Agronegócio está esgotando as águas do Oeste da Bahia
O agronegócio tem um papel significativo na intensificação da seca no Oeste da Bahia.
Mapeamento realizado pela Comissão Pastoral da Terra Bahia descreve como a expansão desenfreada dos latifúndios e a exploração intensiva dos recursos hídricos para irrigação têm contribuído para o esgotamento das águas da região.
A CPT/BA cita, por exemplo:
Consumo Excessivo de Água: O agronegócio é o maior consumidor de água no Brasil, representando 78,3% do total.
No Oeste da Bahia, a utilização de métodos de captação em larga escala, como piscinões e pivôs centrais, tem negligenciado as dinâmicas de recarga dos aquíferos, impactando diretamente a disponibilidade hídrica para as comunidades locais.
Outorgas Concentradas: As outorgas de água concedidas pelo INEMA (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia) têm favorecido grandes produtores, muitos deles ligados à AIBA (Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia) e à ABAPA (Associação Baiana dos Produtores de Algodão).
Um único CPF chegou a deter autorização para captar 466,8 milhões de litros de água por dia, o suficiente para abastecer a população de centenas de municípios da região.
Desmatamento e Assoreamento: A expansão do agronegócio no Oeste da Bahia tem ocorrido às custas do desmatamento do Cerrado.
A remoção da vegetação nativa impacta o ciclo hidrológico, reduzindo a capacidade de retenção de água no solo e aumentando o escoamento superficial. Isso contribui para o assoreamento dos rios e a diminuição da recarga dos aquíferos.
Mudanças Climáticas: O desmatamento e a monocultura em larga escala também contribuem para as mudanças climáticas, que intensificam os períodos de seca e alteram o regime de chuvas.
Impacto nas Comunidades Tradicionais: A seca no Oeste da Bahia tem um impacto devastador nas comunidades tradicionais que dependem dos recursos hídricos para sua subsistência.
A escassez de água afeta a agricultura familiar, o extrativismo e a criação de animais, comprometendo a segurança alimentar e o modo de vida dessas populações.
É importante ressaltar que o mapeamento realizado por comunidades, pesquisadores e organizações da sociedade civil identificou 3.050 trechos de águas secas, totalizando 7.120 km de extensão, além de outros 580 trechos em estado crítico.
As comunidades relatam que a seca se intensificou a partir da década de 1980, coincidindo com a expansão do agronegócio na região.
O mapeamento, realizado pela CPT/BA, demonstra que o agronegócio, com suas práticas de consumo excessivo de água, desmatamento e monocultura, tem agravado a seca no Oeste da Bahia.
As consequências são a escassez hídrica, o assoreamento dos rios, a perda da biodiversidade e o impacto severo nas comunidades tradicionais da região.
Diagnóstico das comunidades sobre a morte das águas nas subbacias dos Rios Corrente e Carinhanha
Referência e leitura recomendada: A MORTE DAS ÁGUAS NO OESTE DA BAHIA
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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