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Poluição Plástica: Resíduos não coletados e queima são maiores causas

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plásticos no oceano
Oceanos em 2050 vão ter mais plástico do que peixes, alerta Fórum de Davos. Foto: NOAA

Estudo global revela que resíduos não coletados e a queima aberta são responsáveis por 67% da poluição plástica mundial, ameaçando saúde e ambiente.

Um novo estudo lança uma luz sobre a enorme escala de lixo não coletado e queima aberta de resíduos plásticos no primeiro inventário global de poluição de plásticos.

Os pesquisadores usaram a I.A. para modelar o gerenciamento de resíduos em mais de 50.000 municípios em todo o mundo. Esse modelo permitiu que a equipe preveja quanto desperdício foi gerado globalmente e o que acontece com ele.

O estudo, publicado na revista Nature, calculou que 52 milhões de toneladas de produtos plásticos entraram no meio ambiente em 2020 – que, estabelecido em uma linha, se estenderia por todo o mundo mais de 1.500 vezes.

Ele também revelou que mais de dois terços da poluição plástica do planeta vem de lixo não coletado, com quase 1,2 bilhão de pessoas – 15% da população global – vivendo sem acesso a serviços de coleta de resíduos.

As descobertas mostram ainda que, em 2020, cerca de 30 milhões de toneladas de plásticos – no valor de 57% de toda a poluição plástica – foram queimadas em casas, nas ruas e nos lixões, sem controles ambientais. A queima de plástico vem com ameaças “substanciais” à saúde humana, incluindo defeitos neurodesenvolvimentais, reprodutivos e congênitos.

Os pesquisadores também identificaram novos pontos críticos de poluição plástica, revelando a índia como o maior contribuinte, seguido pela Nigéria e Indonésia.

A falta de coleta de lixo prejudica a saúde, o meio ambiente e a economia

Os pesquisadores acreditam que o estudo mostra que o acesso à coleta de resíduos deve ser visto como uma necessidade básica e um aspecto vital do saneamento, juntamente com os serviços de água e esgoto.

Embora a queima descontrolada de plástico tenha recebido muito pouca atenção no passado, os novos cálculos mostram que é pelo menos um problema tão grande quanto o lixo jogado no meio ambiente, mesmo quando a incerteza no modelo é levada em consideração.

A cada ano, mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas. Muitos produtos plásticos são descartáveis, difíceis de reciclar e podem permanecer no ambiente por décadas ou séculos, muitas vezes sendo fragmentados em itens menores. Alguns plásticos contêm aditivos químicos potencialmente prejudiciais que podem representar uma ameaça para a saúde humana, especialmente se forem queimados em aberto.

Novos hotspots de poluição plástica revelados

De acordo com os dados globais estimados do jornal para 2020, os países mais poluidores foram: a índia: 9,3 milhões de toneladas – cerca de um quinto do valor total; Nigéria: 3,5 milhões de toneladas; e Indonésia: 3,4 milhões de toneladas.

A China, anteriormente relatada como a pior, está agora em quarto lugar, com 2,8 milhões de toneladas, como resultado de melhorias na coleta e processamento de resíduos nos últimos anos. O Reino Unido ficou em 135o lugar, com cerca de 4.000 toneladas por ano, com a maior fonte.

Os países de baixa e média renda têm geração de resíduos plásticos muito mais baixa, mas uma grande proporção não é coletada ou descartada em lixões. O país surge como o maior contribuinte porque tem uma grande população, cerca de 1,4 bilhão, e grande parte de seus resíduos não é coletada.

O contraste entre as emissões de resíduos plásticos do Norte Global e do Sul Global é gritante. Apesar do alto consumo de plástico, a poluição por macroplásticos – poluição de objetos plásticos maiores que 5 milímetros – é uma questão comparativamente pequena no Norte Global, à medida que os sistemas de gerenciamento de resíduos funcionam de forma abrangente. Lá, o lixo é a principal causa da poluição macroplástica.

O mundo precisa de um “Tratado de plástico” informado pela ciência

Os pesquisadores dizem que este primeiro inventário global de poluição plástica fornece uma linha de base, comparável àquelas para as emissões de mudanças climáticas, que pode ser usada pelos formuladores de políticas para enfrentar esse desastre ambiental iminente. Eles querem que seu trabalho ajude os formuladores de políticas a criar gerenciamento de resíduos, recuperação de recursos e planos de economia circular mais amplos. Eles também querem ver um novo, ambicioso e juridicamente vinculativo, global “Tratado de Plásticos” destinado a combater as fontes de poluição plástica.

Resumo

Um novo estudo fornece a primeira estimativa global da poluição por plástico, revelando que 52 milhões de toneladas de plástico entram no meio ambiente a cada ano. O estudo utilizou inteligência artificial para modelar o gerenciamento de resíduos em mais de 50.000 municípios, descobrindo que a maior parte da poluição por plástico provém de lixo não coletado e da queima aberta de plástico. A Índia é apontada como o maior contribuinte para a poluição por plástico, seguida pela Nigéria e Indonésia. A pesquisa destaca a necessidade de acesso universal à coleta de lixo e defende a criação de um tratado global para lidar com a produção e o gerenciamento de plástico, inspirado nos acordos internacionais sobre as mudanças climáticas.

Referência:

Cottom, J.W., Cook, E. & Velis, C.A. A local-to-global emissions inventory of macroplastic pollution. Nature 633, 101–108 (2024). https://doi.org/10.1038/s41586-024-07758-6

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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