EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Artigo

Quem precisa de quem?

 

artigo de opinião

“Eles precisam mais de nós, do que nós deles.” (Donald Trump, sobre a América Latina)

Artigo de Montserrat Martins

A frase que melhor simboliza a posse de Trump como Presidente dos Estados Unidos é essa, sua visão de supremacia sobre o planeta, no qual ignora também a crise climática, pois saiu do Acordo de Paris sobre questões ambientais. Cabe a pergunta, ele está certo, ou está blefando? Tem fundamento ele dizer que nós precisamos mais dos Estados Unidos do que ele de nós?

Até o ano 2000 os Estados Unidos eram o maior comprador dos produtos brasileiros, seguido da Argentina. Hoje, 25 anos depois, a China tem o maior percentual dos nossos produtos e a União Europeia também aumentou sua fatia, ou seja, percentualmente reduziu bastante nossa “dependência” dos Estados Unidos como destino da produção brasileira. E isso deve reduzir ainda mais com o crescimento econômico do BRICS, bloco que reúne Brasil, Rússia, índia, China, África do Sul e um número crescente de países de todos os continentes.

A visão de “supremacia” de Trump pode parecer boa no curto prazo, por exemplo ao deixar de ajudar com dinheiro a Organização Mundial de Saúde, mas todas suas medidas levam a um isolacionismo dos Estados Unidos no mundo, o que a China, principalmente, agradece. As grandes novidades do século 21 são a habilidade e criatividade chinesas em áreas que até então pareciam um talento nato americano, como redes sociais ou tecnologia. Hoje a China já lidera nas vendas de carros elétricos (BYD) e, curiosamente, a maior rede social americana é chinesa, o Tik Tok.

Trump aposta na supremacia econômica ao invés da militar, o que é um aspecto positivo, não investir em guerras. É o que a China já faz, sua expansão é econômica e investe nas relações com todos países e em todas as áreas. Estados Unidos e China são os maiores poluidores do planeta, mas só os primeiros vão se declarar, agora, fora dos acordos sobre o clima, ignorando uma realidade ambiental que nas próximas décadas vai afetar cada vez mais seu território.

Até mesmo perseguir imigrantes pode se tornar um “tiro no pé” para os negócios americanos, pois amplos setores industriais e agrícolas, além do de serviços, dependem dessa mão de obra.

Ou seja, o discurso supremacista americano que hoje empolga mais da metade do país pode agradar e dar resultado nos primeiros anos de governo, mas a longo prazo pode prejudicar seu progresso.

Para qualquer país e qualquer pessoa, a humildade é boa conselheira. Não existem pessoas nem países que não precisem dos outros.

Montserrat Martins é Psiquiatra.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *