Cruzar pontos de inflexão climática custará muito mais caro

 

Descubra como cruzar pontos de inflexão climática quadruplica os custos de reversão e amplifica impactos como aumento do nível do mar e clima extremo.

Dica, a primeira peça em uma linha de dominós e você vai desencadear uma reação em cadeia, uma peça caindo após a outra. Atravesse um ponto de inflexão no sistema climático e, da mesma forma, você pode desencadear um conjunto de consequências em cascata, como o aquecimento, o aumento do nível do mar e o clima cada vez mais extremo.

Acontece que há mais a pesar do que uma mudança ambiental catastrófica à medida que os pontos de inflexão se aproximam, no entanto. Outro ponto a ser considerado, revela um novo estudo, é o custo de desfazer os danos.

O custo de reverter os efeitos da mudança climática – retornamento do gelo marinho polar derretido, por exemplo – sobe quase quatro vezes logo após um ponto de inflexão ser ultrapassado, de acordo com o trabalho publicado na revista npj Climate e Atmospheric Science. Muito trabalho foi feito para explorar os custos ambientais ligados às mudanças climáticas. Mas este novo estudo marca a primeira vez que os pesquisadores quantificaram os custos de controlar os pontos de inflexão antes e depois de se desdobrarem.

Exemplos comuns dos pontos de inflexão da Terra incluem o derretimento das camadas de gelo e a diminuição dos recifes de coral tropicais. Como o gelo derrete e os recifes morrem, efeitos ambientais drásticos como cidades costeiras inundadas e perda de biodiversidade logo seguem – uma característica compartilhada entre o que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas define como “limiares críticos em um sistema que, quando excedido, pode levar a uma mudança significativa no estado do sistema”.

Apesar dos perigos bem estabelecidos de cruzar um ponto de inflexão, pouco se sabe sobre o custo de controlá-los. Quanto esforço levaria para parar e reverter o curso antes de cruzar um ponto de inflexão?

No caso do gelo marinho polar, que está derretendo a um ritmo inigualável por qualquer período nos últimos 1.500 anos, uma reversão implicaria a deter a tampa de gelo. Mas que tal depois de dar gorjeta – como o custo da intervenção pode mudar se esperarmos?

Atravessar um limite de ponto de inflexão e custará quase quatro vezes o esforço para reverter os efeitos e restabelecer o sistema climático de onde estava pouco antes de ultrapassar, em vez de reverter o curso antes do limiar. Isto se aplica à maioria dos pontos de inflexão, se eles envolvem recifes de coral tropicais ou gelo marinho gelado.

Cada ponto de inflexão é único. As qualidades físicas que determinam seu comportamento – a extensão da cobertura de nuvens ou, digamos, o transporte de calor nas águas oceânicas mais próximas – determinam como as mudanças pós-ponte tomam forma no sistema climático.

Por sua vez, essas qualidades ditam as porcas e parafusos de uma estratégia de intervenção real.

 

Referência:

Kooloth, P., Lu, J., Bakker, C. et al. Optimal control of polar sea-ice near its tipping points. npj Clim Atmos Sci 7, 274 (2024). https://doi.org/10.1038/s41612-024-00768-1

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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