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Altas temperaturas fazem as plantas perderem água

 

O aumento da temperatura pode reduzir a capacidade das plantas de absorver carbono

As plantas desempenham um papel essencial na regulação do clima da Terra, mas pesquisas recentes indicam que o aumento das temperaturas pode comprometer esse equilíbrio.

Um estudo revelou que, sob calor intenso, as plantas perdem mais água do que se pensava anteriormente, o que pode limitar sua capacidade de absorver dióxido de carbono (CO₂) e, em cenários extremos, transformá-las em fontes de carbono em vez de sumidouros.

Como plantas perdem água e por que isso importa?

A fotossíntese é um processo vital para a biosfera. Nele, as plantas absorvem CO₂ através de pequenos poros em suas folhas, chamados estômatos, e liberam oxigênio e vapor d’água. Como o CO₂ é o principal responsável pelo aquecimento global, compreender como as temperaturas afetam esse processo é crucial para prever mudanças climáticas.

Até então, acreditava-se que as plantas perdiam a maior parte da água através dos estômatos, que se fecham para conservar umidade em condições de calor extremo. No entanto, o estudo revelou que, à medida que as temperaturas sobem, a perda de água ocorre predominantemente pela cutícula, a camada cerosa das folhas, que não pode se fechar. Quanto mais fina a cutícula, maior a perda de água.

Esse fenômeno significa que, sob calor intenso, as plantas continuam perdendo água, mas não conseguem absorver CO₂, prejudicando a fotossíntese e reduzindo sua capacidade de atuar como sumidouros de carbono. Em temperaturas extremas, podem até se tornar emissoras de carbono, agravando o aquecimento global.

O impacto no ciclo global da água e do carbono

A pesquisa estima que uma folha de tamanho médio exposta a 50°C pode perder cerca de um terço de uma colher de chá de água por dia através da cutícula. Quando essa perda é ampliada para florestas inteiras, os efeitos podem alterar significativamente os ciclos globais de carbono e água. Isso indica que os modelos climáticos atuais podem estar subestimando os impactos do aquecimento global sobre a vegetação.

Até que ponto as plantas suportam o calor?

Outro estudo, realizado com 200 espécies vegetais em Vancouver, mostrou que a fotossíntese começa a falhar entre 40°C e 51°C. Durante a onda de calor extremo de 2021, as temperaturas chegaram a 49,6°C na região, levando muitas plantas ao limite.

Pesquisas sugerem que 60°C pode ser o limite máximo para a sobrevivência vegetal. Acima dessa temperatura, as proteínas das células começam a se degradar, causando danos irreversíveis e levando à morte celular. Apenas algumas espécies tropicais e do deserto foram observadas sobrevivendo a tais extremos.

Fluxos de água de folhas durante períodos de alta e baixa disponibilidade de água. Durante períodos de disponibilidade de água e atividade fotossintética, os estômatos abrem para permitir a troca de gases com a atmosfera (imagem superior)
Fluxos de água de folhas durante períodos de alta e baixa disponibilidade de água. Durante períodos de disponibilidade de água e atividade fotossintética, os estômatos abrem para permitir a troca de gases com a atmosfera (imagem superior).

 

Referência:

Garen, J.C. and Michaletz, S.T. (2025), Temperature governs the relative contributions of cuticle and stomata to leaf minimum conductance. New Phytol, 245: 1911-1923. https://doi.org/10.1111/nph.20346

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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