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Notícia

As taxas de fecundidade caíram nos continentes em ritmos diferentes

 

Artigo de José Eustáquio Diniz Alves

A era das altas taxas de fecundidade pertence ao passado.

Durante a maior parte da história do Homo sapiens, as taxas de fecundidade eram elevadas para compensar as mortes precoces, uma vez que a humanidade não conseguia diminuir significativamente a alta mortalidade. No entanto, essa realidade começou a mudar com os avanços trazidos pela Revolução Industrial e Energética.

A taxa de fecundidade total (TFT) começou a cair na Europa ainda na primeira metade do século XIX, sendo que na América do Norte e na Oceania o início da transição ocorreu na segunda metade do século XIX. A queda na Ásia e na América Latina e Caribe (ALC) começou na década de 1960 e na África na década de 1980.

O gráfico abaixo, com dados da Divisão de População da ONU (revisão 2024), mostra que a TFT global estava em 4,9 filhos por mulher em 1950 e caiu para 2,25 filhos por mulher em 2023. O continente Europeu tinha uma TFT de 2,7 filhos por mulher em meados do século passado, caindo para 1,4 filho por mulher em 2023, bem abaixo do nível de reposição que é de 2,1 filhos por mulher.

A América do Norte tinha TFT de 3,1 filhos em 1950 e caiu para 1,6 filho em 2023. A ALC tinha uma TFT de 5,8 filhos em 1950 e caiu para 1,8 filho em 2023. A Ásia tinha uma TFT de 5,7 filhos em 1950 e caiu para 1,88 filho em 2023. A Oceania tinha uma TFT de 3,7 filhos em 1950 e caiu para 2,14 filhos em 2023. Por fim, a África tinha uma TFT de 6,5 filhos por mulher e caiu para 4,1 filhos por mulher em 2023.

taxa de fecundidade total no mundo

 

Portanto, o mundo caminha para uma alcançar uma TFT ao nível de reposição, enquanto a Ásia, a ALC, a América do Norte e a Europa já possuem TFT abaixo do nível de reposição, indicando um futuro com decrescimento populacional. A Oceania tem uma TFT exatamente ao nível de reposição em 2023. E o único continente com TFT elevada é a África. O gráfico abaixo mostra os mesmos dados anteriores, mas apenas para os extremos da série de 1950 e 2023, para facilitar a comparação.

taxa de fecundidade total no mundo

 

O maior declínio da fecundidade entre 1950 e 2023 ocorreu na ALC (-69%), seguido pela Ásia (-67%). Evidentemente a fecundidade já vinha caindo na Europa, América do Norte e Oceania antes de 1950, o que explica a menor queda nestes continentes entre 1950 e 2023. O menor ritmo de declínio da TFT ocorreu na África. Os continentes com as menores taxas de fecundidade são a Europa e a América do Norte.

Embora haja diferenciais entre os continentes, existe um processo de convergência no longo prazo. Ou seja, as diferenças nas TFTs continentais diminuíram. Sem dúvida a época de altas taxas de fecundidade e de altas taxas de crescimento populacional já passou.

O século XXI será o primeiro século a apresentar uma TFT baixa e um decrescimento populacional global. Um mundo com menos pessoas pode ser um mundo com maior qualidade de vida. Desta forma, a notícia alvissareira é que o decrescimento populacional pode acontecer com prosperidade social e ambiental.

José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

Referências:

ALVES, JED. A ONU divulga os novos números da população mundial e brasileira, Ecodebate, 12/07/2024 https://www.ecodebate.com.br/2024/07/12/a-onu-divulga-os-novos-numeros-da-populacao-mundial-e-brasileira/

ALVES, JED. A dinâmica populacional dos continentes entre 1950 e 2100, Ecodebate, 07/08/2024
https://www.ecodebate.com.br/2024/08/07/a-dinamica-populacional-dos-continentes-entre-1950-e-2100/

ALVES, JED. Quatro países do Caribe com grande decrescimento populacional no século XXI, Ecodebate, 24/06/2024 https://www.ecodebate.com.br/2024/06/24/quatro-paises-do-caribe-com-grande-decrescimento-populacional-no-seculo-xxi/

ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século XXI (com a colaboração de GALIZA, F), ENS, maio de 2022
https://prdapi.ens.edu.br/media/downloads/Livro_Demografia_e_Economia_digital_2.pdf

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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