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Artigo

A evolução demográfica de Macapá nos seus 267 anos!

 

 

Ah…Macapá…
Com um pé cá e outro acolá.
No meio dos hemisférios, está a
capital do Amapá.
Cortada pela linha do Equador,
Macapá é um amor.
(IBGE – Minha Capital, 2021)

Artigo de Adrimauro Gemaque

A cidade de Macapá, que neste dia 4 de fevereiro completa 267 anos de fundação, tem a sua origem num destacamento militar. Segundo o historiador Edgar Rodrigues, (…) a história da cidade de São José de Macapá remonta aos idos coloniais e está relacionada à defesa e fortificação das fronteiras do Brasil, bem como à preocupação de garantir a fixação do homem em terras brasileiras, assegurando, assim, a soberania de Portugal nas terras conquistadas (in memoriam).

Ainda segundo o mesmo historiador, o núcleo de colonização tem sua origem em 1.738, após vários conflitos com os franceses de Caiena. Porém foi o governador do Grão Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, que elevou Macapá à condição de vila em 4 de fevereiro de 1758. São mais de dois séculos e meio depois da sua criação. Macapá foi elevada à condição de cidade, em 6 de setembro de 1856, pela Lei n.º 281. Sua divisão político-administrativa ocorre no ano de 1911. O município é constituído como sendo o distrito sede.

Quando Macapá foi elevada à condição de vila, em 1758, não constavam registros oficiais sobre a população, por ela pertencer à Província do Grão-Pará. Os primeiros dados oficiais sobre a demografia macapaense remontam do Recenseamento Geral do Brasil de 1872. Eram 876 habitantes, sendo 734 livres e 142 escravos, ou seja, 19,34% da população de Macapá eram de origem escrava. O que chama a atenção é que nos dados do mesmo censo (1872) a população de Mazagão era maior que a de Macapá. Mazagão tinha 2.222 habitantes, sendo 2.195 livres e 77 escravos.

Em 1872, num Brasil Imperial e pela sua extensão territorial, foi um desafio a logística para realizar o primeiro levantamento da população brasileira. Porém, tratava-se de uma das políticas inovadoras do imperador D. Pedro II. Um estudo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (2013) aponta que por ocasião do Censo de 1872 a população escrava representava 15,24% dos habitantes do Brasil. Foi constatado que no mesmo Censo a mesma população em Macapá representava 19,34%. Como se vê, percentual acima da média do Brasil. Mazagão registrava apenas 3,5% de escravos entre os seus residentes.

O Recenseamento de 1900 levantou que em Macapá existiam 6.707 moradores. Então, em 28 anos que compreenderam o Censo de 1872 e o de 1900 a população aumentou em 5.881 moradores. No Recenseamento Geral de 1920, a população que foi contabilizada ficou em 18.387 habitantes, ou seja, houve crescimento de 31,98%, em relação ao censo anterior. Já no Recenseamento Geral de 1940, o último antes da criação do território federal do Amapá, que ocorreu em 1943, a população de Macapá era de 16.234 habitantes, sendo 1.012 na zona urbana e 15.222 na zona rural. Na nossa Macapá dos anos de 1940 a população se caracterizava essencialmente rural.

Com a criação do Território Federal do Amapá, em 13 de setembro de 1943, pelo Decreto Lei Federal N.º 5.812, surge então uma nova unidade federativa no Brasil. Através do Decreto-lei Federal Nº 5.839, de 21 de setembro de 1943, uma nova divisão político-administrativa dividia o Amapá em três municípios: Amapá, Mazagão e Macapá. Já através do Decreto Lei Nº 6.550/1944, de 31 de maio de 1944, Macapá é investida na categoria de capital do novo Território Federal do Amapá.

Os dados do Recenseamento Geral de 1950 nos revelam que Macapá, como a capital do então Território Federal, possuía 20.594 habitantes. Assim, podemos constatar que se passaram 128 anos para que a população de Macapá chegasse acima de 20 mil habitantes, ainda com predominância rural. Todavia, a inversão dessa taxa de urbanização de Macapá começa a ser alterada com a criação dos municípios de Ferreira Gomes, Santana e Serra do Navio, através da Lei Federal nº 7.639/1987. Depois, com a elevação dos distritos de Porto Grande e Itaubal do Piririm à categoria de municípios, pelas Leis Estaduais Nº 03 e 05/1992, respectivamente. Os cincos municípios criados tiveram suas áreas remanescentes do município de Macapá.

Essa constatação se confirma no Censo Demográfico de 2000. Macapá possuía 283.308 habitantes, sendo 270.628 na zona urbana e 12.680 em área rural, ou seja, 95,32% estavam ocupando a zona urbana do município. O Censo Demográfico de 2010, nos revelou que esse percentual de ocupação da área urbana pela população aumentou, eram 380.937 na zona urbana e 16.976 na zona rural, ou seja, se inverteu.

Assim, o percentual ocupado na área urbana passa para 95,55% do total de moradores de Macapá. Evidentemente que a alteração na taxa de urbanização da população de Macapá sofreu também influência de outros fatores como; como o êxodo rural e a emigração, que contribuíram sem dúvidas para essas alterações no espaço geográfico.

O censo de 2022, demonstrou que existiam 418.800 residindo na área urbana e 24.133 na zona rural de Macapá. Comparando com 2010 houve a redução de 1,31% de habitantes que residiam na zona urbana.

Os dados da população de Macapá, levantados no censo demográfico de 2022 foram de 442.933 habitantes o que coloca a Capital do Amapá na 4ª posição entre as capitais da Região Norte.

O conjunto das capitais brasileiras tinha um montante de 45,5 milhões de habitantes em 2010, representando 23,8% do total da população brasileira. Pelo censo 2022, o conjunto das capitais ficou em 46,5 milhões de habitantes, representando 22,9% do total nacional. Mas nas estimativas de 2024, o conjunto ficou em 49,2 milhões de habitantes, representando 23,1% do total nacional (ALVES, 2024).

O conjunto das capitais brasileiras tinha um montante de 45,5 milhões de habitantes em 2010, representando 23,8% do total da população brasileira. Pelo censo 2022, o conjunto das capitais ficou em 46,5 milhões de habitantes, representando 22,9% do total nacional. Mas nas estimativas de 2024, o conjunto ficou em 49,2 milhões de habitantes, representando 23,1% do total nacional (ALVES, 2024).

Nesse contexto, no ranking das capitais do país, Macapá ocupa o 21º lugar com uma população maior que Vitória, a capital do Espírito Santo que tem 322.869 habitantes.

População residente nas capitais da Região Norte e Vitória (ES)

população residente nas capitais da região norte e vitória

Fonte: IBGE (Censo Demográfico de 2022)

Macapá ocupa a 52ª posição no ranking de população entre os 5.570 municípios de todo o país. Seus habitantes são jovens, a faixa etária com maior grupo populacional é de 20 a 24 anos, são 42.092 habitantes foi o que revelou o censo de 2022. Entretanto, não podemos deixar de registrar que o envelhecimento, um fenômeno mundial, alcança também Macapá.

Para o demógrafo professor doutor José Eustáquio, o envelhecimento populacional é inevitável. Mais cedo ou mais tarde, todos os países terão mais idosos do que jovens. Acrescenta ainda que (…) o envelhecimento populacional traz consigo uma série de desafios e demandas específicas em relação à saúde do idoso.

O censo de 2022 revelou que eram 38.171 pessoas com 60 e + anos residindo em Macapá, dentre elas 97 tinham mais de 100 anos. Esse grupo populacional representa 8,39% da população de Macapá que foi levantada que é de 442.933 moradores.

População residente em Macapá

população residente em Macapá

Fonte: IBGE (Censo Demográfico de 2022

A população estimada em 2024 de Macapá, segundo o IBGE, é de 487.200 habitantes, com densidade demográfica de 67,48 hab/km². Macapá fincou suas raízes nas margens do majestoso rio Amazonas e cresce olhando para a Fortaleza de São José em respeito aos seus baluartes, símbolo da arquitetura portuguesa que embeleza a sua paisagem.

Parabéns Macapá, pelos seus 267 anos!

Adrimauro Gemaque, é Analista do IBGE e Articulista.

       

Referências:

IBGE (Censos Demográficos de 1872, 1900, 1920, 1940, 1950, 2000, 2010, 2022 e 2024).

ALVES, JED. População das capitais brasileiras em 2010, 2022 e 2024, EcoDebate, 28.10.2024.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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2 thoughts on “A evolução demográfica de Macapá nos seus 267 anos!

  • Sérgio Sampaio Figueira

    O Artigo do Dr. Adrimauro Gemaque contém informações técnicas e precisas acerca da cidade de Macapá, a qual teve seu início com um destacamento militar dos colonizadores da época para assegurar as terras de nossa cidade de Macapá, incluindo roda sua evolução para que seu povo, na maioria, advindos das ilhas do Estado do Pará, em razão da Província do Grão-Pará. Nota-se o empenho e vontade de nosso Escritor em relembrar para o Brasil, em especial, para a Região Norte, da importância destas terras e de seu povo com a conservação e a manutenção, novamente ameaçadas, de seu meio ambiente. Grato, Dr. Adrimauro Gemaque.

  • Pedro James de Souza Guedêlha

    embora breve, mas bem robusta de dados estatísticos demográficos, esta excelente descrição da Evolução Demográfica do município macapaense, da percuciente lavra do técnico ibgeano Adrimauro, se presta, creio eu, para estudos estudantis, acadêmicos, e nacesfera do Planejamento do Desenvolvimento Socioeconômico da comuna, também é de consulta obrigatória, haja vista a a série histórica bem concatenação.
    Ademais, calhou bem a didática introdução histórica da análise demográfica, sublinhado o nascer do território amapaense como província portuguesa.

    Portando, estar de parabéns a comunidade macapaense ao receber de presente deno dia do seu aniversario de fundação, esta rica e bem articulada análise demográfica, e o seu autor também pelo esmero e competência.
    São Luís, 07.02.2025
    Pedro James de Souza Guedêlha

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