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Novo teste detecta Alzheimer precoce através de biomarcador

 

em pauta: saúde

Novo teste de biomarcadores pode revolucionar diagnóstico precoce do Alzheimer, aponta estudo

Pesquisadores da Universidade de Pittsburgh School of Medicine desenvolveram um teste de biomarcadores capaz de detectar formas patológicas da proteína tau no cérebro, no líquido cefalorraquidiano e potencialmente no sangue anos antes que os emaranhados de tau se tornem visíveis em exames de imagem de pacientes com Alzheimer.

Publicado na revista Nature Medicine, o estudo abre caminho para diagnósticos precoces e intervenções mais eficazes contra a doença, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

A proteína tau, quando mal dobrada, forma emaranhados neurofibrilares, um dos principais marcadores patológicos do Alzheimer. Esses emaranhados estão mais fortemente associados ao declínio cognitivo do que outras alterações cerebrais, como o acúmulo de placas de beta-amiloide.

Embora a patologia da beta-amiloide geralmente preceda as anormalidades da tau, muitos idosos com placas de beta-amiloide nunca desenvolvem sintomas de Alzheimer.

Por isso, a detecção precoce da tau é considerada crucial para um diagnóstico mais preciso e para intervenções que possam retardar ou até reverter a progressão da doença.

O novo teste desenvolvido pela equipe do pesquisador Thomas Karikari identifica uma região central da proteína tau, composta por 111 aminoácidos, chamada tau258-368. Essa região é essencial para a formação dos emaranhados neurofibrilares.

Além disso, o estudo identificou dois novos sítios de fosforilação (p-tau-262 e p-tau-356) que podem indicar com precisão o estágio inicial da agregação da tau. Esses marcadores permitem não apenas detectar a presença de tau propensa a aglomerações, mas também avaliar a gravidade do declínio cognitivo, independentemente de outros fatores, como a deposição de beta-amiloide.

Superando limitações dos métodos atuais

Atualmente, a tomografia por emissão de pósitrons (PET) para tau é o método mais confiável para avaliar a carga de tau no cérebro. No entanto, essa técnica tem limitações significativas: é cara, de baixa resolução, exige mão de obra especializada e só detecta os emaranhados de tau quando já estão em grande quantidade, momento em que a patologia cerebral já está avançada e difícil de reverter.

O novo teste de biomarcadores, por outro lado, pode identificar alterações na tau em estágios muito precoces, quando intervenções terapêuticas têm maior potencial de sucesso.

Karikari já havia demonstrado em trabalhos anteriores que formas específicas de tau fosforilada, como p-tau181, p-tau217 e p-tau212, podem prever a presença de beta-amiloide no cérebro sem a necessidade de exames de imagem caros e demorados. Agora, com a descoberta dos novos sítios de fosforilação, a equipe avança na detecção precoce da tau, superando uma das principais lacunas no diagnóstico do Alzheimer.

Implicações para o futuro do tratamento

A capacidade de detectar a tau em estágios iniciais pode transformar a abordagem clínica do Alzheimer.

Atualmente, a doença é diagnosticada com base em três pilares neuropatológicos: a presença combinada de tau, beta-amiloide e neurodegeneração.

No entanto, a detecção precoce da tau pode permitir intervenções antes que os danos cerebrais se tornem irreversíveis. Isso é particularmente relevante considerando que muitas terapias em desenvolvimento visam justamente impedir a formação dos emaranhados neurofibrilares.

Além disso, o fato do novo teste poder ser aplicado ao líquido cefalorraquidiano e, potencialmente, ao sangue, torna-o mais acessível e menos invasivo do que métodos como o PET. Isso pode democratizar o acesso a diagnósticos precoces, especialmente em regiões com recursos limitados.

Desafios e próximos passos

Apesar dos avanços, ainda há desafios a serem superados. A validação do teste em grandes populações e a padronização dos procedimentos são etapas essenciais antes que ele possa ser amplamente adotado na prática clínica. Além disso, é necessário investigar como as intervenções terapêuticas podem ser otimizadas com base nos novos biomarcadores.

Enquanto isso, a descoberta reforça a importância de investir em pesquisas que explorem os mecanismos moleculares do Alzheimer. Compreender como a tau se agrega e como esse processo pode ser interrompido é fundamental para desenvolver tratamentos eficazes. Para milhões de pacientes e suas famílias, essa pode ser a chave para um futuro com mais esperança.

Referência:

Islam, T., Hill, E., Abrahamson, E.E. et al. Phospho-tau serine-262 and serine-356 as biomarkers of pre-tangle soluble tau assemblies in Alzheimer’s disease. Nat Med (2025). https://doi.org/10.1038/s41591-024-03400-0

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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