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O papel das soluções baseadas na natureza na prevenção de desastres naturais

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As SBN precisam ser tratadas como prevenção, sendo indispensável a adoção de políticas públicas que promovam sua execução em grande escala

Artigo de Luciano Machado

Temos testemunhado, no Brasil e no mundo, a urgência de novas práticas para a gestão de riscos e a prevenção de desastres naturais que, na maioria dos casos, ocorrem em resposta às mudanças climáticas e à urbanização acelerada. Neste cenário, olhando para o setor de infraestrutura, torna-se cada vez mais evidente o papel das Soluções Baseadas na Natureza (SBN) como estratégia para lidar com problemas de tamanha dimensão.

Isso porque as SBN utilizam processos e elementos naturais para lidar com desafios ambientais, proporcionando benefícios multifacetados que vão além da mitigação de desastres, incluindo a proteção da biodiversidade, a melhoria da qualidade da água e do ar, e, sobretudo, o aumento da resiliência das comunidades. Para se ter ideia de sua relevância, um estudo conduzido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), constatou que essas soluções, aplicadas na infraestrutura, têm o potencial de impactar até 79% das metas que compõem os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Dessa forma, cabe explorar algumas das principais técnicas que já estão sendo colocados em prática e que exemplificam a eficácia dessa abordagem. No contexto urbano, precisamos olhar para a água da chuva como a grande riqueza que é, com o objetivo de cuidar tanto do encaminhamento hídrico, bem como do seu armazenamento para posterior utilização. Dessa forma, é possível evitar que esse recurso natural resulte em morte e dor, sobretudo para as pessoas que moram em situação de vulnerabilidade, geralmente impactadas com enchentes e deslizamentos de terra.

E, no que tange a prevenção desses deslizamentos, embora as SBN não possam conter totalmente os desastres, elas ajudam a minimizar danos e reduzir riscos, sempre com base no ecossistema envolvido. Já em relação à erosão do solo, em alguns casos, é possível utilizar vegetação específica para controlar seu desgaste, assim como gramíneas estabilizadoras para proteger sua camada superficial.

No entanto, mesmo apresentando inúmeras vantagens, a implementação de infraestruturas sustentáveis enfrenta diversas barreiras, como o fato de se tratar de uma solução a longo prazo, uma vez que é necessário tempo para colher os benefícios. Infelizmente, por conta disso, ainda não há uma cultura consolidada de sua utilização. Na maioria dos casos, as alternativas convencionais “cinza” (concreto) continuam a ter preferência, pois geram retorno imediato.

Por isso, reforço que as SBN precisam ser tratadas como prevenção, sendo indispensável a adoção de políticas públicas que promovam sua execução em grande escala. Os governos e as organizações nacionais e internacionais precisam reconhecer seu valor e incluí-las nos planos de desenvolvimento e mitigação de desastres.

A partir disso, incentivos financeiros e regulatórios podem estimular investimentos em projetos do tipo, enquanto parcerias público-privadas podem alavancar recursos e expertise necessários para a implementação bem-sucedida dessas soluções. O Banco Mundial, por exemplo, possui um portfólio de infraestruturas verdes, e muitos desses projetos têm foco na gestão de riscos hídricos e de desastres.

Em suma, as Soluções Baseadas na Natureza oferecem métodos de ação integrados e inteligentes para a prevenção de desastres naturais, promovendo resiliência, sustentabilidade ambiental e benefícios socioeconômicos.

Sua adoção vai além de uma resposta imediata aos desafios atuais, atuando como um investimento para um futuro mais seguro para o planeta e seus habitantes.

Por Luciano Machado, CEO da MMF Projetos de Infraestrutura

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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