BP suspende projetos na área de hidrogênio
Por Vivaldo José Breternitz
A gigante do petróleo e gás BP informou que está cancelando 18 projetos voltados à produção de energia limpa a partir do hidrogênio.
A decisão, somada a venda das operações americanas de energia eólica terrestre da empresa, deve aumentar os lucros da BP como um todo, contrastando com as perspectivas de resultados não tão bons para as iniciativas de produção de energia a partir do hidrogênio.
A BP tem sido uma apoiadora do hidrogênio – seu braço de capital de risco investiu em várias startups de hidrogênio verde, incluindo Electric Hydrogen e Advanced Ionics. No início deste ano, a BP disse que desenvolveria “mais de 10” projetos de hidrogênio na Europa, Austrália e Estados Unidos.
Agora, a BP está pisando no freio, afirmando que desenvolverá entre cinco e dez projetos, sem revelar quais.
O hidrogênio tem o potencial de reduzir significativamente a poluição por carbono em uma série de indústrias, incluindo refino petroquímico, siderurgia e transporte marítimo.
Mas a infraestrutura para o hidrogênio, especialmente o hidrogênio verde, que é produzido usando eletricidade proveniente de fontes renováveis, segue muito pequena.
Isso ocorre em parte porque o hidrogênio verde tem custos de produção elevados e também porque o transporte de hidrogênio é caro em relação ao dos combustíveis fósseis, um fator que desincentiva sua adoção.
Muitas empresas da área de petróleo e gás já produzem hidrogênio em suas refinarias a partir do gás natural. Em função da estrutura que já possuem, parece natural que venham a produzir o hidrogênio verde por eletrólise, que pode produzir hidrogênio usando água e eletricidade.
Essas empresas têm muita experiência no desenvolvimento de grandes projetos de infraestrutura do tipo que será necessária caso o uso do hidrogênio venha a fazer diferença significativa no processo de reduzir emissões industriais.
Apesar das vantagens do hidrogênio verde, especialistas acreditam que a decisão da BP de reduzir suas ambições na área provavelmente não será a última do setor.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – vjnitz@gmail.com.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]
A manutenção da revista eletrônica EcoDebate é possível graças ao apoio técnico e hospedagem da Porto Fácil.
[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate com link e, se for o caso, à fonte primária da informação ]