EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Artigo

A Amazônia no Centro do Mundo: COP 30 – 2025

►Conteúdo criado por Humano(a) para Humanos(as)◄

 

 

José Ribamar Bento da Silva Júnior¹

A decisão de realizar a COP 30 em 2025, na cidade de Belém do Pará, coloca o Brasil, e mais especificamente a Amazônia, no epicentro das discussões globais sobre alterações climáticas.

Este evento, de suma importância, traz a oportunidade de dar visibilidade a uma das regiões mais críticas para o equilíbrio ecológico planetário. A Amazônia, por sua vasta biodiversidade e capacidade de regular o clima, é essencial para o futuro da humanidade. No entanto, ao mesmo tempo que carrega a esperança de ser uma alternativa para as mudanças climáticas, a região enfrenta graves desafios ambientais e sociais, que precisam ser resolvidos com urgência.

Vantagens da COP 30 em Belém

Realizar a COP 30 em Belém do Pará tem grande significado simbólico e prático. A cidade é a porta de entrada para a Amazônia e representa a complexa realidade ambiental, social e econômica da maior floresta tropical do mundo. Estar no coração dessa realidade permitirá que os líderes mundiais e ativistas vejam de perto o que está em jogo.

Entre as vantagens está o fato de que a presença internacional pode gerar pressão para que o Brasil intensifique suas políticas ambientais e a proteção da Amazônia. Nos últimos anos, a região tem enfrentado desmatamentos crescentes, exploração ilegal de madeira e garimpo, além de conflitos fundiários envolvendo povos indígenas e comunidades tradicionais. A COP 30 pode impulsionar o desenvolvimento de acordos e compromissos mais firmes em torno de uma economia sustentável, com incentivo à bioeconomia e ao turismo sustentável, gerando alternativas econômicas para a população local, sem comprometer os recursos naturais.

Além disso, ao sediar o evento, o Brasil terá a oportunidade de atrair investimentos estrangeiros para projetos de conservação, restauração e inovação tecnológica na região amazônica. Empresas e nações comprometidas com a sustentabilidade podem ser incentivadas a colaborar mais diretamente com a proteção da floresta, criando modelos econômicos mais inclusivos e sustentáveis.

241016 cop3 vista do ver o peso

Legenda: Vista do Ver-o-Peso em Belém | Fonte: Paratur

O Legado da COP 30

A expectativa é que o legado da COP 30 em Belém seja significativo para a política ambiental brasileira. Ao focar na Amazônia, a conferência pode deixar uma agenda significativa de compromissos para redução de desmatamento, recuperação de áreas degradadas e fortalecimento dos direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais.

Essa é uma oportunidade de reposicionar o Brasil como protagonista na luta contra as alterações climáticas, algo que se perdeu em meio a retrocessos nas políticas ambientais nos últimos anos. O estado do Pará pode se tornar um símbolo de uma nova era de sustentabilidade, com a implementação de projetos que conciliem desenvolvimento econômico e preservação ambiental, algo essencial para garantir a sobrevivência da floresta a longo prazo.

O legado também pode se estender à governança local. A partir da COP 30, espera-se o fortalecimento de mecanismos de fiscalização ambiental e a criação de políticas públicas que envolvam as comunidades locais em práticas de manejo sustentável. Isso poderia incluir, por exemplo, incentivos para a agrofloresta e sistemas de produção que não degradam o solo e os recursos naturais.

Desafios para o Estado do Pará

No entanto, a realização da COP 30 em Belém também destaca desafios. O estado do Pará enfrenta uma série de dificuldades, como a falta de infraestrutura, baixa capacidade de fiscalização ambiental e a enorme extensão territorial, o que torna a execução de políticas ambientais consistentes uma tarefa árdua. A região também sofre com a exploração ilegal de recursos, desmatamento acelerado e uma série de pressões externas que visam a exploração de sua biodiversidade, seja pela mineração, pecuária ou agricultura intensiva.

Outro grande desafio é o envolvimento político local. Embora a pauta ambiental seja urgente, muitos governos estaduais e municipais da Amazônia ainda têm uma relação ambígua com o desenvolvimento sustentável, muitas vezes priorizando atividades econômicas predatórias. A falta de ações consistentes pode minar os avanços que a COP 30 promete, e os compromissos firmados precisam ser rigorosamente monitorados para que não se tornem apenas promessas vazias.

241016 cop3 vista área de belém

Legenda: Vista área de Belém | Fonte: Paratur

A COP 30 e o Contexto Global: Guerra, Fome e Exploração da Biodiversidade

O mundo em 2025 estará ainda mais pressionado por crises interligadas: a guerra, a fome e a exploração desmedida da biodiversidade. Esses desafios globais exigem que a COP 30 vá além de discussões técnicas sobre emissões de carbono. Espera-se que a conferência aborde as inter-relações entre conflitos globais e a degradação ambiental. A exploração de ecossistemas como a Amazônia não apenas influenciam alterações climáticas, mas também aumentam crises humanitárias, ao deslocar comunidades e reduzir a resiliência ambiental em regiões já vulneráveis.

A fome, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, está diretamente ligada ao colapso dos sistemas naturais e à exploração insustentável dos recursos. A biodiversidade da Amazônia tem um papel fundamental na segurança alimentar global, oferecendo potenciais alternativas para sistemas agrícolas mais resilientes. No entanto, sua exploração ameaça essa mesma segurança.

A expectativa para a COP 30 é que ela promova a defesa de uma governança global mais eficaz para proteger a biodiversidade e enfrentar as desigualdades que agravam os conflitos e a fome. A Amazônia, com sua riqueza genética e potencial para inovações científicas, pode oferecer alternativas para muitos desses problemas, desde que utilizada de forma sustentável e ética.

¹ Doutorando da UFPA/NUMA/PPGDAM. Mestre em Ciências Ambientais e Desenvolvimento Sustentável (UFPA/ITV). MBA em Gestão Ambiental pela Fundação Getúlio Vargas. Psicanalista pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica. Graduado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal Rural da Amazônia. Analista de Gestão Ambiental na Diretoria de Gestão Florestal da SEMAS/PA | http://lattes.cnpq.br/0911310499398289

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]

 

A manutenção da revista eletrônica EcoDebate é possível graças ao apoio técnico e hospedagem da Porto Fácil.

 

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate com link e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *