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EUA pretende acelerar a construção de data centers para inteligência artificial

uso de energia nos principais países emissores de co2

Centros de dados consumiram cerca de 4,4% da eletricidade dos Estados Unidos em 2023, número que pode chegar a 12% até 2028.

Artigo de Vivaldo José Breternitz

O presidente Biden emitiu em 14 de janeiro uma ordem executiva com o objetivo de acelerar a implantação de centros de dados voltados à inteligência artificial (IA) nos Estados Unidos.

A ordem determina que os Departamentos de Defesa e Energia arrendem terras do governo federal para empresas privadas que pretendam construir grandes centros de dados voltados à IA e instalações para gerar energia limpa. Também instrui as agências federais a acelerar a concessão de licenças para essas atividades, inclusive licenças de ordem ambiental.

IA é “energy hungry”, consome cada vez mais energia; ainda assim, Biden parece acreditar que o risco de comprometer ainda mais as metas climáticas dos Estados Unidos e aumentar a pressão sobre suas já sobrecarregadas redes elétricas, vale a pena – Biden disse que “nós não permitiremos que a América fique para trás na construção da tecnologia que definirá o futuro”.

Antes da emissão da ordem, que já era esperada, grupos de defesa do meio ambiente e do consumidor, bem como legisladores do próprio partido de Biden, haviam solicitado à Casa Branca que evitasse isentar a IA dos procedimentos normais de licenciamento e dos padrões ambientais.

A demanda de eletricidade por centros de dados triplicou na última década, segundo estimativas publicadas pelo Laboratório Nacional Lawrence Berkeley em 20 de dezembro.

É provável que essa demanda dobre ou triplique novamente até 2028, de acordo com essas estimativas. Centros de dados consumiram cerca de 4,4% da eletricidade dos Estados Unidos em 2023, número que pode chegar a 12% até 2028.

Esse aumento na demanda é resultado da enorme capacidade de processamento necessária ao funcionamento dos centros de dados voltados à IA. Empresas de energia já estão prolongando a vida útil de infraestruturas poluentes de carvão e gás para tentar atender à crescente demanda, e os consumidores estão recebendo contas de energia mais altas como resultado.

Segundo a ordem de Biden, as empresas que construírem novos centros de dados de IA em terras federais serão obrigados a “pagar todos os custos de construção e operação da infraestrutura, para que esse desenvolvimento não aumente os preços da eletricidade para os consumidores”.

Isso inclui a construção do próprio centro de dados, bem como instalações de energia e linhas de transmissão. As empresas serão responsáveis por obter eletricidade de novas fontes de energia “limpa” para alimentar os centros de dados. Elas também precisarão “uma parcela apropriada” de semicondutores fabricados nos Estados Unidos.

Não se sabe se o atendimento a essas exigências é viável – provavelmente não, ao menos na sua totalidade, mas a ganância dos envolvidos pode acabar deixando os esforços pela preservação do meio ambiente relegados a um segundo plano.

O governo americano já arrenda terras federais para produção de energia, incluindo exploração de combustíveis fósseis e projetos de energia renovável. De acordo com a ordem executiva, até 28 de fevereiro, os Secretários de Defesa e de Energia devem identificar pelo menos três locais cada um para abrigar novos centros de dados de IA em terras administradas por seus departamentos – muito provavelmente Trump não cancelará essa ordem.

Situações similares devem, em breve, serem observadas no Brasil, devendo o assunto começar a ser pensado desde já.

Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – vjnitz@gmail.com.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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