Big Techs, Datacenters e Energia Nuclear: Desafios e Riscos
Datacenters de IA exigem alta energia. Meta, Amazon e Google buscam energia nuclear, enfrentando barreiras regulatórias e desafios ambientais.
Artigo de Vivaldo José Breternitz (*)
Datacenters que processam aplicações de inteligência artificial necessitam quantidades imensas de energia elétrica.
Buscando atender a essa necessidade a Meta e a Amazon tem pensado em construir datacenters alimentados por energia nuclear, mas ao que parece, seus planos tem sofrido reveses, como informou a agência de notícias Axios.
No caso da Meta, o jornal Financial Times informou que a controladora do Facebook planejava construir um data center ao lado de uma usina nuclear existente, mas que a empresa descartou o projeto após identificar preocupações ambientais e regulatórias.
Uma dessas preocupações foi trazida pela descoberta de uma espécie rara de abelhas vivendo no local onde o data center seria construído. A Meta, que diz operar com emissões zero desde 2020, informou que continua a “explorar vários acordos” para obter energia limpa.
Já a Amazon, no início deste ano, fechou um acordo de US$ 650 milhões para investir em um datacenter situado nas imediações de uma usina nuclear operada pela empresa Talen, na Pensilvânia.
No entanto, duas outras empresas distribuidoras de energia, AEP e Exelon, contestaram o negócio na justiça, alegando que o uso de energia pelo datacenter da Amazon geraria aumento de custos para os demais usuários.
A Axios informou que a Comissão Federal Reguladora de Energia dos Estados Unidos, a agência responsável por supervisionar tais acordos, deu razão às duas empresas e decidiu não dar sinal verde ao projeto.
Outras gigantes da tecnologia também estão buscando a energia nuclear para apoiar seus planos de expansão de data centers. No mês passado, a Google firmou um acordo para comprar até 500 megawatts de energia gerada por vários pequenos reatores modulares.
Anteriormente, a operadora da usina nuclear de Three Mile Island anunciou planos para reabrir a instalação e usá-la para gerar eletricidade para datacenters da Microsoft.
Mas nada indica que a fome de energia das big techs diminuirá, pelo que acreditamos que os projetos voltados à energia nuclear devem ter andamento; resta esperar que a ambição dessas empresas não seja maior que suas preocupações com a segurança.
Deve-se lembrar também que existem cerca de 200 navios movidos por energia nuclear, dos quais aproximadamente 100 são americanos e que esses navios, em caso de guerra são alvos e que seus reatores podem vir a ser atingidos, com consequências imprevisíveis – atualmente estão sendo desenvolvidos trabalhos voltados à mitigação dos danos causados por vazamentos do reator de um submarino nuclear russo que afundou acidentalmente.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – vjnitz@gmail.com.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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