Aumento do nível do mar deve afetar mais de 1 milhão de brasileiros em 2030
Inundações costeiras por consequência das mudanças climáticas devem impactar quase 100 milhões de pessoas no mundo até o fim do século, aponta novo estudo. Aumento do nível do mar deve afetar 1,3 milhão de brasileiros em 2030.
O aumento do nível do mar por consequência das mudanças climáticas deverá, até o final deste século, colocar em risco de inundações terras que hoje abrigam quase 100 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, 2,1 milhões de pessoas serão afetadas por alagamentos anuais nas regiões costeiras até 2100, aponta estudo da organização independente de cientistas Climate Central.
O relatório Estado do Clima Global 2023, da Organização Meteorológica Mundial (OMM), lançado em março deste ano apontou que 2023 foi o ano mais quente já registrado e que o nível médio do mar global atingiu um nível recorde na série de dados de satélite (desde 1993), refletindo o contínuo aquecimento dos oceanos bem como o derretimento de geleiras e calotas de gelo.
Segundo dados analisados pela OMM, a taxa de aumento médio do nível do mar global nos últimos dez anos (2014-2023) é mais que o dobro da taxa de aumento do nível do mar na primeira década do registro por satélite (1993-2002). O aquecimento do planeta e consequentemente dos oceanos são efeito das emissões de gases de efeito estufa, sendo a queima dos combustíveis fósseis a principal responsável pelo aumento desses gases na atmosfera.
À medida que os mares sobem, as terras que antes estavam seguras passam a ficar sob risco de inundação, expondo os residentes a ameaças cada vez maiores.
Os novos dados analisados pelos pesquisadores da Climate Central mostram que, até 2100, as zonas de risco se estenderão mais alto e mais para o interior das regiões costeiras, em áreas onde 93 milhões de pessoas vivem atualmente.
No Brasil, a população na zona de risco de inundação costeira anual em 2030 deverá ser de 1.3 milhão de pessoas. Até 2100, esse número deverá aumentar 68%, com 2,1 milhões de pessoas convivendo com a ameaça de inundações anuais.
Ameaça global
Em alguns países, o risco de inundação costeira até o final do século aumentará drasticamente o número e a proporção de residentes potencialmente expostos a danos, perturbações e perdas durante tempestades.
A China, por exemplo, tem aproximadamente 52 milhões de pessoas vivendo na zona de risco onde se espera que as inundações costeiras ocorram pelo menos uma vez por ano, em média, até 2030. Esse risco se expande até 2100 para terras onde vivem atualmente mais 29 milhões de pessoas.
No Vietnã, onde 18 milhões de pessoas vivem na zona de risco em 2030, espera-se que a elevação dos mares até 2100 ameace as terras que hoje abrigam mais 7 milhões de pessoas. Se atingir esse ponto, a zona de risco anual de inundação cobrirá uma área onde hoje vive 30% da população do país.
O risco anual de inundação até 2100 se expandirá para terras onde vivem mais de 10 milhões de pessoas em Bangladesh, 8 milhões de pessoas na Índia, mais de 6 milhões de pessoas na Indonésia e 5 milhões no Japão. Essas mudanças forçarão grandes comunidades a se adaptarem a ameaças mais graves e mais frequentes de inundações costeiras.
As estimativas vêm da análise atualizada da Climate Central sobre elevações globais e projeções de risco de inundação costeira, com base no cenário mais recente de emissões médias a altas do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), aplicada a dados populacionais para determinar o número de pessoas que vivem hoje em áreas que se espera que sofrerão mais inundações costeiras devido ao aumento do nível do mar.
A análise foi baseada em uma atualização extensa, de março de 2024, do CoastalDEM, o modelo de elevação digital orientado por IA da Climate Central. (O CoastalDEM é o conjunto de dados globais de menor erro de alturas de terras costeiras, conforme avaliado em relação a um conjunto de dados de referência global).
Climate Central é um grupo independente de cientistas e comunicadores que pesquisam e relatam fatos sobre o clima em mudança e como isso afeta a vida das pessoas.
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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