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Entendendo a volatilidade climática, que agrava os incêndios na Califórnia

 

temperaturas globais em 2024

Volatilidade climática: a nova realidade de extremos que ameaça o mundo, com impacto desproporcional nos mais vulneráveis

A volatilidade climática (em inglês “climate volatility”) , caracterizada pela alternância extrema entre períodos de chuvas intensas e secas severas, está se tornando uma realidade cada vez mais frequente em escala global.

Este fenômeno, impulsionado pelas mudanças climáticas causadas pelo homem, intensifica eventos extremos como incêndios, secas, enchentes e deslizamentos de terra, com consequências devastadoras para ecossistemas e populações humanas.

A Califórnia, que já sofre com esses extremos, é um exemplo de como essa volatilidade está transformando o clima e colocando em risco a vida de milhões.

Entendendo a volatilidade climática

A principal causa da volatilidade climática é o aumento da capacidade da atmosfera de absorver e liberar água, que cresce 7% para cada grau Celsius de aquecimento. Isso leva a um ciclo de “boom e colapso” hídrico, onde períodos de chuvas intensas são seguidos por secas prolongadas

Estudos indicam que essa volatilidade aumentou entre 31% e 66% desde meados do século 20, e a tendência é que esses eventos extremos se tornem ainda mais frequentes e intensos se o aquecimento global ultrapassar 1,5°C.

Além da maior evaporação, uma atmosfera mais “sedenta” retira mais água do solo e das plantas, agravando as condições de seca mesmo na ausência de falta de chuvas.

A combinação desses fatores resulta em um ciclo vicioso, onde o crescimento rápido de vegetação devido a chuvas intensas é seguido por um período de seca e incêndios devastadores.

Impacto na Califórnia

A Califórnia tem experimentado de forma aguda os efeitos da volatilidade climática. Após anos de seca, a região foi atingida por chuvas recordes no inverno de 2022-23, causando enchentes, deslizamentos de terra e soterramento de cidades montanhosas.

O excesso de chuvas levou ao crescimento de vegetação, que, ao secar rapidamente com o calor extremo e a falta de precipitação em 2024 e 2025, se tornou um combustível para incêndios florestais devastadores.

A falta de chuva e a instabilidade climática têm prolongado a temporada de incêndios no sul do estado.

A previsão é de que a Califórnia enfrente um futuro de anos e estações mais úmidas e mais secas, intensificando a necessidade de adaptação e planejamento.

Impacto global e desigualdade social

A volatilidade climática não se limita à Califórnia. O estudo citado na Nature Reviews mostra que o fenômeno está se tornando mais frequente em escala global. . Regiões como o norte da África, Oriente Médio, sul da Ásia, norte da Eurásia, Pacífico tropical e Atlântico tropical são apontadas como as mais vulneráveis.

As consequências globais incluem não apenas enchentes e secas, mas também a intensificação de outros desastres, como deslizamentos de terra.

É importante destacar que os impactos da volatilidade climática não são sentidos igualmente por todos. As populações mais pobres e vulneráveis são as mais afetadas, pois muitas vezes vivem em áreas de risco, têm menos acesso a recursos para se adaptar às mudanças climáticas e dependem mais de atividades econômicas sensíveis às variações climáticas.

As populações marginalizadas já enfrentam desafios como insegurança alimentar, falta de acesso à água potável e saneamento básico, que são agravados por eventos climáticos extremos, o que intensifica um ciclo de pobreza e vulnerabilidade

A volatilidade climática, portanto, é uma ameaça global que exige ação urgente.

A necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa é fundamental, mas também é preciso investir em medidas de adaptação, como a gestão da água, o planejamento urbano e a proteção de comunidades vulneráveis.

A compreensão de que a crise climática afeta desproporcionalmente os mais pobres é crucial para garantir que as soluções sejam justas e eficazes. A falta de ação neste campo só aumentará a desigualdade social e a destruição ambiental.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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