Eleições municipais e o desafio climático de Belém
Belém tem a oportunidade de lançar as bases institucionais para o desenvolvimento nas próximas décadas, dessa vez buscando conciliar a preservação ambiental
Artigo de Augusto Cesar Anunciação
No último dia 27 de outubro, ocorreram as eleições municipais em todos o país. Após o fechamento das urnas e anúncio oficial do resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), duas siglas partidárias se destacaram, elegendo o maior número de prefeitos no país, segundo levantamento da Nexus: o PSD elegeu 891 prefeitos e vai governar 27,6 milhões de pessoas, o MDB elegeu 864 prefeitos e governará 27,7 milhões. Essas legendas também conquistaram 10 capitais brasileiras.
Os partidos de centro obtiveram maior sucesso nas urnas, as legendas de esquerda e direita tiveram recuo no número de prefeitos eleitos, esse cenário sugere que os partidos de centro serão estratégicos, tanto na composição de votações no congresso, quanto nas disputas eleitorais de 2026. Dos 20 prefeitos que concorreram à reeleição, apenas 4 não obtiveram sucesso, evidenciando uma eleição predominantemente governista.
Em 9 das 26 capitais, o partido vencedor também conseguiu eleger a maioria na câmara de vereadores, um ponto favorável para a governabilidade, pois facilita a aprovação de projetos do Executivo. Além disso, os vereadores exercem papel crucial na fiscalização das contas públicas, como na análise da Lei Orçamentária Anual (LOA), que detalha os recursos e gastos da prefeitura para o ano seguinte.
Entre as capitais brasileiras que elegeram maioria na câmara, destaca-se Belém, que sediará a Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP 30) em 2025. O partido do prefeito eleito Igor Normando (MDB), voltará a governar Belém após 37 anos, conseguindo eleger a maioria dos vereadores na capital paraense.
Ter a maioria no legislativo municipal é importante pois a cidade está realizando obras estruturantes e espera receber aproximadamente 144 chefes de Estado e 60 mil visitantes durante os dias de evento, o que exigirá a colaboração e sinergia entre os governos municipal, estadual e federal.
Fonte: TRE
Para atender às demandas de saúde, educação, saneamento básico, mobilidade urbana e segurança pública, Belém tem recebido nos últimos anos diversos investimentos públicos e privados. Isso reforça a ideia de que os investimentos acontecem, de fato, nos municípios, onde a vida cotidiana se desenrola e os impactos das políticas públicas são mais diretamente percebidos.
Fundada há 408 anos na foz do Rio Pará, Belém possui 42 ilhas e atravessou diversos ciclos econômicos. Foi o elo entre o estado do Grão-Pará e Portugal, viveu o ciclo da borracha e agora enfrenta um novo capítulo, no qual a sustentabilidade será central.
Assim, a cidade tem a oportunidade de lançar as bases institucionais para o desenvolvimento nas próximas décadas, dessa vez buscando conciliar a preservação ambiental, novas formas de governança e as aspirações de 1,3 milhão de habitantes, podendo se tornar um modelo para as demais capitais da Amazônia e do país.
Augusto Cesar Anunciação: Internacionalista (UNAMA), Especialista em Relações Governamentais e Mestrando em Direito das Relações Internacionais (UDE – Uruguai)
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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