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A Era Sílvio Santos

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artigo de opinião

Artigo de Montserrat Martins

Sílvio Santos simboliza uma Era, além de ser o mais carismático apresentador de TV do país.

Vitorioso por si próprio, começando como vendedor na rua (camelô) e depois como radialista, subiu na vida com sua simpatia e bom humor, fazendo o Brasil parar nas tardes de domingo para assistir ao seu programa na TV.

Sua história é a top desse tempo no qual o sucesso vinha de uma longa carreira, que começava presencial (vendedor) e seguia como profissional de rádio e TV, em contraste com a Era da Internet em que estamos agora. Hoje, o que os jovens almejam é um sucesso imediato, gravando vídeos para os mais diversos canais e redes da internet, querem ser famosos e enriquecer no YouTube, Instagram ou Tik Tok, de modo instantâneo. Às vezes acontece, como no caso do simpático “Luva de Pedreiro”, mas é difícil se manter no topo, também, não só chegar lá, nessa era do sucesso instantâneo.

Sílvio, além do humor, tinha muita empatia, praticamente “adivinhava” o que os participantes do seu programa estavam sentindo, sabia captar como ninguém os sentimentos dos indivíduos, dos grupos, da plateia inteira e de uma multidão de espectadores. Seu papel era como prestar um “serviço” de entretenimento leve, com função agregadora para as famílias, mantendo as pessoas no sofá durante horas, para assistir o seu programa dos domingos.

Hoje isso é impensável, se as famílias estiverem reunidas no domingo cada um estará vendo seus próprios vídeos, nos seus celulares, de acordo com as preferências individuais de cada um. E a maioria dos vídeos assistidos na internet nada tem a ver com a leveza e o tom “agregador” do Sílvio Santos, pelo contrário, os mais assistidos costumam ser os mais polêmicos, feitos assim mesmo para chamarem a atenção das pessoas.

Estamos saindo da Era Sílvio Santos, que agregava e conquistava pela simpatia e leveza, para uma Era Pablo Marçal, do conflito, da agressividade, das promessas de facilidades, para formar seguidores não pelo entretenimento, mas pela expectativa criada por um “guru”, de rápida ascensão nas redes sociais, quando na verdade o maior beneficiário dos seus conselhos é o próprio coach, que já está ambicionando até o poder político, já virou candidato.

A Era Sílvio Santos é a de um gênio da comunicação que construiu um império baseado na simpatia, sem atacar ninguém e que chegou a cogitar da política, mas desistiu dela por entender que não seria seu verdadeiro papel na sociedade, num ato de sabedoria. Enriqueceu de modo harmônico, sem conflitos e, principalmente, sendo feliz fazendo o que gostava, de um modo leve e simpático.

Montserrat Martins é Psiquiatra.

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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