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Extremos climáticos ameaçam a qualidade da água subterrânea

 

eventos climáticos extremos

Estudo destaca a vulnerabilidade dos recursos hídricos subterrâneos globais a eventos climáticos extremos, alertando para a necessidade urgente de ações para a segurança hídrica.

Em um estudo, publicado na revista Nature Communications, pesquisadores apresentaram evidências alarmantes de que eventos climáticos extremos estão comprometendo a qualidade e a estabilidade das águas subterrâneas, um recurso vital para bilhões de pessoas em todo o mundo.

A pesquisa, que analisou as águas subterrâneas ao longo de oito anos, revela que chuvas intensas e secas prolongadas estão superando os processos naturais de purificação do solo, permitindo que contaminantes penetrem nos aquíferos — as formações rochosas subterrâneas que armazenam a água subterrânea.

A água subterrânea é normalmente reabastecida pela precipitação que infiltra lentamente pelas camadas do solo. Durante esse processo, substâncias nocivas são filtradas naturalmente ao se ligarem a minerais do solo ou serem decompostas por microrganismos. Essa purificação natural garante que a água subterrânea permaneça limpa e segura para o consumo.

No entanto, o estudo demonstra que eventos climáticos extremos estão interrompendo esse sistema de filtragem crítico.

Durante chuvas intensas ou após períodos prolongados de seca, a água pode fluir rapidamente através de rachaduras no solo seco, ignorando as camadas superiores onde ocorre a purificação. Esse efeito de “curto-circuito” permite que poluentes da superfície — como matéria orgânica, pesticidas, herbicidas, antibióticos e outros contaminantes — entrem diretamente nos aquíferos. A equipe de pesquisa, concentrando-se em três locais geologicamente diversos na Alemanha, entre 2014 e 2021, utilizou um método analítico inovador para rastrear milhares de moléculas orgânicas individuais nas águas subterrâneas. Diferente dos métodos tradicionais que medem concentrações de carbono em massa, essa abordagem proporcionou uma análise mais sensível e detalhada das mudanças na qualidade da água.

Os resultados foram contundentes: ao longo do período do estudo, os pesquisadores observaram um aumento consistente de substâncias orgânicas provenientes da superfície nas águas subterrâneas, além de uma queda nos níveis de água subterrânea. Notavelmente, eles vincularam picos de contaminação a eventos climáticos extremos, em particular à severa seca de 2018. Esses resultados sugerem que os extremos climáticos não apenas estão reduzindo as reservas de águas subterrâneas, mas também degradando sua qualidade em um ritmo acelerado.

O método inovador do estudo, que detecta mudanças sutis nas moléculas orgânicas, pode servir como um sistema de alerta precoce para a contaminação das águas subterrâneas. Embora a pesquisa tenha se concentrado em indicadores orgânicos, as implicações se estendem a uma ampla gama de poluentes que podem ser carregados para os aquíferos durante eventos climáticos extremos.

À medida que as mudanças climáticas se intensificam, o estudo destaca a necessidade urgente de melhorar a gestão das águas subterrâneas e implementar estratégias de mitigação. O declínio dos processos naturais de purificação do solo, combinado com o aumento dos riscos de contaminação, representa uma ameaça significativa à segurança hídrica global. Cientistas alertam que a deterioração climática da qualidade da água subterrânea pode em breve superar os impactos da poluição causada pelo homem, tornando imperativo enfrentar essa crise crescente.

Em conclusão, o estudo evidencia o desafio duplo de níveis decrescentes de águas subterrâneas e contaminação crescente, impulsionados por extremos climáticos. Ele clama por ações imediatas para proteger esse recurso essencial, garantindo que bilhões de pessoas continuem a ter acesso a água potável limpa e confiável em um clima em transformação.

Referência:

Schroeter, S.A., Orme, A.M., Lehmann, K. et al. Hydroclimatic extremes threaten groundwater quality and stability. Nat Commun 16, 720 (2025). https://doi.org/10.1038/s41467-025-55890-2

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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