Guia de Estudo – Responsabilidade Histórica pelas Mudanças Climáticas
Este guia de estudo foi elaborado para auxiliar na sua compreensão da responsabilidade histórica pelas mudanças climáticas. Utilize os recursos fornecidos para aprofundar seu conhecimento e se preparar para futuras avaliações.
Introdução
O artigo do Carbon Brief analisa a responsabilidade histórica pela mudança climática, examinando as emissões cumulativas de CO2 desde 1850, separando-as por país e por fonte (combustíveis fósseis, desmatamento).
O artigo destaca a importância de considerar as emissões cumulativas para entender o aquecimento global atual e discute diferentes métodos de atribuição de responsabilidade, incluindo a contabilização de emissões baseada no consumo e per capita.
Além disso, o artigo aborda as complexidades da contabilização de emissões históricas devido a mudanças nas fronteiras nacionais, descolonização e o uso de dados históricos imprecisos.
Artigo de referência e fonte recomendada para compreensão do tema: “Analysis: Which countries are historically responsible for climate change?” https://www.carbonbrief.org/analysis-which-countries-are-historically-responsible-for-climate-change/
Responsabilidade histórica pelas emissões de CO2
Os Estados Unidos são os maiores responsáveis históricos pelas emissões de CO2, lançando mais de 509 GtCO2 na atmosfera desde 1850, o que representa 20% do total global e está associado a cerca de 0,2°C de aquecimento até o momento.
Isso se deve principalmente ao uso disseminado de carvão e, posteriormente, à ascensão do automóvel. A China ocupa o segundo lugar, com 11% das emissões cumulativas de CO2, seguida pela Rússia (7%), Brasil (5%) e Indonésia (4%).
O Brasil e a Indonésia estão entre os 10 maiores emissores históricos devido ao CO2 proveniente do uso da terra.
O desmatamento para a agricultura e a exploração madeireira contribuíram significativamente para as suas emissões totais. A Alemanha, em sexto lugar com 3,5% das emissões cumulativas, destaca como alguns países transformaram seus setores de uso da terra em sumidouros de CO2 em vez de fontes, à medida que as árvores retornaram a áreas previamente desmatadas.
A população é um fator importante a ser considerado ao analisar as emissões de CO2.
China e Índia, por exemplo, caem na classificação quando as emissões são calculadas per capita. Isso ocorre porque, embora tenham grandes emissões totais, também possuem grandes populações.
Os EUA, Rússia, Alemanha, Reino Unido, Japão e Canadá, por outro lado, representam 10% da população mundial, mas 39% das emissões cumulativas.
Dois métodos podem ser usados para calcular as emissões per capita:
● Emissões cumulativas por população em 2021: Este método divide as emissões cumulativas de um país em cada ano pelo número de pessoas que vivem no país naquele momento.
Usando este método, o Canadá ocupa o primeiro lugar, seguido pelos EUA, Estônia, Austrália e Trinidad e Tobago.
● Emissões cumulativas per capita: Este método soma as emissões per capita de um país em cada ano ao longo do tempo.
Usando este método, a Nova Zelândia ocupa o primeiro lugar, seguida pelo Canadá, Austrália e EUA.
É importante notar que, ao contrário das emissões históricas cumulativas, as emissões per capita não estão diretamente relacionadas ao aquecimento global.
O professor Pierre Friedlingstein, especialista em modelagem matemática de sistemas climáticos, explica que o que realmente importa para o clima são as emissões cumulativas de CO2.
O Carbon Brief estima que a contabilização das emissões baseadas no consumo, que atribui a responsabilidade total aos países que utilizam os produtos e serviços produzidos com energia fóssil, tende a reduzir o total para os principais exportadores, como a China.
No entanto, este tipo de contabilização só está disponível para os anos posteriores a 1990, o que significa que o comércio intensivo em carbono anterior é excluído da análise.
Por fim, é fundamental reconhecer que a atribuição de responsabilidade pelas emissões históricas é complexa e envolve questões de justiça climática.
As fronteiras nacionais mudaram ao longo do tempo, dificultando a divisão precisa das emissões.
Além disso, a colonização e a extração de recursos naturais por colonizadores estrangeiros também devem ser consideradas ao analisar a responsabilidade histórica.
Questionário
Responda às seguintes perguntas em 2 a 3 frases cada:
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Explique a relação entre as emissões cumulativas de CO2 e o aquecimento global.
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Qual é a principal razão pela qual os EUA são considerados o maior contribuinte para as emissões históricas de CO2?
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Como as emissões de CO2 relacionadas ao uso da terra e florestas impactam o ranking dos maiores emissores históricos?
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Descreva a diferença entre emissões territoriais e emissões baseadas no consumo.
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Por que o cálculo das emissões cumulativas per capita pode levar a resultados diferentes e quais são os dois métodos principais usados no artigo?
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Explique a importância do ano de 1850 como ponto de partida para a análise das emissões históricas de CO2.
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Quais são os desafios na atribuição de responsabilidade histórica pelas emissões de CO2 considerando as mudanças de fronteiras geopolíticas ao longo do tempo?
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Como os modelos de “contabilidade” são usados para estimar as emissões de CO2 provenientes do uso da terra, mudança no uso da terra e florestas (LULUCF)?
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Qual é a principal fonte de incerteza nas estimativas de emissões de LULUCF e como essa incerteza evoluiu ao longo do tempo?
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De acordo com a análise, que regiões do mundo podem ter sua parcela de responsabilidade pelo aquecimento global significativamente alterada quando se consideram as emissões pré-industriais?
Chave de Resposta
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Existe uma relação linear direta entre as emissões cumulativas de CO2 e o aquecimento global. O CO2 emitido permanece na atmosfera por séculos, contribuindo para o efeito estufa. A quantidade total de CO2 emitida desde a era industrial determina o nível atual de aquecimento.
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Os EUA são o maior contribuinte para as emissões históricas de CO2 devido a uma combinação de fatores, incluindo o uso extensivo de combustíveis fósseis para industrialização, o desenvolvimento de infraestrutura de transporte e o desmatamento em grande escala durante sua história.
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A inclusão das emissões de CO2 relacionadas ao uso da terra e florestas altera significativamente o ranking dos maiores emissores históricos. Países como Brasil e Indonésia, com altas taxas de desmatamento, sobem na classificação.
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Emissões territoriais contabilizam o CO2 emitido dentro das fronteiras de um país, enquanto emissões baseadas no consumo consideram o CO2 incorporado em bens e serviços consumidos, independentemente do local de produção. Isso leva em conta o comércio internacional de produtos intensivos em carbono.
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O cálculo das emissões cumulativas per capita pode levar a resultados diferentes dependendo do método usado para ponderar as populações passadas e presentes. O artigo utiliza dois métodos: (1) dividir as emissões cumulativas pela população atual e (2) somar as emissões per capita ao longo do tempo.
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O ano de 1850 é usado como ponto de partida para a análise das emissões históricas de CO2 porque coincide com a definição do IPCC para o período de referência pré-industrial (1850-1900) e porque os dados sobre emissões nacionais de LULUCF não estão disponíveis antes de 1850.
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A atribuição de responsabilidade histórica pelas emissões de CO2 é complexa devido às mudanças de fronteiras geopolíticas ao longo do tempo. A divisão de emissões entre países que se uniram, se separaram ou mudaram de território exige estimativas e pode levar a imprecisões.
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Modelos de “contabilidade” usam dados sobre mudanças no uso da terra e estimativas de carbono armazenado em diferentes tipos de ecossistemas para calcular as emissões de CO2 provenientes de LULUCF. Esses modelos registram as mudanças nos estoques de carbono ao longo do tempo, com base nas taxas de desmatamento, reflorestamento e outros usos da terra.
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A principal fonte de incerteza nas estimativas de emissões de LULUCF são os dados incompletos sobre mudanças históricas no uso da terra e as estimativas de carbono armazenado em diferentes ecossistemas. A incerteza aumenta à medida que se recua no tempo, mas as taxas de mudança no uso da terra geralmente eram mais baixas no passado do que nos últimos 60 anos.
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A Ásia, principalmente China e Índia, pode ter sua parcela de responsabilidade pelo aquecimento global significativamente aumentada quando se consideram as emissões pré-industriais. A Europa e a América do Norte podem ter sua parcela reduzida devido ao desmatamento em larga escala ocorrido antes de 1850.
Questões para Dissertação
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Avalie os argumentos a favor e contra o uso de emissões cumulativas de CO2 como principal métrica para determinar a responsabilidade histórica pelas mudanças climáticas.
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Discuta as implicações da responsabilidade histórica para as negociações internacionais sobre mudanças climáticas, incluindo o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas.
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Analise como o conceito de justiça climática se relaciona com a questão da responsabilidade histórica pelas emissões de CO2. Explore as diferentes perspectivas sobre como alcançar a justiça climática em um contexto global.
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Examine o papel da industrialização e do desenvolvimento econômico na trajetória histórica das emissões de CO2. Considere como os padrões de consumo e produção globais influenciaram as emissões ao longo do tempo.
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Explore as limitações e os desafios na quantificação precisa das emissões históricas de CO2, especialmente aquelas relacionadas ao uso da terra e florestas. Discuta como essas incertezas podem impactar as discussões sobre responsabilidade histórica.
Glossário
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Emissões cumulativas: A quantidade total de CO2 emitida por uma entidade (país, região, etc.) desde um determinado ponto no tempo, geralmente o início da era industrial.
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Emissões territoriais: Emissões de CO2 que ocorrem dentro das fronteiras geográficas de um país.
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Emissões baseadas no consumo: Emissões de CO2 atribuídas a um país com base nos bens e serviços consumidos por sua população, independentemente de onde foram produzidos.
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Justiça climática: O conceito de que os impactos das mudanças climáticas e as responsabilidades pela mitigação e adaptação devem ser distribuídos de forma justa e equitativa.
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Responsabilidades comuns, mas diferenciadas: O princípio de que todos os países têm a responsabilidade de combater as mudanças climáticas, mas que essa responsabilidade deve ser diferenciada de acordo com suas capacidades e contribuições históricas para o problema.
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LULUCF: Uso da terra, mudança no uso da terra e florestas – um setor que inclui emissões e remoções de CO2 relacionadas a atividades como desmatamento, reflorestamento e agricultura.
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Modelos de “contabilidade”: Modelos usados para estimar as emissões e remoções de CO2 de LULUCF, com base em dados sobre mudanças no uso da terra e estimativas de carbono armazenado em diferentes tipos de ecossistemas.
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Orçamento de carbono: A quantidade total de CO2 que pode ser emitida globalmente para limitar o aquecimento global a um nível específico, como 1.5°C ou 2°C.
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TCRE (Transient Climate Response to Cumulative Emissions): A resposta da temperatura global a um determinado aumento nas emissões cumulativas de CO2.
Sugestão de temas a serem explorados em sala de aula
- Responsabilidade histórica por emissões de CO2
- Emissões históricas de carbono
- Maiores emissores de CO2 na história
- Emissões cumulativas de carbono
- Justiça climática e emissões de CO2
- Emissões per capita de carbono
- Emissões globais de CO2
- Impacto histórico das emissões de CO2
- Emissões históricas dos Estados Unidos
- Uso da terra e emissões de carbono
- Brasil e Indonésia nas emissões históricas
- Emissões baseadas no consumo
- Aquecimento global e emissões cumulativas
- Desmatamento e emissões de CO2
- “Quais países são os maiores responsáveis pelas emissões históricas de CO2?”
- “Como as emissões per capita influenciam a análise das responsabilidades climáticas?”
- “O papel do desmatamento nas emissões históricas de carbono do Brasil e da Indonésia”
- “Diferença entre emissões cumulativas e emissões per capita”
- “Impacto das mudanças nas fronteiras nacionais nas emissões históricas”
- “A influência do consumo e do comércio nas emissões de carbono”
- “Análise histórica de emissões de CO2 desde 1850”
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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