A proporção de idosos no Brasil e Unidades da Federação vai crescer até 2070
A proporção de idosos aumentará de maneira significativa, embora em diferentes ritmos, em todas as Unidades da Federação
Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
O número de habitantes do Brasil vai chegar ao pico populacional em 2041 e começar uma fase inédita de decrescimento da população a partir de 2042.
Contudo, a população idosa (60 anos e +) continuará crescendo até 2070, tanto em termos absolutos, quanto em termos relativos. O Brasil viverá uma fase inédita, com a população total diminuindo e a população idosa crescendo entre 2042 e 2070.
O gráfico abaixo, com dados das projeções populacionais do IBGE (revisão 2024), mostra que a população total do Brasil era de 174,7 milhões de habitantes no ano 2000, deve chegar a 220,4 milhões em 2041 e decrescer para 199,2 milhões de habitantes em 2070, uma variação de 1,14 vezes em 70 anos. Já a população de 60 anos e mais de idade era de 15,2 milhões de pessoas no ano 2000 (representando 8,7% do total), deve chegar a 55 milhões de pessoas em 2041 (25,6% do total) e deve alcançar 75,3 milhões de idosos em 2070 (representando 37,8% da população total). A população de 60 anos e mais de idade deverá crescer 5 vezes em 70 anos.
A tabela abaixo, também com dados das projeções populacionais do IBGE (revisão 2024), mostra o número de idosos (60 anos e mais de idade) para o Brasil e as Grandes Regiões para os anos de 2000, 2024 e 2070. Nota-se que a região Sudeste tinha 7 milhões de idosos no ano 2000, chegou a 15,7 milhões em 2024 e deve alcançar 30,2 milhões de idosos em 2070, passando de 9,4% da população tota em 2000 para 37,8% em 2070. A região Nordeste tinha 4,2 milhões de idosos no ano 2000, chegou a 8,5 milhões em 2024 e deve alcançar 20,1 milhões de idosos em 2070, passando de 8,6% em 2000 para 39,4% em 2070 (a emigração de jovens deve acelerar o envelhecimento populacional do Nordeste).
A região Sul tinha 2,4 milhões de idosos no ano 2000, chegou a 5,6 milhões em 2024 e deve alcançar 11,4 milhões de idosos em 2070, passando de 9,3% em 2000 para 36,8% em 2070. A região Norte tinha 767 mil idosos no ano 2000, chegou a 2 milhões em 2024 e deve alcançar 6,9 milhões de idosos em 2070, passando de 5,7% da população total em 2000 para 35,9% em 2070. A região Centro-Oeste tinha 825 mil idosos no ano 2000, chegou a 2,4 milhões em 2024 e deve alcançar 6,7 milhões de idosos em 2070, passando de 6,8% em 2000 para 34,6% em 2070. Portanto, o envelhecimento populacional no Brasil será um fenômeno amplo, geral e irrestrito.
A tabela abaixo mostra o número de idosos (60 anos e mais de idade) para o Brasil e as Unidades da Federação (UF) para os anos de 2000, 2024 e 2070. São Paulo é a maior UF do país e tinha 3,5 milhões de idosos no ano 2000, passou para 7,9 milhões em 2024 e deve alcançar 15,5 milhões de idosos em 2070, passando de 9,1% em 2000 para 38,1% em 2070. Minas Gerais é a segunda maior UF e tinha 1,7 milhão de idosos no ano 2000, passou para 3,9 milhões em 2024 e deve alcançar 7,6 milhões de idosos em 2070, passando de 9,4% em 2000 para 39,3% em 2070.
O Rio de Janeiro é a terceira maior UF e tinha 1,6 milhão de idosos no ano 2000, passou para 3,9 milhões em 2024 e deve alcançar 7,6 milhões de idosos em 2070. O Rio de Janeiro era a UF com a maior proporção de idosos no ano 2000 (10,6%) e passou para 18,9% em 2024 e deve alcançar 38,8% em 2070. Atualmente, a UF com a maior proporção de idosos de 60 anos e mais de idade é o Rio Grande do Sul, que tinha 1,1 milhão de idosos no ano 2000 (10,6%), passou para 2,3 milhões em 2024, representando uma proporção recorde de 20,6% de idosos.
A Unidade da Federação que terá o envelhecimento mais rápido é o Distrito Federal que tinha 123 mil idosos no ano 2000, passou para 401 mil em 2024 e deve alcançar 1,1 milhão de idosos, representando 40,4% da população total em 2070, o que será a maior proporção de idosos entre todas as UFs em 2070.
O Mato Grosso é a UF que manterá a estrutura mais “rejuvenescida” até 2070, pois tinha 172 mil idosos no ano 2000, passou para 464 mil em 2024 e deve alcançar 1,6 milhão em 2070, mantendo a proporção de idosos abaixo de 30% durante todo o período.
De modo geral, as UFs das regiões Norte e Centro-Oeste vão manter uma proporção de idosos abaixo da média nacional, enquanto as UFs das regiões Nordeste e Sudeste vão manter uma proporção de idosos acima da média nacional.
O que as projeções populacionais do IBGE mostram é que o número de idosos vai continuar crescendo mesmo depois que a população total começar a diminuir a partir de 2042. Por conseguinte, a proporção de idosos aumentará de maneira significativa, embora em diferentes ritmos, em todas as Unidades da Federação.
O fenômeno do envelhecimento populacional traz desafios e oportunidades.
O principal desafio é o aumento da razão de dependência demográfica, que implica aumento da proporção da população dependente e redução da proporção da população em idade de trabalhar, gerando, potencialmente, uma maior pressão sobre a sustentabilidade fiscal do sistema de seguridade social.
Contudo, a economia brasileira pode se beneficiar de uma população em idade ativa menor, se a produtividade da força de trabalho crescer e se uma proporção menor de trabalhadores entregar uma quantidade maior de bens e serviços. Além disto, a “economia prateada” é uma oportunidade que pode agregar valor a partir de um bônus da longevidade que ocorre a partir da criatividade da população da 3ª idade.
O envelhecimento populacional do Brasil, das Grandes Regiões e das Unidades da Federação é inexorável. Mas esta megatendência do século XXI só trará dificuldades se nada for feito para adaptar a estrutura produtiva, concomitantemente, à adaptação da inserção da população idosa. A longevidade ativa e saudável, no contexto da economia prateada, é a resposta para a nova configuração demográfica.
Com sinergia entre os gêneros e as gerações, com o combate aos preconceitos e às discriminações e com o fim do etarismo o Brasil pode trilhar o caminho da prosperidade, superar a pobreza e avançar no ranking dos indicadores de desenvolvimento humano sustentável.
José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382
Referências:
ALVES, JED. O inverno demográfico da Romênia está se transformando em primavera social e ambiental, Ecodebate, 26/06/2024
https://www.ecodebate.com.br/2024/06/26/o-inverno-demografico-da-romenia-esta-se-transformando-em-primavera-social-e-ambiental/
ALVES, JED. A janela de oportunidade está se fechando e como enriquecer e envelhecer ao mesmo tempo, Revista Longeviver, 1º trimestre de 2024
https://revistalongeviver.com.br/index.php/revistaportal/article/view/1050/1100
ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século XXI (com a colaboração de GALIZA, F), ENS, maio de 2022
https://prdapi.ens.edu.br/media/downloads/Livro_Demografia_e_Economia_digital_2.pdf
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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