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Arborização urbana e o efeito de resfriamento nas ilhas de calor

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arborização urbana

Estudo revela que árvores urbanas mitigam o efeito de calor nas cidades, com maior eficácia nos dias mais quentes. Saiba como elas combatem o aquecimento urbano.

Fatores que influenciam a eficiência de resfriamento de árvores urbanas

 

Como as áreas urbanas continuam a se expandir, muitas vezes experimentam o efeito da ilha de calor urbana, onde as cidades se tornam significativamente mais quentes do que as áreas rurais circundantes. As árvores urbanas têm sido propostas como uma solução para mitigar esse efeito, graças à sua capacidade de fornecer sombra e resfriar o ar através da evaporação. No entanto, a eficácia desses mecanismos de resfriamento, particularmente sob o aumento das temperaturas, permaneceu incerta – até agora.

Um estudo, publicado na Advances in Atmospheric Sciences, investiga a relação entre o aumento das temperaturas e as eficiências de resfriamento – definido como o efeito de resfriamento adicionado resultante do aumento de 1% da cobertura arbórea – de árvores urbanas em 70 cidades economicamente desenvolvidas em toda a China.

O estudo é conduzido por pesquisadores da Universidade de Nanjing e revela que as árvores urbanas proporcionam maiores benefícios de resfriamento nos dias de verão mais quentes, oferecendo uma solução promissora para o crescente efeito da ilha de calor urbana.

A equipe examinou dados de satélite ao longo de um período de 17 anos (2003-2019) para avaliar como a eficiência de resfriamento das árvores urbanas responde ao aumento das temperaturas do verão. A pesquisa produziu duas descobertas críticas:

Resposta da eficiência de resfriamento positiva: As árvores urbanas geralmente exibem maior eficiência de resfriamento à medida que as temperaturas aumentam, particularmente durante os dias de verão mais quentes. Essa resposta positiva ressalta o papel crucial que as árvores urbanas podem desempenhar na mitigação de riscos extremos de calor, que estão se tornando mais frequentes devido ao aquecimento global.
Variância espacial na resposta à eficiência de resfriamento: A resposta de eficiência de resfriamento das árvores urbanas varia significativamente em diferentes cidades, influenciadas por fatores como os níveis de cobertura arbórea e o clima local. Notavelmente, cidades com níveis mais baixos de cobertura de árvores ou aqueles localizados em regiões mais quentes e mais moscas experimentam respostas de eficiência de resfriamento mais fortes. Essa descoberta é particularmente relevante para as cidades do noroeste da China, onde as condições áridas e semiáridas, combinadas com taxas de aquecimento mais altas, apresentam maiores desafios.

Apesar da resposta geral de eficiência de resfriamento positiva, os pesquisadores também observaram que estudos na África e na índia relataram que pode haver um ponto de virada para a resposta da eficiência de resfriamento ao aumento da temperatura. Como as temperaturas excedem este ponto de viragem ou limiar, as árvores podem fechar os seus estômatos para conservar a água, reduzindo significativamente a sua eficiência de arrefecimento. Essa capacidade diminuída pode exacerbar as condições de calor durante ondas de calor extremas, destacando uma limitação em depender apenas de árvores urbanas para combater o aumento das temperaturas urbanas.

A equipe de pesquisa, portanto, enfatiza a necessidade de expandir sua análise para além da China para obter uma perspectiva global sobre a eficiência de resfriamento das árvores urbanas em resposta ao aumento das temperaturas. Além disso, estudos futuros terão como objetivo incorporar os benefícios de sombreamento das árvores urbanas, que não foram incluídas nesta análise inicial devido aos desafios na quantificação por meio de dados de satélite.

Fatores que influenciam a eficiência de resfriamento de árvores urbanas

A eficiência de resfriamento das árvores urbanas, definida como o efeito de resfriamento adicional por aumento de 1% na cobertura arbórea, não é uniforme em diferentes cidades.

Essa variabilidade se deve a uma série de fatores que influenciam a capacidade das árvores de mitigar o calor urbano.

● Níveis de Cobertura Arbórea: Cidades com menor cobertura arbórea tendem a apresentar respostas de eficiência de resfriamento mais significativas, indicando que a presença de mais árvores pode ter um impacto perceptível na redução da temperatura.
● Clima Local: O clima predominante em uma cidade desempenha um papel crucial na eficiência de resfriamento das árvores. Regiões mais quentes e secas, como o noroeste da China, experimentam respostas de eficiência de resfriamento mais fortes, sugerindo que as árvores nessas áreas fornecem um benefício de resfriamento mais acentuado em comparação com cidades em climas mais amenos.

Embora o estudo citado se concentre em cidades chinesas, é plausível que esses fatores também influenciem a variabilidade da eficiência de resfriamento em outras partes do mundo. No entanto, são necessárias pesquisas adicionais para confirmar essa hipótese e identificar outros fatores que podem estar em jogo, como:

● Espécies de Árvores: Diferentes espécies de árvores possuem características fisiológicas distintas, incluindo taxas de transpiração e capacidades de sombreamento, o que pode afetar sua eficácia na redução do calor urbano.
● Densidade e Distribuição das Árvores: A disposição espacial das árvores, tanto em termos de densidade quanto de distribuição, pode influenciar o fluxo de ar e a quantidade de sombra projetada, impactando a eficiência geral de resfriamento.
● Características Urbanas: A geometria urbana, os materiais de construção e a presença de superfícies impermeáveis podem influenciar o armazenamento de calor e a circulação de ar, afetando a interação entre as árvores e o microclima urbano.

Resumo

Um estudo recente investigou como as árvores urbanas mitigam o efeito da ilha de calor urbana em 70 cidades chinesas. Os pesquisadores descobriram que, em geral, as árvores urbanas são mais eficazes em resfriar o ambiente quando as temperaturas estão mais altas, especialmente durante os dias mais quentes do verão. No entanto, a eficácia de resfriamento das árvores varia de acordo com a localização e a cobertura arbórea: cidades com menos árvores ou localizadas em regiões mais quentes e secas tendem a ter árvores que oferecem maior capacidade de resfriamento. Apesar disso, existe um ponto de viragem em que o calor extremo pode fazer com que as árvores diminuam sua eficiência de resfriamento, o que destaca a necessidade de estratégias adicionais para lidar com as temperaturas urbanas cada vez mais altas.

Referência:

Enhanced Cooling Efficiency of Urban Trees on Hotter Summer Days in 70 Cities of China
Advances in Atmospheric Sciences, September 2024
DOI 10.1007/s00376-024-3269-9
Authors: Limei Yang, Jun Ge, Yipeng Cao, Yu Liu, Xing Luo, Shiyao Wang, Weidong Guo

Fonte: Institute of Atmospheric Physics, Chinese Academy of Sciences

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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One thought on “Arborização urbana e o efeito de resfriamento nas ilhas de calor

  • Richard Douglas Ewald

    Parabéns ao chineses que tomaram esse conhecimento “agora”, porque passaram décadas consumindo suas florestas de modo pouco…eco-responsável. Enquanto isso, já nas décadas de 70 e 80 países europeus e mesmo cidades brasileiras como Curitiba e Blumenau já discutiam esse assunto e tomavam essa consciência e arborizavam suas áreas urbanas. Mas nunca é tarde, precisamos ensinar essa importante verdade a cada nova geração e em todos os lugares.

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