Trump bloqueia avanço da energia eólica offshore nos EUA
Por SteKrueBe – Own work, CC BY-SA 3.0, Link
Ordem executiva de Trump dificulta licenças para energia eólica offshore nos EUA, ameaçando o setor em expansão.
Trump cria dificuldades à geração de energia eólica offshore
Artigo de Vivaldo José Breternitz
Tão logo tomou posse, Donald Trump assinou uma ordem executiva que pode acabar com a nascente indústria de geração de energia eólica offshore nos Estados Unidos.
A ordem suspendeu novas autorizações federais para instalação de infraestrutura para geração na plataforma continental externa — uma localização distante o suficiente da costa para que as velocidades do vento sejam mais regulares e altas, mas perto o suficiente para que a energia gerada seja transmitida para terra sem custos muito elevados.
A ordem não se aplica a autorizações para instalação de infraestrutura voltada à produção de petróleo, gás e minérios, bem como às atividades ligadas à conservação do meio ambiente.
A ordem não interrompe os trabalhos em projetos que já tenham contratos assinados, embora determine que o Secretário do Interior revise esses contratos, provavelmente com o objetivo de encontrar formas de cancela-los.
A geração de energia eólica offshore tem enfrentado dificuldades nos Estados Unidos. Há ali poucos parques eólicos offshore em operação; em maio passado a capacidade de geração era de apenas 174 megawatts. Isso representa cerca de 1% do total mundial de 68 gigawatts, a maior parte dos quais concentrada na Europa e na China.
As perspectivas do setor vinham melhorando, com 4,1 gigawatts em construção, outros 3,4 gigawatts aprovados e mais 19,8 gigawatts em processo de licenciamento. No total, isso teria ajudado a alcançar a meta do governo Biden de aumentar a capacidade de geração para 30 gigawatts até o final da década.
Embora a energia assim gerada ainda seja cara em comparação com a proveniente de outras fontes, sua relativa estabilidade e proximidade de grandes centros consumidores a tornam atraente. Na Europa, operadores de centros de dados têm demonstrado interesse em fechar acordos para compra de energia gerada offshore: no ano passado, o Google contratou 478 megawatts de energia assim gerada para abastecer dois centros de dados na Holanda.
Nos Estados Unidos, a energia eólica offshore tem sido prejudicada pelos altos custos de instalação da infraestrutura necessária e pela disponibilidade de terras baratas e com bons ventos no interior do país, o que favorece a geração onshore.
Como a maior parte do desenvolvimento de energia eólica offshore ocorre em outros países, a ordem executiva de Trump não deve trazer dificuldades para o setor a nível mundial, mas é um sinal de que deveremos enfrentar mais problemas na área ambiental.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – vjnitz@gmail.com.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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