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Notícia

Energia solar pode ser a principal fonte de energia antes de 2050

 

Uma nova pesquisa sugere que o mundo pode ter atingido um “ponto de inflexão” para a energia solar, tornando-a a principal fonte de energia antes de 2050, mesmo sem políticas climáticas mais ambiciosas.

Entretanto, o estudo The momentum of the solar energy transition destaca quatro obstáculos: estabilidade da rede elétrica, financiamento em economias em desenvolvimento, capacidade das cadeias de suprimentos e resistência política.

Os pesquisadores argumentam que políticas para superar essas barreiras são mais eficazes que instrumentos de preços para acelerar a transição energética.

O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade de Exeter e University College London, publicado na Nature Communications, enfatiza a importância de investimentos em resiliência da rede e financiamento equitativo para uma transição bem-sucedida.

O estudo sugere que a energia solar pode se tornar a principal fonte de energia até 2050, impulsionada por um ciclo virtuoso de inovação e redução de custos.

No entanto, o artigo também destaca quatro barreiras cruciais que precisam ser superadas para garantir uma transição energética eficaz e sustentável.

total de energias renováveis

(a) total de energias renováveis (hidro + eólica + solar + biomassa) e (b) energia solar fotovoltaica. Inicialmente, as energias renováveis são dominadas pela energia hidrelétrica e, em menor medida, pelo vento. Isso logo é ultrapassado pela energia solar, dependendo dos fatores regionais.

Principais temas abordados no artigo The momentum of the solar energy transition:

Ponto de inflexão da energia solar:

  • O estudo sugere que o mundo pode ter atingido um “ponto de inflexão” onde a energia solar inevitavelmente se tornará a principal fonte de energia.

  • Essa conclusão é baseada em modelos de dados que consideram a tecnologia e a economia, mostrando que a energia solar fotovoltaica (PV) provavelmente dominará o setor energético antes de 2050.

  • A pesquisa aponta que este cenário é viável mesmo sem políticas climáticas mais ambiciosas, indicando uma tendência inerente ao mercado.

Ciclo virtuoso de inovação e redução de custos:

  • O artigo enfatiza que o rápido crescimento da energia solar é alimentado por um “ciclo virtuoso” onde a implantação da tecnologia leva a aprendizagem e, consequentemente, a redução de custos.

  • “Em outras palavras, nós evitamos o cenário de ‘business as usual’ para o setor de energia.” diz Dra. Femke Nijsse.

  • Modelos tradicionais muitas vezes não consideram essa dinâmica, o que os torna menos precisos em projetar o futuro do setor energético.

  • A inovação em tecnologia solar continua a um ritmo acelerado, refutando a noção de um “fim do aprendizado” em um futuro próximo.

Principais barreiras:

  • O estudo identifica quatro “barreiras” que podem impedir a transição para uma matriz energética dominada pela energia solar:

  • Resiliência da rede: A natureza variável da geração de energia solar (dia/noite, sazonalidade, clima) requer uma infraestrutura de rede robusta e flexível. “Se você não colocar os processos no lugar para lidar com essa variabilidade, você pode acabar tendo que compensar queimando combustíveis fósseis.” diz Dr. Nijsse. Isso inclui investir em outras energias renováveis como a eólica, cabos de transmissão ligando diferentes regiões, armazenamento extenso de eletricidade e políticas para gerenciar a demanda.

  • Acesso a financiamento: O crescimento da energia solar depende do financiamento, que atualmente está concentrado em países de alta renda. É essencial garantir que países de baixa renda também tenham acesso a recursos para o desenvolvimento da energia solar.

  • Cadeias de suprimentos: Uma matriz energética dominada pela energia solar é intensiva em metais e minerais. A demanda por “minerais críticos” como lítio, cobre, níquel e cobalto aumentará significativamente, destacando a importância de cadeias de suprimentos seguras e sustentáveis.

  • Oposição política: A resistência de indústrias em declínio pode afetar a velocidade da transição. Até 13 milhões de pessoas mundialmente que trabalham com combustíveis fósseis e indústrias dependentes podem ter seus empregos ameaçados. Políticas de desenvolvimento econômico e industrial regionais podem resolver a desigualdade e mitigar os riscos que essa oposição possa gerar.

  • Os pesquisadores argumentam que políticas focadas em superar essas barreiras podem ser mais eficazes do que instrumentos de preço, como impostos sobre carbono.

Desafios para países em desenvolvimento:

  • O estudo revela que, apesar da queda no custo das energias renováveis, países em desenvolvimento ainda enfrentam obstáculos significativos no acesso a capital em condições equitativas.

  • “Nosso estudo revela obstáculos persistentes, especialmente considerando os desafios que essas nações enfrentam no acesso a capital em condições equitativas. Financiamento adequado continua sendo imperativo para acelerar a agenda global de descarbonização.” diz Dra. Nadia Ameli.

  • O financiamento internacional frequentemente favorece países de renda média, deixando os países de baixa renda – especialmente na África – com déficits em financiamento solar, apesar de seu grande potencial de investimento.

Necessidade de políticas integradas:

  • Em vez de se concentrar apenas na transição solar em si, os governos devem direcionar políticas para resolver as barreiras citadas acima.

  • Isso inclui investimento em tecnologias de armazenamento, melhorias na infraestrutura de rede, suporte financeiro para países em desenvolvimento e políticas de reconversão profissional para trabalhadores afetados pela transição energética.

 

O estudo sugere que o mundo está no limiar de uma transição energética transformadora, com a energia solar emergindo como a principal fonte de energia nas próximas décadas.

No entanto, para garantir que essa transição seja eficaz, sustentável e equitativa, é crucial que os governos e as instituições internacionais abordem as barreiras identificadas no estudo.

Isso requer um esforço coordenado e políticas que vão além de instrumentos de preço, focando em soluções para a resiliência da rede, financiamento, cadeias de suprimentos e mitigação de impactos sociais.

O estudo reforça a importância de se ter uma visão holística e integrada da transição energética, considerando tanto as oportunidades quanto os desafios que ela apresenta.

Fonte: Universidade de Exeter

Referência:

Nijsse, F.J.M.M., Mercure, JF., Ameli, N. et al. The momentum of the solar energy transition. Nat Commun 14, 6542 (2023). https://doi.org/10.1038/s41467-023-41971-7

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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