O Fracasso da Cúpula da ONU sobre Poluição por Plásticos
Os impactos dos plásticos, presentes em praticamente todos os aspectos da vida moderna, são devastadores.
Por Henrique Cortez
A recente incapacidade da Cúpula da ONU sobre poluição por plásticos de estabelecer um tratado juridicamente vinculativo para combater essa crise global é um grave retrocesso na luta pela sustentabilidade e pela proteção ambiental.
Este impasse expõe não apenas a fragilidade da governança ambiental internacional, mas também a inércia diante de uma das maiores ameaças ao nosso futuro comum.
A poluição por plásticos, como abordado em diversos artigos do EcoDebate, é a segunda maior ameaça ambiental ao planeta, perdendo apenas para as mudanças climáticas. Desde 1950, o mundo produziu 11.090 milhões de toneladas de plástico, e em 2022, alcançamos a marca de 506 milhões de toneladas em um único ano. Pior ainda, projeções indicam que a produção global pode quadruplicar até 2050, evidenciando o agravamento de uma crise que já se encontra em níveis alarmantes.
Os impactos dos plásticos, presentes em praticamente todos os aspectos da vida moderna, são devastadores. Apenas 9% do plástico produzido até hoje foi reciclado, enquanto o restante se acumula em aterros, oceanos e ecossistemas terrestres.
Estima-se que 170 trilhões de fragmentos de plástico estejam poluindo os oceanos atualmente, um número que cresce continuamente, já que a cada minuto, dois caminhões de lixo plástico são despejados no mar. Esses resíduos, além de poluir as águas, liberam milhares de produtos químicos, incluindo toxinas que afetam a saúde humana, a biodiversidade e os ecossistemas.
O fracasso em alcançar um consenso na cúpula reflete, em parte, os interesses divergentes de grandes indústrias petroquímicas e de países dependentes desse modelo econômico. Contudo, a falta de ação tem custos incalculáveis.
Estudos mostram que microplásticos estão presentes em nossa água potável, nos alimentos e até no ar que respiramos.
A ameaça à saúde pública é evidente, com riscos associados a problemas endócrinos, reprodutivos e até ao aumento de doenças crônicas.
Diante disso, o EcoDebate reafirma a urgência de ações concretas e ambiciosas para enfrentar essa crise. É fundamental que governos, sociedade civil e empresas se unam para reduzir drasticamente a produção de plástico, investir em alternativas sustentáveis e implementar políticas eficazes de reciclagem.
O tempo está se esgotando, e a inércia diante dessa ameaça só perpetuará o ciclo de degradação ambiental e desigualdade social.
Precisamos, mais do que nunca, de lideranças comprometidas, de cidadãos conscientes e de uma mobilização global para superar o impasse.
O futuro da humanidade e do planeta depende das escolhas que fazemos hoje.
Henrique Cortez, jornalista e ambientalista, editor do EcoDebate.
Referências: Conteúdos publicados no portal EcoDebate sobre poluição por plásticos
Poluição global por plásticos pode chegar a um ponto irreversível?
Poluição dos mares e oceanos por microplásticos pode ser maior do que o estimado
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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