens, relatam sentir a necessidade de comprar produtos ou vivenciar experiências promovidas por influenciadores, mesmo quando isso significa gastar além de suas possibilidades financeiras.
Outro ponto destacado pelo estudo é o impacto psicológico dessa dinâmica. A comparação constante com a vida “perfeita” dos influenciadores pode gerar sentimentos de insatisfação e baixa autoestima entre os seguidores. A pesquisa sugere que isso pode contribuir para o aumento de problemas como ansiedade, depressão e transtornos alimentares, especialmente entre adolescentes e jovens adultos.
Ética e Regulamentação
Diante desses achados, a pesquisa da Universidade de Portsmouth levanta questões importantes sobre a ética no marketing digital. Os autores do estudo defendem a necessidade de maior transparência e regulamentação no setor.
Eles sugerem que plataformas de mídia social, marcas e influenciadores devem adotar práticas mais responsáveis, como a clara identificação de conteúdos patrocinados e a promoção de mensagens mais realistas e inclusivas.
O estudo pede uma supervisão mais rigorosa, maior transparência e estratégias de marketing ética para mitigar esses riscos. Os pesquisadores sugerem as seguintes estratégias para os formuladores de políticas e profissionais de marketing:
Transparência e conformidade ética: as marcas devem aplicar políticas de divulgação claras para garantir parcerias responsáveis com os influenciadores.
Regulação e proteção do consumidor: os governos devem fortalecer as políticas sobre o marketing de influência para evitar práticas enganosas e desinformação.
Consciência de saúde mental: empresas e influenciadores devem priorizar conteúdo autêntico que promova o bem-estar, em vez de ideais inatingíveis.
Proteção de privacidade de dados: salvaguardas e campanhas de conscientização mais fortes são necessárias para proteger os usuários de violações de privacidade e exploração de dados.
Além disso, o estudo recomenda que os consumidores sejam educados sobre o funcionamento do marketing digital, para que possam tomar decisões de compra mais conscientes e críticas.
A conscientização sobre os impactos psicológicos e financeiros da influência digital é essencial para proteger os usuários, especialmente os mais vulneráveis.
Conclusão
A pesquisa da Universidade de Portsmouth serve como um alerta sobre os riscos associados ao poder dos influenciadores digitais. Enquanto eles continuam a desempenhar um papel central no marketing moderno, é crucial que marcas, plataformas e os próprios influenciadores assumam a responsabilidade pelo impacto de suas ações.
A busca por lucro e engajamento não pode se sobrepor ao bem-estar dos consumidores e à ética nas relações comerciais.
Referência:
Ekinci, Y., Dam, S. and Buckle, G. (2025), The Dark Side of Social Media Influencers: A Research Agenda for Analysing Deceptive Practices and Regulatory Challenges. Psychology & Marketing. https://doi.org/10.1002/mar.22173
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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