Estado do Clima 2024: À beira de um desastre climático irreversível
Introdução
Esta é uma análise do artigo “The 2024 state of the climate report: Perilous times on planet Earth“, publicado na BioScience.
O artigo, assinado por uma equipe de renomados cientistas climáticos, incluindo William J. Ripple e Johan Rockström, oferece uma atualização concisa sobre as últimas tendências dos sinais vitais do planeta, desastres relacionados ao clima, e discute a necessidade urgente de intervenções políticas.
O relatório destaca o aumento recorde das temperaturas globais e oceânicas, a diminuição da extensão do gelo marinho e o aumento de desastres climáticos extremos, atribuindo-os principalmente às emissões de combustíveis fósseis.
Os autores enfatizam a gravidade da situação climática e o papel da humanidade na aceleração da crise.
Principais temas discutidos no artigo:
Crise climática urgente e irreversível:
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O artigo inicia com uma forte declaração sobre a iminência de um “desastre climático irreversível” e a existência de uma “emergência global”. Os cientistas expressam preocupação com o ritmo acelerado das mudanças climáticas e seus impactos crescentes.
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“Estamos à beira de um desastre climático irreversível. Esta é uma emergência global, sem dúvida. Grande parte do tecido da vida na Terra está em perigo.”
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Apesar de décadas de alertas científicos, incluindo previsões feitas por empresas de combustíveis fósseis, as emissões globais continuam a aumentar, levando a um cenário de aquecimento bem acima das metas estabelecidas.
Sinais vitais do planeta em níveis recordes:
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Em 2023, muitos recordes de temperatura e extensão de gelo foram quebrados. As temperaturas da superfície do mar, tanto globais quanto no Atlântico Norte, ficaram bem acima das médias históricas.
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“Em 2023, vários recordes históricos de temperatura e extensão de gelo foram quebrados por margens enormes.”
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Dos 35 sinais vitais planetários monitorados, 25 estão em níveis recordes, sinalizando a gravidade das alterações.
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O relatório destaca o fracasso global em implementar uma rápida redução nos combustíveis fósseis, resultando em impactos climáticos crescentes.
Atividades humanas e o aumento das emissões:
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O artigo mostra como o tamanho e os padrões de consumo da humanidade continuam a acelerar, com recordes de população humana, rebanho de ruminantes, produção de carne per capita e produto interno bruto (PIB).
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O consumo de combustíveis fósseis aumentou em 2023, embora o uso de energia renovável também tenha crescido. No entanto, o consumo de combustíveis fósseis continua cerca de 14 vezes maior que o de energia solar e eólica.
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As emissões globais de gases de efeito estufa atingiram um nível recorde, com as emissões relacionadas à energia aumentando 2,1% em 2023.
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“As emissões de dióxido de carbono causadas pela ação humana e outros gases de efeito estufa são os principais impulsionadores da mudança climática.”
Perda de florestas e o sumidouro de carbono:
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A perda global de cobertura arbórea aumentou em 2023, atingindo o terceiro nível mais alto, em parte devido a incêndios florestais. Essa perda afeta o sumidouro de carbono e alimenta ciclos de feedback que intensificam o aquecimento.
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“Altas taxas de perda de cobertura arbórea podem impulsionar um conjunto de ciclos de feedback relacionados, nos quais a perda de sequestro de carbono florestal leva a um aquecimento adicional, o que pode impulsionar novas perdas no sequestro de carbono e assim por diante.”
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O declínio na taxa de desmatamento na Amazônia brasileira é um ponto positivo, mas a região ainda corre o risco de atingir um ponto de inflexão.
Eventos climáticos extremos:
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O artigo lista uma série de desastres climáticos recentes, incluindo tempestades, incêndios florestais, ondas de calor e inundações, muitos dos quais tiveram sua intensidade ou frequência aumentada pelas mudanças climáticas.
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“A mudança climática provavelmente exacerbou esta precipitação.” (Referindo-se às inundações no Golfo Pérsico)
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O aumento das temperaturas médias globais levou a um aumento na incidência de extremos de calor, com um aumento de 117% nas mortes relacionadas ao calor nos EUA entre 1999 e 2023.
Tópicos de destaque:
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Branqueamento de corais: O aumento da temperatura do oceano está causando o quarto evento global de branqueamento de corais já registrado.
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Rios tóxicos: O derretimento do permafrost no Ártico está liberando ferro e metais tóxicos, tornando as correntes de água laranjas e afetando a vida aquática.
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Pesquisa sobre Modificação da Radiação Solar (SRM): Há um aumento na pesquisa sobre técnicas para refletir a luz solar, mas ainda existem preocupações éticas e ambientais sobre esses métodos.
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Opinião dos cientistas sobre o aquecimento global: Uma pesquisa mostra que a maioria dos cientistas climáticos espera que as temperaturas globais aumentem pelo menos 2,5°C até o final do século, com muitos prevendo um aumento ainda maior, o que implicaria em consequências catastróficas.
Justiça social e as mudanças climáticas:
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O artigo enfatiza que a mudança climática é uma questão de justiça social, pois os países mais ricos, que emitem mais gases de efeito estufa, são geralmente menos vulneráveis aos impactos climáticos, enquanto as regiões do Sul Global são desproporcionalmente afetadas.
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“A vulnerabilidade à mudança climática é moldada por uma complexa interação de fatores sociais, econômicos e políticos, deixando comunidades historicamente diversas, mal atendidas e marginalizadas desproporcionalmente afetadas.”
Ciclos de feedback climático e pontos de inflexão:
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O artigo destaca os ciclos de feedback que amplificam o aquecimento, como o derretimento do permafrost e a perda de gelo, e enfatiza que muitos desses ciclos ainda não estão totalmente integrados nos modelos climáticos.
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Vários elementos climáticos de inflexão, como as camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida Ocidental, podem ser atingidos em 1,5°C de aquecimento, o que poderia desencadear uma cascata de efeitos.
Risco de colapso social:
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O aquecimento global é apenas um sintoma de uma crise mais profunda, que inclui degradação ambiental, aumento da desigualdade e perda de biodiversidade.
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O artigo alerta que a mudança climática pode contribuir para o colapso da sociedade, aumentando o risco de conflitos e deslocamentos populacionais.
Síntese:
O artigo termina com um apelo à ação urgente, enfatizando que as mudanças necessárias para limitar o aquecimento global exigem transformações profundas em todos os níveis da sociedade.
Os autores destacam a necessidade de eliminar rapidamente o uso de combustíveis fósseis, reduzir o consumo excessivo, estabilizar a população humana e adotar uma economia ecológica e pós-crescimento. Eles insistem que o futuro da humanidade depende da nossa capacidade de agir com coragem e perseverança.
Recomendações
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Implementação imediata de políticas para redução rápida do uso de combustíveis fósseis.
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Criação de um preço global para o carbono, com potencial de fornecer financiamento para mitigação e adaptação climática.
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Redução drástica das emissões de metano.
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Adoção de um modelo de consumo reduzido, especialmente pelas populações mais ricas.
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Reforma dos sistemas de produção de alimentos, incentivando uma dieta baseada em vegetais.
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Integração da educação sobre mudanças climáticas em todos os níveis de ensino.
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Proteção e restauração de ecossistemas.
Esta análise resume os principais pontos abordados no artigo. Para uma compreensão mais profunda, recomendamos consultar o documento original e seus materiais suplementares.
Referência:
William J Ripple, Christopher Wolf, Jillian W Gregg, Johan Rockström, Michael E Mann, Naomi Oreskes, Timothy M Lenton, Stefan Rahmstorf, Thomas M Newsome, Chi Xu, Jens-Christian Svenning, Cássio Cardoso Pereira, Beverly E Law, Thomas W Crowther, The 2024 state of the climate report: Perilous times on planet Earth, BioScience, Volume 74, Issue 12, December 2024, Pages 812–824, https://doi.org/10.1093/biosci/biae087
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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