Poluição do ar dentro de casa: o perigo invisível
Estudo revela que o ar em ambientes fechados pode estar mais poluído do que o externo devido ao uso de produtos químicos cotidianos
Um estudo recente realizado pela Universidade Purdue, nos Estados Unidos, alerta para um perigo invisível que pode estar afetando a saúde de milhões de pessoas: a poluição do ar dentro de casa.
De acordo com a pesquisa, o ar em ambientes internos pode estar significativamente mais poluído do que o externo, principalmente devido ao uso de produtos químicos comuns no dia a dia, como produtos de limpeza, cosméticos, tintas e até móveis.
O estudo, publicado no início de 2025, analisou a composição do ar em residências e identificou que substâncias químicas voláteis, conhecidas como COVs (Compostos Orgânicos Voláteis), são liberadas constantemente por esses produtos.
Esses compostos, quando inalados, podem causar uma série de problemas de saúde, desde irritações nas vias respiratórias até doenças crônicas, como asma e alergias. Em casos mais graves, a exposição prolongada a alguns COVs está associada ao aumento do risco de câncer.
Os pesquisadores destacam que, enquanto a poluição do ar externo é amplamente discutida e monitorada, a qualidade do ar interno muitas vezes é negligenciada. “Passamos a maior parte do tempo dentro de casa, especialmente em áreas urbanas, mas não nos damos conta de que o ar que respiramos nesses ambientes pode ser ainda mais prejudicial”, explica um dos autores do estudo.
Entre os produtos apontados como principais fontes de poluição interna estão os aerossóis, os removedores de manchas, os aromatizantes de ambiente e, até mesmo, materiais de construção, como tintas e vernizes.
Além disso, a falta de ventilação adequada nas residências agrava o problema, permitindo que os poluentes se acumulem no ambiente.
A pesquisa também chama a atenção para o impacto desses poluentes em grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios preexistentes. “Crianças, por exemplo, são mais suscetíveis aos efeitos dos COVs porque respiram mais rápido e passam mais tempo em contato com o chão e superfícies onde esses compostos podem se depositar”, alerta o estudo.
Para reduzir os riscos, os especialistas recomendam algumas medidas simples, como optar por produtos de limpeza e cosméticos naturais ou com baixo teor de COVs, aumentar a ventilação dos ambientes e utilizar purificadores de ar.
Além disso, a escolha de materiais de construção e móveis menos tóxicos pode fazer uma grande diferença a longo prazo.
O estudo da Universidade Purdue serve como um alerta para a necessidade de maior conscientização sobre a qualidade do ar que respiramos dentro de casa.
Enquanto governos e organizações focam em reduzir a poluição externa, é essencial que políticas públicas e campanhas de saúde também abordem os perigos invisíveis presentes em nossos lares.
Afinal, um ambiente saudável começa pelo ar que respiramos.
Referências:
Flame-free candles are not pollution-free: Scented wax melts as a significant source of atmospheric nanoparticles
Environmental Science & Technology Letters
DOI: 10.1021/acs.estlett.4c00986
Real-time evaluation of terpene emissions and exposures during the use of scented wax products in residential buildings with PTR-TOF-MS
Building and Environment
DOI: 10.1016/j.buildenv.2024.111314
Rapid nucleation and growth of indoor atmospheric nanocluster aerosol during the use of scented volatile chemical products in residential buildings
ACS ES&T Air
DOI: 10.1021/acsestair.4c00118
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]